P.o.v Day
Acordei com o sol batendo no meu rosto. Não faço a mínima ideia de onde estou, a última coisa que eu lembro é da Carol me mandando ir embora, depois disso lembro de ter enchido a cara e sair da balada com duas garotas. Olhei para o lado e lá estavam elas, uma de cada lado, sem roupa, assim como eu. Me vestir o mais rápido possível, sem fazer barulho e saí dali. Chamei um uber e fui direto para minha casa.
São seis da manhã, um boa hora para chegar em casa, não acham? Com certeza iria ouvir muita merda da minha mãe, nada que nunca tenha acontecido antes.
-Bom dia família tradicional brasileira. - Debochei vendo meus pais tomando café da manhã.
-Dayane onde você estava? - Meu pai perguntou olhando pra mim.
-Na casa do Victor. - Eu tinha duas opções falar isso ou olhar para ele e falar: "Passei a noite em um motel fodendo duas garotas gostosas pra caralho" óbvio que eu fiquei com a primeira opção.
-Por que não atendeu a porra do celular Dayane? Tem ideia de quantas vezes eu te liguei? Eu nem sei porquê eu ainda espero que você me fale algo sobre você. - Minha mãe falou me olhando pela primeira vez desde que cheguei.
-Calma Selma, isso não vai se repetir né Dayane? - Mei pai perguntou com um olhar intimidador, mas ele já não me intimidava mais.
-Não vou prometer nada.
-Você deveria aprender mais com seu irmão Dayane, ele nunca me deixaria tão preocupada assim, ele sim é um bom filho. - Selma subiu as escadas brava. Eu odeio ser comparada a ele, mas já é algo comum aqui.
-Deixou a moto no Victor? - Puta que pariu como eu esqueci dela? Eu nem sei onde tinha deixado.
-Deixei. - Menti novamente.
-Engraçado que encontraram sua moto no estacionamento de uma balada hoje. - Mentir para meu pai não era a coisa mais fácil do mundo, e eu já deveria saber disso. - A moto já está na nossa garagem Dayane, não tente mentir pra mim.
-Desculpa.
-Vai se arrumar você precisa ir para a escola. - fui correndo para meu quarto e comecei a me arrumar.
Eu me sentia sufocada dentro dessa casa, por isso era bem mais fácil sair, curtir a noite, ficar bem louca e fingir que nada aconteceu ao voltar para casa.
Eu não sou a pessoa mais santinha do mundo, mas desde que cheguei aqui no Brasil melhorei bastante. Claro que não deixei de ser a Dayane que bebe todas e pega geral, isso era praticamente impossível, mas pelo menos agora a polícia não andava na minha cola, mas era óbvio que isso não acontecia por conta da influência do meu pai. Ele é um homem rico, com várias empresas por todo o mundo, ou seja, mais um homem esnobe que se acha a última bolacha do pacote por ser rico. Minha mãe não é muito diferente dele, por isso os dois dão certinho juntos. O único que se salva dessa família é o meu irmão, que morava com a minha vó e trabalhava em umas das empresas da meu pai. Ele é realmente o meu orgulho.
Cheguei na escola um pouco atrasada. A professora de química explicava algo no quadro, aproveitei a distração dela e sentei na minha cadeira, que ficava na segunda fileira ao lado da cadeira de Carol. Elana estava sentada atrás de mim e victor na minha frente, e a Thay na frente da Carol, e Bruno ao que parece não veio hoje.
-Então é por isso que eu acho hoje é um ótimo dia para uma prova surpresa. - Todos começaram a falar ao mesmo tempo, olhavam uns para os outros desesperados. Maria ama fazer esse tipo de coisa só pra ferrar os alunos. - SILÊNCIO.- Gritou. - Nem pensem em passar a resposta uns para os outros, vocês sabem o que aconteceu da última vez que fizeram isso. - Ela falou distribuindo as provas.
Eu não era uma nerd, mas modéstia à parte, eu mandava muito bem em algumas matérias, e uma delas é química.
-Vamos lá Dayane, veja se consegue fazer essa prova em trinta minutos como da última vez. - Ela estava me desafiando?
Todos começaram a fazer a prova, que na minha opinião estava relativamente fácil. Já tinham se passado dez minutos e meus amigos olhavam pra prova como se ela fosse um tipo de enigma que estivesse impossível de decifrar. Carol começou a se mover, amarrou o cabelo em um coque e passou a mão na nuca, ela parecia nervosa, assim como todos os meus amigos. Maria que me desculpe, mas eu preciso ajudar eles, vai que Deus ver essa boa ação e me deixa ir pro céu.
Coloquei uma perna sobre a outra e fixei meu olhar em Maria, e então comecei a escrever as respostas na sola do sapato que eu estava, não era muito difícil já que as respostas são todas de marcar. Olhei por alguns segundos para carol e percebi que ela já estava anotando todas as respostas. Voltei a fixar meu olhar na professora vendo cada movimento que ela fazia.
Quando terminei de escrever desamarrei o cadarço do outro sapato e levantei pegando a prova da mesa. Dei dois passos para frente e me abaixei fingindo estar amarrando o cadarço, enquanto a sola do sapato com as respostas ficavam expostas para meus amigos verem. Esse foi o cadarço mais demorado para amarrar em toda minha vida. A professora estava na mesa dela e olhava pra mim com raiva, não sei se por eu estar demorando amarrar o sapato ou por já ter acabado a provinha dela. Quando terminei fui até ela e entreguei a prova.
-Terminei em exatos vinte minutos dessa vez. - Falei olhando no relógio no meu pulso. - Tenta algo mais difícil na próxima. - Olhei pra meus amigos que sorriam, e então tiva a certeza que todos eles adoraram a minha ajudinha, até a Carol sorria pra mim. Saí da sala antes da professora voar no meu pescoço, eu tenho certeza que era isso que iria acontecer se eu não saísse.