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Talyata — Outono, Novembro de 836 d.C.
Brunilde avançou com seus guerreiros e escudeiras pelo interior do acampamento viking. O ataque do "fogo grego" pegara os nórdicos de surpresa e causara sua debandada de volta para as embarcações, as quais estavam ameaçadas, pois várias ardiam, iluminando ainda mais a luta que ainda se desenrolava.
Em meio à confusão ela avistou Haestin, que recuava para um conjunto de ruínas próximo à margem do rio.
— Sigam-me! – gritou e correu na direção dele sem olhar para ver se era seguida.
No meio do caminho um nórdico tentou detê-la aplicando um golpe circular com sua espada, mas ela se abaixou agilmente e ao se levantar cortou-o de cima para baixo, abrindo sua mandíbula ao meio.
Algumas de suas escudeiras muçulmanas e as poucas que a seguiam desde a Frísia se juntaram a luta contra os soldados que corriam, enquanto Brunilde corria novamente atrás de Haestin.
A debandada agora era geral, muitos guerreiros nórdicos simplesmente se desviavam dos muçulmanos e de Brunilde tentando alcançar a margem do rio e as embarcações.
Ela entrou na ruína, braseiros e fogueiras iluminavam o local, percebeu vários nórdicos estendidos em esteiras com ataduras ensanguentadas, era um hospital improvisado, provavelmente onde Ibrahim estaria. Olhou em volta rapidamente e avistou-o curvado sobre um ferido atendendo-o.
Tolo! Pensou consigo mesma, irritada por ele não ter aproveitado a chance de fugir e orgulhosa por ver a coragem que ele possuía em não abandonar os feridos.
— Ibrahim! – gritou e correu em sua direção.
Ele se ergueu e sorriu para ela começando a andar em sua direção. Nesse momento uma lança trespassou-lhe o tronco, surpreso Ibrahim olhou para a ponta de metal em sua frente, depois olhou para ela novamente e caiu de joelhos.
Atrás dele Haestin a encarava com um sorriso feroz nos lábios.
— Maldito! – urrou Brunilde e avançou.
***
Ibrahim percebera que os vikings haviam sido derrotados quando a primeira embarcação se incendiou e uma debandada começou, apesar de Bjorn conseguir organizar a retirada de forma a impedir um massacre por parte do exército muçulmano.
Pensou que era a chance de fugir, mas olhou para os feridos estendidos no solo, eles o encaravam com um misto de terror e esperança e percebeu que não conseguiria abandoná-los.
Ordenou que seus ajudantes, escravos francos fugissem, mas estes também se recusaram a partir, por isso continuou atendendo-os.
Bjorn passou pelo local seguido de vários guerreiros, enquanto recuava para as embarcações.
— Todos os que puderem caminhar voltem para os drakkares, estamos recuando – gritou enquanto seus guerreiros auxiliavam os menos feridos.
— Há muitos que não podem ser removidos – explicou Ibrahim.
— Eles ficarão – respondeu dando de ombros.
— Não posso abandoná-los – se indignou o jovem.
— Você é um homem corajoso e de honra – disse Bjorn encarando-o fixamente — Venha comigo e eu o transformarei em um Jarl.
— Não posso, aqui é minha terra – respondeu Ibrahim.
— Não o obrigarei, você é livre – disse com um sorriso largo — Boa sorte, Brunilde está te procurando, espero que se encontrem e sejam felizes.
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A GUERREIRA INDOMÁVEL
Romance"O que acontece quando uma jovem guerreira se vê entre o amor e sua convicção?" Século IX d.C., a península ibérica dominada pelos árabes se vê envolta em fortes tensões sociais. Uma embaixada enviada pelo último rei cristão à Mérida tem o objetivo...