Capítulo 65

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Galiza — Verão, Julho de 836 d.C.

Jamila atacou com fúria, obrigando Jamal a recuar.

Desesperada, olhava de soslaio para a correnteza onde Juan desaparecera. Ela vira quando Jamal transfixara-o com sua cimitarra.

— Maldito seja! Que Alá o amaldiçoe e que você arda nas chamas do inferno – gritou enquanto atacava.

Nesse momento eles ouviram o tropel de cavalos, Jamila tentou aproveitar o momento de distração de Jamal e desferiu um golpe contra a cabeça do árabe, mas ele, por puro reflexo se afastou soltando um grito de dor e ódio.

O golpe causara um corte sangrento da sobrancelha aos lábios no rosto de Jamal.

— Maldita! Ainda nos encontraremos novamente! – gritou e virando as costas correu até seu cavalo que estava perto e fugiu galopando.

Jamila ignorou-o e correu até a margem do rio, subindo na rocha de onde Juan caíra observou a correnteza, mas não viu sinal do jovem.

Quando os cavaleiros cristãos se aproximaram ela ainda estava ajoelhada na rocha chorando copiosamente a morte do único homem que amara na vida.

Posteriormente, quando ela emergiu do estado de tristeza profunda e mutismo no qual mergulhara após ser resgatada pelos cavaleiros, o líder deles, de nome Alfonso, que contara ser o segundo-em-comando da tropa que Juan comandava, explicara que um cavaleiro da escolta conseguira escapar da emboscada e voltara para o castelo de Santa Cristina contando o ocorrido.

— Dom Henrique ordenou que os procurassem, ao verificarmos que seus corpos não estavam entre os mortos, como achamos rastros indo em direção ao pântano, resolvemos dar a volta nele – explicou com um olhar triste, condoído em ver expressão de dor no rosto dela.

Jamila concordou meneando a cabeça, sem forças até mesmo para agradecer.

— Juan era um homem honrado, um verdadeiro cavaleiro e um ótimo líder – afirmou ele tentando confortá-la — Infelizmente o homem que o atacou escapou.

Ela ficou em silêncio, a dor era tão grande que temia que se abrisse a boca um uivo inumano de pesar brotaria diretamente de sua alma estilhaçada.

Seu único consolo, sua única esperança que a mantinha vida e impedia que enlouquecesse de dor era a possibilidade de rever seus amados filhos e por eles faria qualquer coisa, pois eram a lembrança viva de Juan e do amor que sentiram um pelo outro.

A GUERREIRA INDOMÁVELOnde histórias criam vida. Descubra agora