VI-VII

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Jungeun estava sentada no baú que era acoplado a grande janela de seu pequeno apartamento, lá fora chovia muito e ela conseguia ver apenas as luzes dos grandes prédios e a movimentação dos carros, ainda que embaçada.

Em dias como esse ela se perguntava o motivo de ainda estar ali, de não desistir de tudo e subir no terraço e se jogar de lá, de repente. Ela era movida pela simples necessidade de pertencer a algo, nada específico, apenas a algo que ainda não fazia ideia do que podia ser.

Ela sempre foi a garotinha que era deixada de lado nas brincadeiras mesmo nunca tendo feito nada demais para as crianças, não era por sua aparência, tampouco por seu poder aquisitivo, já que isso sua família tinha de sobra.

Crianças podem ser tão maldosas ou mais que adultos, podem atingir a mente de outra com mais força do que saberiam tornando aquele ser apenas um parasita dentro de si mesmo.

Esse seria seu destino se em um dia, aos 6 anos de idade, uma garotinha de cabelos castanhos não tivesse parado em frente a ela com os braços cruzados sem nada dizer.

Jungeun se lembrava daquele dia como se fosse ontem, ela questionou a menina do porque estar ali parada e ela lhe respondeu um simples "está sentada na gangorra e eu quero brincar aí".

Se lembrava de se levantar e tentar sair do brinquedo mas foi impedida pela menina que sorriu pra ela e disse " meu nome é Jinsoul, eu tenho 8 anos, quer ser minha amiga? Podemos brincar juntas na gangorra".

Foi a primeira vez que ela sentiu que pertencia a algo, a algum lugar. Ela pertencia a Jung Jinsoul como pertenceria anos depois ao curso de Artes que a ajudaria com sua falta de posicionamento sobre si mesma.

Ela parou de rir e tentar copiar as outras pessoas para pertencer a um lugar pois sempre voltaria para o mesmo lugar, os braços de sua melhor amiga. Jinsoul.

Aos 16 anos Jungeun passou a entender que o que sentia por Jinsoul não poderia ser apenas uma amizade, amigas não sentiam vontade de estar juntas o tempo inteiro, não tinham ciúmes quando alguém se aproximava e muito menos sentiam vontade de se beijar enquanto admirava o rosto quase angelical da outra.

Ela guardou por anos aquilo pra si, quando fez 19 anos e finalmente sairia da casa dos pais para ir para o pequeno apartamento de três cômodos que ela mesma havia escolhido, e finalmente contaria a Jinsoul o que sentia, seu mundo foi bombardeado por tudo que não queria que acontecesse.

Jung Jinsoul era a namorada de Kim Doah, o melhor partido do campus. Veterano que todos os outros rapazes se inspiravam e crush da maioria das meninas. Apesar disso era com a Jung que ele estava, justo com a única pessoa que fazia o coração de Jungeun acelerar.

No começo eles pareciam o casal mais perfeito que todos até que Jungeun viu o rapaz próximo demais de uma caloura, ela comentou com a amiga que disse que ele era monitor de diversas calouras por isso a aproximação.

Jungeun torcia para ser coisa da sua cabeça, ser apenas ciúmes. Mas é claro que não era, Doah traia sua amiga com metade das garotas do campus que faziam piadinhas sobre ela ser uma garota conformada com a galhada que carregava.

Que ela deveria aceitar aquilo porque ele era rico e ela não, que quando se casassem seria pelo dinheiro que a família dela receberia. Jungeun perdeu as contas de quantas vezes entrou em uma briga para defender a honra da amiga já que ela mesma não o fazia.

Isso durou dois anos, agora com 21 e Jinsoul com 23, não tinha porque perder mais tempo defendendo a amiga, já que não se falavam a mais de quatro meses pois a Jung decidiu jogar a amizade pro alto quando a Kim contou que Doah havia passado dos limites e havia dado em cima de si.

Love me that nightOnde histórias criam vida. Descubra agora