Graças da Lua

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Após o inesperado encontro com Apolo, Órion deixou o dragão e o castelo para trás e pegou o caminho de volta ao ponto de encontro. Durante os dias que se seguiram ele apenas conseguiu pensar no quanto a morte passara perto; em como estaria queimado no chão àquela hora, não fosse a intervenção do deus sol. Em algumas noites chegou a perder o sono. Suas mãos tremiam e sua mente estava inquieta. Nunca sentira a morte tão de perto quanto naquele dia.

Finalmente chegou ao ponto de encontro. A noite estava escura e nebulosa; o único som que escutava era o restolhar das folhas e o balançar dos troncos das árvores.

- Nychta! - Órion chamou - Venha cá, amigo! - não demorou muito tempo para que o lobo aparecesse, caminhando graciosa e silenciosamente através da névoa. Órion se aproximou do lobo gigante e o abraçou - Senti sua falta, amigo.

Sentir o calor que emanava do corpo de Nychta; seu pelo grande e macio levou embora a ansiedade e o medo de Órion. Foi como se ele tomasse para si a força que existia no lobo gigante.

- Ártemis - Órion sussurrou junto a Nychta, já imaginando como seria bom ver novamente o rosto da deusa da lua.

Mal o nome da deus fora pronunciado, a luz da lua que atravessava as copas das árvores intensificou-se, iluminando a floresta como se fosse dia.
Ofuscado pela força da luz, Orion fechou os olhos e virou o rosto. Quando voltou a abrir os olhos, lá estava a deusa da Lua; imaculada; perfeita sob a luz de seu próprio astro.
- Devo dizer que é uma grande surpresa, e ainda maior satisfação em ver você - a deusa falou ao mortal. Como foi seu encontro com a besta?

Órion estava pronto para gabar-se de seus talentos de caçador, mas não pôde. Desde seu encontro com o Leão de Lianor, não estava mais seguro de si, e agora, sentindo profundamente o medo que o dragão infligiu em seu coração, não tinha mais como manter a pose. Órion ajoelhou-se diante da deusa.

- Minha deusa, eu sinto muito, mas fui completamente derrotado pela criatura.

- Mas você trouxe os itens que pedi.

- Consegui sair do castelo com as joias, mas o dragão me alcançou. Eu seria agora um monte de cinzas, não fosse a aparição repentina de Apolo.

- Apolo? Meu irmão? Por que ele faria isso?

- Ele queria respostas de mim; sobre nossas apostas.  Ártemis, eu fui completamente derrotado. Não consegui derrotar sozinho o Leão de Lianor, e estaria morto não fosse a intervenção divina. Não sou o caçador que pensei que era.

Órion esperava que Ártemis fizesse um sermão e fizesse ele se sentir ainda pior. Esperava que, talvez, ela caçoasse dele, mas a resposta dela foi totalmente contrária.

- Agora, mais do que em seus êxitos, estou orgulhosa de você, caçador. Não precisa se rebaixar. Não houve um único homem capaz de chegar perto de matar o Leão de Lianor, ou seu irmão. E muitos menos teriam a coragem de ficar cara a cara com um dragão. Não é possível dizer que não és o maior caçador da atualidade apenas por esses fracassos. Agora venha, entregue-me as joias.

Órion levantou-se e foi até a deusa e entregou-lhe a tiara e os braceletes. Ártemis sorriu e colocou a tiara sobre a cabeça, feliz com a beleza da joia, que parecia brilhar com a luz que emanava da deusa. Em seguia, colocou os braceletes sob a luz da lua, e seu brilho foi ainda mais intenso do que o brilho da tiara.

- Essa é a sua recompensa - disse Ártemis, entregando novamente os braceletes à Órion - Por sua coragem, dedicação, e principalmente por sua verdade. Use esses braceletes, e sempre que eles forem abençoados por minha luz, sua força será duas vezes maior.

Órion ficou admirado pelo presente, e colocou os braceletes, ansioso por testar o poder contido nelas.

- Existe uma forma de você saber se sou realmente o melhor caçador - Órion disse.

Mitologia Grega - Ártemis e Órion Onde histórias criam vida. Descubra agora