Tudo iria de acordo com o planejado.
=='Os números só crescem e não tem previsão para parar.'==. Ouvia de lugar nenhum algo ao qual não poderia ser identificado pela mente simples.
Tudo estava no palco, e tudo que restará seria vossa peça começar.
Sim... Tudo estava bem. Exceto.
=='As mortes parecem estarem sendo controladas até certo ponto, é impossível de dizer quando uma vacina irá chegar, até então, fiquem em casa.'==. Sim... Aquele estranho sentimento dentro de seu ser.
Algo estava errado, mas nada poderia estar errado, algo faltava, mas nada poderia faltar.
Aquilo era tudo, perfeito e poderoso, não poderia algo ter dado errado.
Aquilo queria dar um fim em tal perspectiva. Mas por tudo que tentava, algo ainda o incomodava.
[Era tudo tão simples antes.] - Uma voz indescritível soava sem boca de origem e sem ar de suporte.
[Tudo tão... Preto e branco...] - Em pensamento profundo uma forma que gradativamente se equiparava a algo vivo se lembrou.
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"Pois não temam! Não há raio que os machuque ou pedra que os atinja!.." - Ele se lembrava dessa época como ontem, quando tudo era fácil de se explicar...
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"Duas ou três luas, que façam como querem, eu vôs criei, eu vôs destruirei..." - Quando ele sempre era o mocinho, o cara bom, o herói da história...
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"E andem pelo caminho maldito sem medo! Minha luz os guiará pelos cantos mais escuros!" - Se lembrará de seus ensinamentos, e como sempre ensinou... Como nunca falhará...
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"Por pior que seja tua vida, por mais amaldiçoado que sejam teus pensamentos, nunca deverias de ter feito isto." - Nunca abrirá sua boca sem uma resposta, sempre saindo por primeiro com a razão...
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"Não deverias de ter feito isso filho meu... Estás banido deste plano por toda a eternidade á vagar pelo ruína..." - Nunca que lhe tinham desobedecido, ainda pelo que mais passou tempo a criar... Nunca passou por tal situação, foi lá?
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"Por que fazes isso á mim? Teu pai, teu criador, me digas?" - Sim... Foi ali... Ali que ele começou sua pequena jornada pelas suas memórias... Naquele momento ao qual ele perceberá.
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"Maldito seja... MALDITO SEJA!" - A primeira vez que ele levantou a voz... Invés de se sentir poderoso e perfeito como sempre... Ele se sentiu vazio... Sem razão.
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Um suspiro ecoava de um rosto formado, um rosto de vidro ao qual dois orbes de luz se escondiam dentro, seu corpo formado pelo mesmo material que se dividia em pequenas formações de cristais diferentes pelo seu corpo, ametistas, safiras e até mesmo diamantes entalhados em pequenas partes de tal vidro formado.
Ele que ao qual o mesmo não possuía meios de se identificar como seus filhos, apenas gostava de se proclamar por tal pronome. Passando suas mãos transparentes pelo seu cabelo feito do que parecia ser um material brilhante e ao mesmo tempo transparente assim como seu corpo pensava sobre aquilo.
Olhando sua mão... Há quanto tempo ele não via seu corpo? Há quanto que ele se esqueceu de entender?
Ele estava envelhecendo, mas não estava crescendo, desilusões ainda tomavam sua mente.
[Eu ainda sou um grande pirralho não sou?] - Mesmo sendo eterno ele se esquecerá, de algo que seus próprios filhos viviam a comentar.
= Não há perfeição =
Tal frase, tão pequena, tão simples, tão fácil de entender... Mas mesmo assim tão poderosa.
Por que? Porque ele sempre pensou em ser perfeito? Quando perfeição não o levava a mais nada?
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"Por que ages assim pai?! Por que tudo tem de ser como tu queres?! Eles só querem serem livres não entendes?!" - Uma figura se ajoelhava no chão em lágrimas, chorando não por tristeza, não por amargura ou ressentimento... Mas chorando por aqueles que não podiam. Chorando pela situação de seres que não sabiam onde se encontravam. Que não sabiam por que tinham vindo, e por que iriam.
"Tu me desafias? Sabes que sei tudo, sabes que posso tudo, e mesmo assim me desafias?" - Ele perguntava a tal figura que levantava sua cabeça sutilmente, uma moça, de cabelos loiros e rosto esbelto com asas estava à sua frente. Ela vestia um vestido lindo de tecido branco com linhas de ouro que apareciam em certas partes de sua roupa.
"Me diga! Me diga o porque? O porque os tortura todo dia sem parar!" - Ela perguntava ainda em lágrimas... Mas ele apenas a respondeu à enviando ao mundo abaixo.
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[Por que agi de maneira tão rude com minha filha?] - Ele se perguntava.
[Por que nunca a dei a chance de explicar?].
[Por que eu me tornei assim?] - E suas memórias o levaram mais uma vez ao passado, de quando ele era idolatrado pelo seu poder, e sua majestade.
E ele lembrava de gostar de tudo, de querer mais... E mais... E mais...
Sem parar ele criava e destruía, criava e destruía, como seu pequeno jogo...
O quão doente ele havia se tornado?
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[Quem sabe... Não há mais perdão à mim... Quem sabe eu me tornei o que tanto dizia ser contra... Quem sabe eu nunca fui qualificado para estar aqui.] - Ele terminava seu pensamento olhando para seu pequeno "Script", que ao qual ler novamente todas as quarenta mil novecentos e trinta e sete mil páginas com seu pequeno selo no final, ele suspirava novamente.
[Talvez chega uma hora na vida, eterna ou mortal, de uma mudança...] - Ele apenas estalou os dedos... Mas nada parecia ocorrer, e com uma pequena pena e tinta, escreveu no começo de seu pequeno script.
= Cancelado =
Ele se levantará de seu pequeno trono ao qual se achava desmerecido neste momento e deu um passo.
Dois passos.
Três passos.
E então ficou de frente a um espelho, um espelho que mostrava um mundo verde e azul, um mundo com pessoas ricas e pobres, com rostos felizes e tristes, com risos e melancolia, com pessoas que chegavam aos céus com grandezas, e outras que se arrastavam ao chão que nem o barro que eles pisavam.
[Quem sabe... Talvez seja a hora de aprender com quem eu sempre pensei ensinar.] - E então.
Ele deu um quarto e último passo.
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Fim do One-Shot.