os traços do retorno

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Oi, meus amores!

Essa foi a primeira história que escrevi com o Monsta X em 2015 e decidi dar uma revisada por curiosidade, encontrando muitos pontos onde vi necessidade de mudança. Então reescrevi e trouxe ela para vocês! É com meu otp, então é bem fofinha e boiola!

Espero que vocês gostem!


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Mãos.

Eu sou muito bom com curvas também, controlo bem o lápis sobre o papel e a intensidade com que guio o grafite, mas sou realmente ótimo em desenhar mãos.

Minhas próprias mãos são algo de que me orgulho, de onde brota o meu maior talento, além de terem dedos compridos e ágeis que sempre recebem elogios por variados motivos.

Cercado por meus colegas inclinados à arte e para quem tal arte é como o oxigênio, eu me vejo rindo de alguns comentários em torno da tarefa da noite, todos nós carregando sob os braços uma caderneta sem pauta e diversos tipos de lápis. Estão todos ansiosos para descobrir quem servirá como modelo para a aula de desenho, o nu artístico atraindo mais curiosos do que a natureza morta com a qual trabalhamos algumas semanas atrás.

Alguns comentários soam à beira do ofensivo, mas me mantenho na minha com receio de não ser aceito. Ainda não sinto como se a arte tivesse penetrado em meu corpo e não compreendo algumas das atitudes das pessoas à minha volta, soltas com seus toques e fantasias escancaradas.

Isso é muito novo para mim, essa coisa de juventude atrelada à irresponsabilidade, à curtição do momento, à diversão através de extremos. Faz-se arte em todos os sentidos nesse lugar e eu ainda não me acostumei. "Minhyuk", eles dizem, "Minhyuk é inocente". E eu realmente posso me sentir assim sempre que sou arrastado pelas pinceladas mágicas dos devaneios, desejos e frustrações.

Na época do colégio eu era o toque de rebeldia na turma, mas meu nível é muito inferior se comparado aos de meus atuais colegas de curso. Aqui ainda me sinto um pouco deslocado, longe de amigos e ainda preso em memórias que sempre retornam quando rabisco qualquer coisa no papel.

Distraio-me da conversa e checo o celular, lendo as mensagens de Wonho, meu roommate, que certamente está se divertindo em algum clube com a namorada. São alguns emoticons e palavras escritas de forma errada e deduzo que talvez ele tenha bebido um pouco demais. Penso em ligar, mas o professor nos chama para dentro da sala e sigo o fluxo de passos, guardando o aparelho de volta ao bolso da blusa.

As cadeiras formam um círculo em volta de um lençol esticado no centro do local por sobre o piso laminado que imita madeira. Aquela é a melhor sala de toda a universidade com suas janelas amplas protegidas por brises e suas três portas espaçadas em torno de três metros uma da outra. Nós entramos pela do meio que logo é fechada e, enquanto tomamos nossos assentos, reparo que há folhas de papel sulfite coladas nas aberturas de vidro das portas, como que para dar mais privacidade ao que faremos. Das janelas, ninguém de fora consegue nos enxergar quando estamos no terceiro andar do prédio, então acho engraçado que eles tenham se importado em proteger-nos dos transeuntes do corredor.

Escolho uma cadeira no fundo, próximo de uma das laterais onde há mesas empilhadas e é um pouco mais escuro do que no restante da sala. Faço isso porque ainda estou receoso com a aula. Meu rosto pode enrubescer, posso começar a tremer, a suar. Meus colegas não vão se importar, penso, mas me sentiria muito constrangido. Eles não prestam mais atenção a mim, nem uns aos outros, então consigo me tranquilizar aos poucos.

O professor começa a explicar sobre a aula e num dado momento, entra pela porta um rapaz coberto por um roupão branco. Alguns dos olhares masculinos se mostram decepcionados, sabendo agora que não há mulher alguma em quem possam rabiscar com aqueles seus instrumentos de tinta leitosa e estão reclamando por terem de desenhar algo que os babacas veem todos os dias. Alguns dos olhares femininos, porém, agora se mostram dez vezes mais concentrados. Elas se apressam em abrir suas cadernetas e preparar seus apetrechos de desenho, fazendo um barulho proposital na esperteza de deixar o professor irritado a ponto de terminar logo sua explicação.

Trace | HyungHyukOnde histórias criam vida. Descubra agora