Capítulo Único

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O barulho inconfundível de armários batendo e conversas paralelas no corredor chegavam aos meus ouvidos, me deixando quase que com dor de cabeça.

Eu passava despercebida pelos alunos conforme andava até a sala de teatro, clube no qual eu era a líder há quase 3 anos.

Eu comandava tudo para que nada saísse fora do lugar. Estávamos trabalhando em mais uma peça e eu diria que para lidar com adolescentes barulhentos que não param quietos é preciso de mais do que pulso firme, por sorte, eu tinha o dom de poder controlá-los.

Afinal de contas, eu era um deles.

Depois de entrar no auditório, passei a organizar todos os roteiros para o primeiro ensaio geral da segunda peça musical já feita na escola.

Confesso que, em parte, escrevi essa peça pensando em irritar todas as pessoas que não gostam de musicais e acham estranho o fato de "as pessoas começarem a cantar do nada".

Eu sinceramente gostaria que todas essas pessoas viajassem e acabassem parando dentro de um filme musical onde eles cantam o que sentem e dançam sem perceberem. Seria, no mínimo, interessante.

Revisei o roteiro do piloto observando se estava tudo nos trilhos pra que o ensaio fosse, no mínimo, aceitável.

Porém, algo me fez parar e deixar meus óculos caírem levemente pelo meu nariz. Senti um olhar queimando em minhas costas, parecendo se alastrar em todo o meu corpo, me causando um leve arrepio. Viro sutilmente minha cabeça para encontrar um par de olhos castanhos me olhando fixamente.

Ele estava aqui.

Sua silhueta sentada na fileira da frente se destacava entre os tons escuros do auditório. Droga!

- Como vão as coisas, Verona!?

Filho da mãe!

Ele era o único que me chamava assim, todos me chamavam de Vanessa, mas ele decidiu que, por causa da minha descendência italiana, seria uma ótima ideia passar a me chamar de Verona.

Não era uma boa idéia a partir do momento que meu coração acelerava ao ouvi-lo me chamar assim.

- O que...O que faz aqui? - Balbuciei tentando ao máximo não gaguejar, apesar de deixar expressa a minha confusão.

Jungkook sorriu.

Maldito!

Se eu vou xingá-lo a cada vez que ele fizer um simples ato, como respirar? É óbvio que sim.

- Como assim? Eu vim pro ensaio.

- Jeon, você sabe perfeitamente que o ensaio é apenas depois do fim das aulas. - Suspirei.

- É mesmo? - Questiona zombeteiro. Eu sabia perfeitamente o que ele estava fazendo. - Desculpe, eu não consegui pensar em uma desculpa melhor pra vir te ver.

Que droga! Por que mesmo tendo total noção de suas cantadas baratas eu ainda me deixo levar por elas?

E talvez eu tenha duvidado ainda mais da minha sanidade quando o mesmo levantou e caminhou com as mãos no bolso em minha direção.

- Você não deveria estar aqui.

- Mas estou, não estou? - Sua voz doce e levemente rouca chega a mim em um tom mais alto, me fazendo perceber o quão próximos estávamos agora.

Exatamente como da última vez.

Tudo começou no inicio do ano, quando, por algum motivo, Jungkook passou a me estressar de uma forma desumana.

True Staging - JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora