Ando pela calçada a passos rápidos, vou desviando de algumas pessoas enquanto olho a hora no meu relógio de pulso, é difícil de esconder a minha excitação quando o meu dia da semana favorito chega. Estou quase lá... Já posso ver os três andares de pura obra de arte em tom branco e a porta de madeira escura, apesar de não ter um exterior muito acolhedor seu interior é incrível, o Instituto Cervantes de Londres é a minha livraria preferida no mundo, não me sentia atraída por um lugar assim a algum tempo.
Subo os poucos degraus e quando alcanço a porta não consigo evitar e sorrio como uma idiota quando entro no instituto, observo o lugar com calma indo do chão ao teto, as poucas pessoas no primeiro andar me levam há conclusão de que não haverá muitas nos outros já que por ser uma sexta-feira os britânicos preferem algo mais animado durante o encerramento da semana e o início do fim. O que é algo que eu nunca entenderei, como alguém pode trocar um dia para novos conhecimentos e o reforço dos anteriores por álcool e sexo?! Isso com certeza não faz sentido para mim, embora eu sempre soube que os humanos preferiam seus desejos ao conhecimento mas isso já é de mais, eu sabia que eles eram vazios de corpo e alma agora de mente é novidade embora explique muita coisa sobre o comportamento deles.
Ando lentamente olhando os livros nas estantes superiores, mesmo que eu goste de Londres sua agitação me incomoda e é nesse momento que eu agradeço pela existência das livrarias espalhadas pela cidade, além de serem lindas e cheias de histórias de todos os tipos ainda são calmas o que permite a mim e a outros amantes de leitura desfrutar calma e maravilhosamente desse feito.- Pensei que nunca mais voltaria.
Sinto um tremor em meu corpo com sua fala, devo admitir que não esperava cair em uma de suas provocações em uma livraria no fim de tarde.
- Você parece melhor, esse lugar realmente te fez bem, está mais gostosa do que antes...- sussurra, sinto suas mãos em minha cintura e seu rosto em meu pescoço, seus lábios roçam na parte sensível do meu pescoço e seu perfume me invade trazendo um ar familiar, seria perfeito se não fosse trágico já que eu estou em um lugar público e não posso ceder aos seus encantos baratos, não sou mais seu brinquedo e sim uma pessoa normal em uma livraria buscando apenas mais um livro para aprimorar seus conhecimentos, não para ficar aqui servindo de distração.
Me afasto de seus braços sutilmente evitando chamar atenção das outras pessoas, caminho na direção das escadas que levam para o andar superior, se ele realmente quer brincar aqui que seja na varanda não vou correr o risco de ser pega e titulada com louca de novo, aturar suas provocações é uma coisa, agora devolve-las é outra completamente diferente, a última vez que fiz isso não acabou bem, então sem ceder dessa vez, sai da Itália para recomeçar não para cair em mais uma das suas armadilhas patéticas.
Quando chegamos há varanda fecho a porta de vidro e coloco meu celular em meu ouvido, se tem uma coisa que eu aprendi depois de treze anos vivendo assim é: se estou em um lugar público para não chamar atenção finjo estar no celular assim não corro o risco de voltar a morar em um sanatório.- Por quê está aqui?- sussurro, olho para a rua sem forças de encara-lo.
- Fiquei preocupado, procurei você por toda Londres e não consegui encontrá-la, você sabe como eu fiquei assustado?!- diz, sua voz transmite medo, se eu não o conhecesse diria que está dizendo a verdade, mas conhecendo ele como eu conheço isso não passa de mais uma de suas mentiras patéticas, sei que está assim porque não me tinha por perto para alimenta-lo com meus medos então ele teve que implorar permissão para atormentar outras almas, apesar de ser meu fardo não passa de mais um subordinado, alguém que foi enviado para este mundo para manipular pessoas e alimentar-se delas.
- Não sabia que precisava lhe informar para aonde ia. - rebato, mesmo mantendo um tom calmo não me contenho e o provoco, sei que ele quer isso tanto quanto eu, sei mais do que ninguém o que ele mais deseja, cansei de fingir... Não vou mais agir como se eu ainda fosse fraca, como se ainda fosse sua, agora eu dito as regras, passei tempo demais aturando seus joguinhos e regras ridículas, agora será olho por olho e dente por dente, afinal oque pode acontecer?! Isso é o que ele mais deseja desde o inicio, convivo com ele tempo o suficiente para ditar cada passo, cada palavra, ele não passa de um subalterno, ele segue regras e não irá ultrapassa-las por medo das consequências, ele goste ou não, se me machucar acabará morto, será condenado não apenas com o fogo eterno mas também com a lembrança de que foi assolado por uma criatura, pela sua criatura.
- Se eu não a conhecesse diria que está propondo uma aposta... Talvez seja tola o suficiente para achar que é capaz de me vencer ou apenas não está em seu estado mental perfeito, o que é totalmente compreensível visando que mal saiu de um lugar como aquele. - indaga, sinto suas palavras pairarem por um momento antes atingirem-me como um golpe.
- Eu não teria tanta certeza disso se fosse você, já que entre nós dois você é o mais crente de que fui enviada para lá totalmente ciente de minhas ações - rebato, sorrio ao ver sua expressão de descrença com minhas palavras, ele odeia mais do que tudo ser desafiado, apesar de viver assim não atura ser contrariado por alguém que ao seu ver é de uma posição inferior, se ele acha que permanecerá de pé no fim não está mais enganado.- Você tinha razão, nada é melhor do que o poder, do que a força... Mas me responda, o que elas trouxeram para você além de uma maldição?
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A Procura da Verdade
ParanormalUma mulher que está atrás da verdade sobre seu passado, da razão pela qual é perseguida por um ser que a controla, e ela pretende descobrir a verdade até seu último suspiro. Dizem que somos moldados pelo passado, mas como posso ter certeza de que is...