A Lenda dos Miraculous

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Marinette

Segui o tal de Louis por todo o lugar, evitando visivelmente o hall. Quando chegamos ao andar dos quartos, Claire se aproximou, com a testa franzida, e disse:

— Louis? Aconteceu alguma coisa com o rei?

— Ah, não, ele está bem. Os sádicos estão com ele no hall, então fiquei encarregado de manter a visita com vida.

Claire riu um pouco e os olhos de Louis se iluminaram. Como um reflexo, indaguei aos dois:

— Vocês são um casal?

Ambos ficaram mais vermelhos que um tomate maduro e Louis respondeu:

— Somos irmãos, não podemos ser um casal.

Mágoa manchou os olhares dos dois, mesmo quando Claire corrigiu:

— Meio irmãos, na verdade. Mas ainda assim não seria aceito.

Realmente, eles não se pareciam em nada, a não ser talvez os olhos, ambos com tons de azul, mas enquanto os de Claire são azuis com o núcleo dourado, os de Louis são uma mistura de azul e verde mar. Provavelmente têm algum parente em comum. Realmente seria mal visto, seja em qualquer cultura.

— Eu tenho algumas dúvidas — comecei — a respeito deste lugar. E de vocês, claro — acrescentei rapidamente.

— Bem, estou a sua disposição o dia inteiro — respondeu Louis. — Quer nos acompanhar? — perguntou a Claire.

— Já que insiste — ela deu um sorriso e segurou no braço direito de Louis, enquanto seguíamos para a sala comum do andar.

Percorremos calmamente pelo andar até a sala de janelas enormes que havia visto com Adrien ontem. Paramos e nos sentamos nas poltronas dispostas no lugar. A estampa floral da mobília combinava perfeitamente com o tom claro de rosa nas paredes da sala. Claramente Lady Emily não se encarregou da decoração deste cômodo.

Louis e Claire, apesar de tomarem assentos distantes, mantinham o contato visual quase constante, com uma espécie de comunicação secreta apenas com o olhar. Era realmente uma pena que não pudessem ficar juntos.

Notando minha atenção nos dois, Louis se impertigou e, desviando o olhar da meia-irmã, perguntou-me:

— E então, senhorita Bridgette, quais são suas dúvidas?

— Este lugar — comecei — é visível para qualquer um e simplesmente se pode entrar, ou tem algum tipo de defesa mágica como nos filmes?

Ambos pareciam levemente surpresos e, certamente, estavam contendo a risada, mas Claire me respondeu:

— Esse tipo de coisa atrai atenções indesejadas, mas queremos apenas viver em paz. Os humanos não conseguem ver apenas nossos atributos visivelmente feéricos, porque isso geraria muito preconceito com a cultura local. De resto, a entrada é completamente livre. Inclusive de órgãos de ação mundial.

Não posso dizer que faz muito sentido porque, até semana passada, eu não tinha a mínima ideia de que existiam feéricos. Mas o que Claire disse parecia tão condizente com a realidade quanto possível.

— Próxima pergunta! — ela disse, animada com a descontração de suas tarefas costumeiras.

— Aqui tem alguma história obscura, ou uma lenda urbana?

Ambos se entreolharam, com sorrisos travessos nos rostos, e dessa vez Louis me respondeu:

— Dizem que o Palácio Real é antigo e mantinha uma civilização inteira congelada até que seu governante por direito assumisse o trono. Anos atrás o pai do atual rei encontrou o hall de entrada do castelo e algumas partes descongelaram, mas nada tão relevante a ponto dele ser coroado. Ele decidiu, então, juntar uma fortuna de forma honrosa e viver de forma pacífica e pouco custosa, para que fosse digno de reinar, mas a irmã mais velha de Lady Emily, sua cunhada, fez a cabeça da irmã para que ela conseguisse um filho do marido e este seria o verdadeiro rei deste lugar. Quando ela finalmente conseguiu, descobriu que seu filho tinha poderes especiais, herdados do pai, que os mantinha em segredo. No aniversário de 8 anos do filho deles, ela resolveu que era hora de conquistar o trono e trouxe Adrien até aqui. Ele era tão poderoso que quando entrou efetivamente no Palácio, tudo já havia sido descongelado. Mas o marido de Lady Emily sabia das intenções da esposa e os seguiu até aqui. Ele não tinha ideia de que a própria Emily possuía poderes especiais, e a lenda diz que ela lutou bravamente para que Adrien ficasse a salvo e o baniu para uma ilha distante e deserta para que seu filho pudesse reinar em paz. Porém, com medo de que os poderes de Adrien pudessem gerar uma catástrofe para a população local, ela tentou catalisar parte dele, sem sucesso. Então contatou um velho joalheiro que lhe fez 12 joias mágicas, capazes de aprisionar poder. Ela os chamou de miraculous e eles tornaram-se o símbolo real. A cada 5 anos, em uma celebração interna, os miraculous são mostrados à corte para que saibam que os poderes do rei ainda permanecem fortes o suficiente para que estejamos aquecidos e todas as joias continuem forjadas.

Quando ele terminou, eu estava boquiaberta. Ok. Talvez eu tivesse julgado mal a parte de ele ser novo demais para governar, levando em conta que passou por isso tudo.

— E a irmã de Lady Emily?

— Tornou-se condessa após a coroação do sobrinho. Ela vem hoje para o castelo e planeja ficar até o fim das festividades.

— Festividades? Essas, das joias?

— Não, não. É apenas uma comemoração de início de estação. A Cerimônia dos Miraculous, como chamamos, ocorre nos aniversários do rei. Antes eram mais frequentes, mas Lady Emily achava perigoso mostrar tanto poder e diminuiu as cerimônias.

— Quem são os sádicos? — eu perguntei, relembrando algo que Louis havia dito sobre meus pais.

— Ah, não liga pra esse péssimo costume do Louis. A guarda real não gosta muito dos duques de Dupain. — respondeu Claire.

— Por que não?

— Porque são sádicos — disse Louis, simplesmente, ganhando um peteleco por parte de Claire — Ei! É a verdade. Aqueles dois são incrivelmente assustadores. Só o rei não tem medo deles. Tem sorte por ele ter ordenado que os aposentos dos duques fossem o mais longe possível do seu.

— Ele ordenou? — indagou Claire, transpassando surpresa na voz.

— Por mais incrível que parece, ordenou. Quer que a família real ocupe toda a área em que a senhorita Bridgette está instalada.

— Uau! — ela exclamou — Você deve um baita agradecimento ao rei.

Estava prestes a concordar, quando ouvi, atrás de mim:

— Escute o que a garota diz.

Ambos nos viramos simultaneamente para dar de cara com Adrien, escorado na entrada da sala, com uma coroa prateada pendendo dos dedos e as presas projetadas em um sorriso presunçoso de canto.

Eu nunca tinha visto nenhum deles com a parte feérica extremamente evidente. E, olhando de onde eu estava, ele parecia estranhamente atraente nessa forma. Não é atoa que mantém isso em segredo. Consigo ver com clareza minha amiga de Paris, Chloé, pulando em cima dele, alegando estar perdidamente apaixonada.

Ainda estávamos surpresos com a presença dele, principalmente naquela forma, mas encontrei motivação para quebrar o silêncio e perguntar:

— E eles?

O rei olhou diretamente para mim, e eu quase pude ver uma aura negra em volta de seus perfeitos cabelos loiros quando ele respondeu, com desdém, mas com uma absurda pitada de verdade na voz:

— Morrem se tentarem tirá-la daqui.

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O Brilho Nos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora