O Finalmente - O Casamento - Parte 6

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Naquele momento, eu sabia que eu estava chegando perto de uma torre de cartas extremamente frágil.

Marlee olhava para o nada com uma perna dobrada em frente ao seu corpo. Sua pele branca parecia estar mais pálida ainda e as mexas loiras caiam por seus ombros enquanto ela respirava compassadamente. Não parecia nervosa, e sim, estática, e eu achava que isso era bem pior.

Com cuidado, puxei uma cadeira em frente a ela e rodeei suas mãos nas minhas. Lá fora, os pingos finos da chuva faziam uma lenta dança na janela do chalé.

- Estou aqui. - Falei olhando para ela que ainda mirava em algum ponto cego no chão - Pode falar comigo.

Marlee ainda não exprimia reação. Era como se estivesse desligada. Comecei a ficar extremamente nervosa e desconfortável mas fiz o máximo para não transparecer isso. Me lembrei de um episódio de Friends, onde Chandler havia fugido algumas horas antes de seu casamento e Joey e Ross conseguiram resgatar ele. Imaginei que Marlee estivesse tendo a mesma reação: uma tensão pré-cerimônia.

- Não sei se posso fazer isso. - Disse ela com a voz indicativamente baixa e rouca. Continuei a massagear seus dedos com cuidado. - Não sei se estou pronta.

De fato, era uma tensão pré-cerimônia.

Pense America, pense.

Sentia cada vez mais que estava em território perigoso e arriscado mas meu instinto me bradava em temores para que eu fizesse algo imediatamente. Falar que iria ficar tudo bem era inútil e sem sentido naquele momento, Marlee estava em crise.

- Por quê você acha isso?

Não sei se foi a melhor coisa a ser perguntada, mas ao menos, Marlee respirou fundo e fechou os olhos. Eu tinha conseguido um retorno.

- Eu sou... Muito eu! - Ela parecia inconformada - Quer dizer, eu, casada? - Balançou a cabeça - É uma responsabilidade enorme, é uma vida, uma pessoa. Eu não acho que seja boa o suficiente pra isso.

Continuei massageando suas mãos sentindo um bolo crescer em minha garganta. O que eu iria dizer? Como eu iria acalmá-la? Como eu iria me acalmar para acalmá-la?

- Eu não sou boa o suficiente para isso, America. Não sou. Eu vou estragar tudo, eu sempre estrago - Uma voz trêmula se instaurou em Marlee, assim como uma respiração pesada - Eu não pensei direito, casamento não é só paixão... eu não acho que posso lidar com isso.

Meu corpo também estava em choque por não ter previsto aquela situação em nenhum momento. Apesar de achar normal um certo desespero em alguém que está prestes a se casar, eu não fazia a menor ideia de como acalmar os nervos. Quero dizer... não podia chamar ninguém para ajudar e não confiava nas minhas capacidades "psicológicas" de resolver o problema. E se falasse alguma besteira e piorasse a situação?

Acabei respirando fundo também, ainda atenta a Marlee. A America melindrosa/pinscher/ covarde clamava para correr e chamar alguém para me acudir nesse momento; mas ao mesmo tempo, uma faísca de incentivo (talvez a Rotweiller que exista em mim), juntamente com o amor que sentia por Marlee me fizeram ficar parada ali e começar a dizer:

- Marlee - A chamei mas ela não olhava para mim - Marlee! - Acabei puxando sua mão que estava agarrada na minha, o que chamou atenção dos olhos inseguros de Tames - Preste atenção, não é necessário um carimbo "100% aprovado e perfeito para casar". - Marlee quis desviar mas a puxei de novo para a conversa - É preciso só uma coisa: coragem. - Afirmei assentindo com a cabeça - Coragem para amar a outra pessoa. Só isso. Mas esse "só" carrega tudo. Vão haver dias que tudo que você vai querer é dar um abraço no Carter e ficar o resto do dia daquele jeito. E outros, que você vai querer matá-lo - Marlee fechou os olhos reprimindo um sorriso. - Mas ainda sim... vai continuar amando ele, até nesses dias. A paixão pode acabar... o amor não. Mas para amar, é preciso coragem e adivinha só? você tem!

Sr. Maxon SchreaveOnde histórias criam vida. Descubra agora