Único; Serendipity

262 55 54
                                    


A casa noturna estava cheia em sua parte ao ar livre, nessa noite esperavam pela atração principal que era Park Jimin, um cantor independente que fazia shows pela cidade. Possuía um público considerável, seus fãs faziam questão de sempre o ver ao vivo. Os dias preferidos de Jimin para se apresentar eram os de lua cheia. Sentia uma energia emanando dela que fazia seus shows serem melhores. Vários casais estavam sentados no gramado esperando pela presença do cantor. Jimin chega e é recebido por aplausos e assobios.

“Obrigado a todos que vieram essa noite, vocês moram aqui dentro.” Jimin faz um coração com as mãos em cima do peito para sinalizar o quanto ama que todos estejam ali assistindo-o.

“A música de hoje é dedicada a um corpo celeste que acompanha nossas noites, tirando-nos da solidão.” A banda atrás de si, começa a tocar e Jimin entoa com sua voz magnífica a canção que escreveu. Parecia apenas ilusão, um jogo de luzes, mas a luz sobre Jimin brilhava mais intensamente que o normal, como um ritual mágico, parecia que a própria Lua o escutava do céu, intocável, há milhares de anos-luz, mas de alguma forma atenta ao mundo humano, como uma guardiã. E Jimin a alcançava com o poder de seu canto.

O show termina e aplausos ressoam. Jimin agradece a todos e se prepara para ir embora. Apenas uma figura da plateia fica, admirando o semblante de Jimin. O cantor o nota, possuía cabelos prateados e olhos cinzas.

“O show acabou, daqui a pouco irão fechar.” Jimin desce do palco e pega seu casaco junto da mala de seu violão.

“Eu o ouvi, lá de cima, a sua música, poderia cantar novamente?” O estranho pergunta, seus olhos possuíam um brilho próprio, Jimin ficou curioso, pois, pareciam estrelas cintilando que juntas formavam uma galáxia, ao mesmo tempo, estava confuso com o pedido.

“Desculpe, mas...” Jimin não conseguia raciocinar, aquele desconhecido viera do céu? Como podia ter escutado cantar? Seu subconsciente lhe trazia a resposta, mas a descartou antes de pensar propriamente nela por considerar impossível.

“Você disse que dedicou sua música a um corpo que acompanha as noites de todos. Mas vi que ninguém o acompanha nas suas noites. Me daria esta honra?” Ele estendeu sua mão, Jimin a aceitou. Eles caminharam para fora da casa noturna. O céu era preenchido com mais planetas e galáxias que só podiam ser visto bem longe da área urbana.

“Quem é você?” Jimin perguntou admirado pela beleza do céu.
“Não é óbvio?” O prateado sorriu em tom de brincadeira esperando que o humano percebesse. Ele apontou para o céu onde a lua parecia maior, porém, apenas um lado estava luminoso.

“Eu sou uma das três faces da Lua. Por muito tempo escutei você cantando e agora quero retribuir.”
Ele foi para frente do cantor e se curvou, uma pista de luzes brancas surgiu atrás dele. O de cabelos brancos pegou a mão de Jimin e o levou pela ponte, a cidade ia desaparecendo quando subiam até chegarem em um porto fora da realidade em que estavam. Jimin olhou para trás vendo o portal sumir, atrás de si tinha apenas um grande cais de extensão infinita, eles estavam na ponta e um barco de madeira os aguardava. O ser celeste entrou primeiro e depois ajudou Jimin a entrar. Sentaram lado a lado e Jimin tirou o violão que carregava, massageando seus ombros. O barco começou a andar e Jimin olhou para os lados procurando por quem estava remando mas, movia-se sozinho, assustando-o, o outra ao seu lado soltou um leve sorriso.

“Posso fazer uma pergunta?” O estranho faz um gesto em afirmativa.

“Qual o seu nome?”
Jimin olha para cima e nota mais galáxias que pudesse contar, mais estrelas e mais planetas.

“Tenho centenas de nomes.” O estranho respondeu.

“Qual o que mais gosta de ser chamado?” O estranho refletiu por um momento antes de responder.

“Namjoon.” Ele sorriu revelando covinhas e Jimin tocou em uma.

“Prazer, Namjoon, eu sou Jimin.” Os dois sorriram um para outro, Jimin via o céu estrelado nos olhos de Namjoon, enquanto ele via um pequeno universo nos olhos castanhos do cantor. Jimin olhou para fora do barco logo abaixo e viu o mesmo céu achando que estavam flutuando, colocou a sua mão e sentiu a água molhando-a.

“Onde estamos? Em um lago cósmico?” Jimin riu para si, também arrancando risadas do outro.

“É maior que um lago.” Jimin viu criaturas de baixo da água, brilhavam levando luz a superfície.

“Então é um oceano cósmico?” Jimin viu uma outra luz crescendo perto de onde estavam.

“Pode-se colocar assim.” Namjoon foi para mais perto do cantor e apontou para o ponto que brilhava na superfície. A frente dos dois uma grande baleia azul saltou para o céu.

“Ela era solitária, vagava a procura de outras e acredito que achou.” Jimin ainda conseguia ouvir um pouco do canto do animal até desaparecer por completo.

“Para aonde iremos agora?” O cantor olhou para a infinidade que o cercava.

“Vamos deixar para o acaso. Mas, antes, que tal uma música?” O ser cósmico estava a postos, animado. O músico pegou seu violão, mas, antes pensou em qual música tocar, vinham várias em sua mente, porém, tinha certeza de que havia uma para essa ocasião. Tocou Serendipity, como para dizer que o Universo tinha organizado aquele encontro.

Então, os dois navegaram pela vastidão do cosmos, explorando cada maravilha que os aguardava. Viram o viver e morrer das estrelas, o fim de uma galáxia e o começo da outra, o ciclo eterno entre uma fagulha o nascimento e o fim de uma existência.

Selene 6.23 | minjoonOnde histórias criam vida. Descubra agora