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A luz da lua iluminava a noite, o estacionamento deserto e frio, vários carros mas nenhuma alma viva por ali, ótima oportunidade para derramar sangue. Andando graciosamente mas, com um olhar mortal, o jeito no andar era diferente, como uma assassina.

Com o capuz preto e a névoa da noite, quem a encontrasse desejaria não ter nascido um dia. Caminhando até um carro luxuoso, seus passos ecoavam pelo estacionamento, a morte tinha chegado e era melhor não tentar escapar de forma alguma, apenas aceitar, sem luta, sem persistência, apenas aceitar.

O carro estava apenas com as luzes acesas e dentro era possível ver um casal, mas um casal que se encontra em um carro, no auge da noite e em um lugar deserto, não era um casal normal. E isso era nítido. Chegando cada vez mais perto de seu destino, a morte sacou duas adagas, uma em cada mão, por incrível que pareça as adagas estavam limpas, como se fossem polidas antes de serem usadas, a cada garganta, a cada coração que essas adagas perfuraram, era de se admirar que estavam limpas.

Em menos de dois minutos o vidro do carro se quebrou, a adaga atravessou o carro, quebrando o outro vidro e caindo no chão do estacionamento, a mulher dentro do carro soltou um grito com o impacto e o homem sacou a arma, pronto pra atirar na figura negra que se encontrava olhando para eles do lado de fora.

Em questão de segundos, a figura sacou a sua arma e ninguém entendeu a rapidez daquele movimento, antes que o homem pudesse atirar, sentiu o gelado em sua cabeça e sabia que tinha perdido, ele ainda tentou levantar a mão bem devagar mas a figura estava ciente do movimento.

— Eu não faria isso se fosse você.- A figura falou transbordando uma calma absurda, como se soubesse cada segundo do que fosse acontecer ali naquela noite.

— O que você quer e quem é você?- O homem perguntou ainda com os olhos fixos no volante do carro.

— Típico. Sempre as mesmas perguntas.- A calma na voz era sombria.- Aproveita a arma na mão e atira nela.

— O que?- A mulher gritou e bastou um pequeno movimento pra outra adaga voar na direção dela e fincar em seu braço.

— Se for pra fazer escândalo, faça quando tiver um motivo coerente.- A mulher olhou horrorizada pra figura preta, da qual não dava pra ver o rosto por baixo do capuz.- E acredito que você vá fazer o que mandei se não quiser que as coisas fiquem piores, atira nela. Pra matar ou você morre.

A mulher chorava em tamanho desespero e o cara não sabia o que fazer, com a mesma calma que falou tudo aquilo a figura preta simplesmente atirou na mulher, bem na cabeça.

— O que... o que você fez?- O homem olhava pro sangue que escorria, sua mão era aquecida por uma luva de couro preta.- O que eu fiz?

— Você fez o que deveria ter feito quando eu mandei. E se não faz por bem, eu obrigo você a fazer!- A figura soltou a mão do homem.

— E agora? O que você quer que eu faça?- Falou ainda se virando pra olhar pra figura, ela viu o terror nos olhos dele e sorriu levemente.

— Eu quero que encontre ela no inferno.- E mais um corpo caiu dentro do carro, guardando as armas e olhando ao redor, a figura preta abriu a porta e cortou a cabeça dos dois corpos, colocando elas dentro de uma bolsa preta que carregava consigo.

A gasolina foi derramada no carro e logo o isqueiro já estava em mãos, jogando ele lá dentro, a figura se virou e saiu andando com a bolsa no braço, a explosão ocorreu e na noite só se via a névoa, o fogo e o começo de um caos.

Levando as mãos ao capuz preto, ele foi jogado para trás, revelando uma mulher, com os cabelos morenos amarrados em uma trança e um sorriso branco terrível.

💫

— Ela vai chegar em estantes, nunca vacilou e não vai ser agora que vai fazer isso.- O homem andava de um lado pro outro, preocupado e ansioso.

— Eu já disse que sempre volto.- A mulher jogou a bolsa preta em cima da mesa de vidro e se jogou em uma cadeira, pegando um cigarro e acendendo o mesmo.

— Você matou a mulher, ela era a mensageira. Você fez o que quis novamente, sem nem ligar pras consequências.

— O corpo dela é a mensagem, acredite, vão entender.- Falou tranquila e soltando a fumaça pela boca.- E eu nunca liguei pras consequências, geralmente não são tão burros de me enfrentar ou então eu lido com as consequências na mesma facilidade que eu pego meu pagamento da sua carteira.

O cara passou a mão no bolso e não sentiu a carteira, a mulher que o olhava começou a rir, uma risada debochada, enquanto soltava a fumaça do cigarro, ela levantou a mão e mostrou a carteira para ele.

— Você é incoerente, quase te viram no estacionamento, pessoas passaram minutos depois de você sair.- Ele gritou.- Eu ainda vou fuder você, não sei o que veem em você.

— Não me viram, o trabalho está feito. Eles veem em mim tudo o que falta em você, não é atoa que não foi você o escolhido pra fazer o trabalho e sabe que não é escolhido á muito tempo.- A mulher se levantou e tirou as notas de dentro da carteira e a jogou de volta pro homem.- E sobre me fuder, que seja na minha cama, a porta nunca está trancada, ou pode ser na sua também, bom, você é quem sabe.- E por fim, ela se virou e saiu.

A Herdeira da Máfia.  (Reescrevendo) Onde histórias criam vida. Descubra agora