Um novo começo?!

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Há alguns meses atrás Bradley acreditava que quando fizesse 18 anos seria expulso do local onde vivia e então teria que arranjar um emprego qualquer para evitar dormir na rua e morrer de fome, ele se olhava no espelho todas as manhãs e se perguntava se acabaria como sua mãe, naquele lugar, drogando-se como se aquilo fosse a única coisa que o mantivesse vivo. Bradley, de forma alguma queria isso, ele via sua mãe todos os dias escondido dos tutores do abrigo para adolescentes que morava e ela sempre dizia a mesma coisa: "eu vou melhorar, filho, eu prometo".
Céus, ele queria acreditar naquilo, queria muito, mas...como acreditar em alguém que vivia descumprindo suas promessas e o magoando?

Quando viu aquele casal adentrar o abrigo naquela manhã de segunda-feira sentiu uma leve curiosidade o cutucar levemente, ninguém nunca visitava aquele lugar, ninguém nunca se interessava por adolescentes órfãos e problemáticos, geralmente iam à algum orfanato atrás de uma criança pequena ou recém-nascidos, por isso, aquela visita tomara atenção do acastanhado tão facilmente. Naquele dia Brad não falou muito quando o casal se juntou a ele e os demais adolescentes durante o café, apenas se manteve em silêncio, observando ambos enquanto todos ali falavam e falavam sem parar.
Pode sentir o olhar dos dois adultos sobre si ao que se levantou rapidamente da mesa atendendo o celular enquanto murmurava um "de novo não" e corria para fora dali, ele não sabe ao certo por quanto tempo ficou fora do abrigo ajudando sua mãe em uma de suas crises causadas pela heroína, mas quando voltou para o local e passou pela porta seus pés pararam repentinamente na recepção, o casal ainda se encontrava ali conversando animadamente com a diretora do abrigo, os três pares de olhos desviaram-se para o garoto e ele franziu o cenho confuso antes de dar um pequeno sorrisinho sabendo o quão irritada a senhora Morgan poderia estar por sua demora, porém, a frase que saiu dos lábios da mulher, não era o que o mesmo esperava ouvir.

— Que bom que chegou, William...Esses são Derek e Anne Simpson e eles querem adotar você.

Agora, três meses depois da visita do casal e do primeiro "não quero ser adotado, eu já tenho mãe" vindo de Brad, o mesmo se encontrava no banco traseiro do carro do senhor e da senhora Simpson olhando pela janela a cidade que tanto conhecia ficar mais e mais afastada de si. Deixar Royal Sutton Coldfield não era algo que estava nos planos de Brad, mas saber que a cidade em que moraria agora ficava a menos de três horas dali era de certa forma um alívio, já que não seria tão complicado e difícil para o mesmo visitar o lugar em que nasceu. Seus lábios se mantinham fechados enquanto Anne e Derek falavam animadamente sobre como o mesmo iria amar Hammersmith e que o matriculariam na escola da cidade assim que toda a documentação da adoção ficasse pronta.

Não o levem a mal, ele estava feliz por agora ter uma família estabilizada, acreditava que mudar um pouco o ambiente que vive pode sim o fazer bem, mas, sua insegurança sempre gritava que alguma coisa ruim aconteceria e ele acabaria sendo mandado de volta ao abrigo, aquilo dava uma grande dor de cabeça, mas ainda assim, Bradley sabia que não deveria se apegar a Anne e Derek.
Quando o carro por fim parou o garoto estranhou não avistar nenhuma casa, mas sim uma delegacia. Suas sobrancelhas se ergueram levemente e ele olhou para o casal que já tiravam o cinto nos bancos da frente, Derek notou a confusão do rapaz e apenas sorriu antes de se pronunciar.

— Oh, não se preocupe...Anne trabalha aqui, ela é xerife e precisa largar alguns documentos sobre um de seus casos, não vamos demorar.

O garoto apenas assentiu descendo do carro em seguida e olhando ao redor observando com atenção e curiosidade as pequenas lojas de conveniências espalhadas pela rua e cafeteria em frente à delegacia que parecia ser bastante popular vindo em conta que pessoas entravam e saiam dali a todo instante. Sentiu uma mão em seu ombro e virou-se rapidamente recebendo um sorriso de Anne que lhe encarava, sorriu minimamente de volta e em seguida desviou os olhos a Derek que também o observava, riu ainda sem entender o porquê dos dois o encararem e em seguida suas orbes cor de chocolate desviaram-se para algumas notas que a mulher lhe estendia.

the secrets of a murderOnde histórias criam vida. Descubra agora