The one that got away.

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Manu apareceu tarde da noite, voltando de seu último encontro com o cara que não queria saber nada com nada, ela estava cansada demais e seus olhos estavam fundos.

-Terminei com ele. Ela disse entrando no quarto e se jogando na minha enorme cama.

-Sem avisos prévios? Perguntei.

-Não aguentava mais, quero alguém que cuide de mim sabe? Que goste de estar comigo e ele não parecia assim, então terminei.

Ela deu de ombros, eu amava como minha amiga era forte e decidida, se algo lhe incomodava ela cortava o mal pela raiz, eu quando algo me incomoda fico remoendo até me machucar.

-Eu acho que meu namoro é falso. Falei tentando ser o mais natural possível, dando de ombros.

Manu me olhou com seus olhos negros de lince arregalados.

-Você lembrou de algo?  Ela perguntou e com aquilo soube que ela sabia mais do que me contava, muito mais.

-Talvez. Confessei.

-O que?

-Bom... rói a unha em nervoso. -É pessoal demais e não sei se posso dizer.

-Eu sou a sua melhor amiga Rafaella.

-Eu sei, mas não é sobre mim.

-Sobre Daniel? Ela perguntou.

-Sim...

-Amiga, você precisa me contar o que está acontecendo, preciso saber se você está se lembrando de algo.

-Okay. Respondi, mas me senti traindo a confiança dele. -Eu lembrei de uma conversa que tivemos uns tempos atrás lembro de vinho e me sentir bêbada...

-Já falei pra comprar vinho de pobre que não da tanta ressaca. Eu ri, ela vivia dizendo isso. -Prossiga

-Nesse dia ele confessou que estava apaixonado pela Flavina, não me lembro muito bem do que conversamos, mas lembro que ele disse gostar dela e senti como se ele só estivesse comigo por isso, senti como se nosso relacionamento não passasse de uma grande mentira.

Manu ficou calada, não olhava para mim e entendi que isso não era novidade alguma para ela e que sabia de algo.

Respirei fundo e olhei para ela fixando o olhar para que ela me olhasse de volta.

-Maria Manuela, o que você sabe?

-Eu?!

-Por favor, se você soubesse quão ruim é ficar sem saber as coisas sobre você mesma... Confessei com uma voz fina segurando o choro. -Andam dizendo por aí que eu sou lésbica, que eu estava em um relacionamento com Gizelly e Manu... eu acho que eles têm razão.

Ela me olhou e começou a rir, se rastejou na cama e com cuidado me abraçou ainda rindo.

-Qual a graça? Perguntei um pouco chateada, todos estavam rindo de mim ultimamente.

-Aí amiga é só que é a terceira vez que eu escuto você falar isso, terceira vez que você se assumi para mim.

-Eu já...

-Sim.

-Droga...

Então tudo o que eu esqueci é sobre minha sexualidade, é como Flavina disse, talvez Gizelly tenha terminado comigo e o trauma foi tão grande que acabei esquecendo tudo...

Ainda me abraçando Manu soltou um suspiro longo.

-Eu queria que você lembrasse as coisas logo para não se machucar mais.

New Year's Day. (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora