Capítulo Único

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Jackson bateu as costas de Bambam com certa violência na parede, segurando-o com força pela camisa florida em tons escuros.

- Você não tem nenhum amor à vida, não é, Bamie?

O mais novo apenas sorriu e teve o corpo afastado da parede do banheiro da boate, apenas para tê-lo prensado ali novamente. O som estava alto, absurdamente alto e mesmo as paredes daquela cabine ou do banheiro em si, não abafavam o som de Aoki tocando altíssimo na pista principal.

- Agora eu tenho a sua atenção? – ele perguntou, encarando o chinês naquela luz neon.

Jackson fechou os olhos com força, respirando fundo. Ele tinha ido até aquele lugar para relaxar um pouco dos estressantes exames de final de ano na faculdade, e tinha levado Bambam consigo. Ele sempre ia consigo. Ele estava em todos os lugares, a todos os momentos, e era um inferno. Um inferno não poder tocá-lo como Jackson queria, como ele desejava tanto.

Kunpimook era uma criança aos olhos do mais velho, mesmo que a diferença de idade fosse de apenas três anos, mas ele se sentia responsável por ele de alguma forma, desde quando impediu que um trote pesadíssimo fosse dado a ele quando ingressou na faculdade. Desde então, Bamie era seu garoto calouro um ano a menos que ele, e com uma felicidade genuína que Jackson chegava a desconhecer, ele atendia a todos os pedidos, mesmo que fosse apenas pegar água. E muitas das vezes, o chinês sequer pedia para ele.

Em pouquíssimo tempo eles se tornaram grandes amigos, depois melhores amigos, depois quase irmãos, até que chegou o momento que Jackson se viu apaixonado pelo rapaz e sem ter a mínima ideia do que fazer com isso. O jovem era de fácil convivência e todos que ele conhecia tinham segundas intenções com ele, talvez pelas roupas sempre muito bem alinhadas, ou o cabelo bem cuidado que vivia sendo trocado de cor, ou as pernas que o destacavam em qualquer lugar, ou até mesmo o rosto muito bonito e os lábios avermelhados e cheinhos. É preciso dizer que isso deixava Jackson pulando alto de tanto ciúmes? Sim, deixava-o possesso.

- Tem, tem minha total atenção. – ele disse raivoso, gritado para que o outro ouvisse muito bem a raiva que tinha passado. – Aqui, e aqui também. – ele segurou a mão do rapaz e levou até a altura do seu queixo, e depois abaixou-a bruscamente e o fez segurar por alguns instantes a sua ereção que lhe apertava na calça de couro malditamente justa. – QUE MERDA VOCÊ ESTAVA PENSANDO DANÇANDO DAQUELE JEITO?

- Eu te chamei e você não quis ir.

- E só por isso...

- "Só" – o mais novo riu. – "Só" porque você me ignora, "só" porque eu quero sua atenção pra mim, "só" porque eu quero você.

- Você não sabe o que está dizendo.

Era o que o moreno queria acreditar, que o platinado não tinha ideia do que estava falando porque iria lhe doer menos. Menos do que saber que perdeu tempo e não agarrou aquele rapaz que lhe era a própria tentação em cada maldito centímetro de corpo. E, céus, que corpo.

- Eu sei exatamente o que estou dizendo. - ele retornou, ainda sorrindo de lado. - Você ficou duro ao me ver dançando? Precisa ver o estado em que eu fiquei ao ver que você estava prestando atenção em mim.

Jackson tentou de todas as formas que pôde não deixar um gemido escapar com aquela frase, não deixar que seu corpo lhe entregasse o quanto ele queria o mais novo, mas o tailandês parecia não precisar de palavras. Depois de ter se habituado de vez à faculdade e feito amizades e "amizades", os comentários que corriam deixavam Jackson ainda mais interessado no mais novo; aos poucos, as pessoas que tinham a sorte – que para Jackson era sorte – de visitar seu quarto à noite faziam o mesmo comentário: nem de longe Bambam era o garotinho de sorriso inocente e olhar dócil que costumava mostrar. Ninguém tinha ideia do que ele podia fazer.

4 Reasons | JackbamOnde histórias criam vida. Descubra agora