Prólogo

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Sua vida não era fácil, sendo o que era, havia muito pesando em seus ombros, seu treinamento era, sem palavra melhor, brutal; crescer com tantas responsabilidades fez com que ele soubesse aproveitar cada pequena oportunidade de agir como uma criança normal e por isso quando soube de um dos alunos mais velhos que teria o dia livre, por algum motivo que não ouviu antes de sair correndo, ele se arrumou e partiu pronto para aproveitar o dia de folga.

Embora, se soubesse o que aconteceria a seguir teria ficado um pouco mais e escutado o que o outro aluno falou e ficado em seu quarto lendo um de seus livros ou treinando, teria sido menos doloroso;

Menos trágico;

Menos traumático.

Corra, corra, corra, corra, corra, corra, corra;

O garoto não sabia pensar em outra coisa, suas pernas doíam como nunca antes e ele estava pronto para desmaiar, mas não podia afinal o demônio atrás dele não iria deixar que ele descansasse e voltasse a correr para tentar matá-lo, ele não tinha tanto sorte ou qualquer uma. Estava longe, mas as proteções em volta da floresta não permitiam que ele usasse suas asas para ir para outro lugar.

Proteções que haviam sido colocadas para proteger a todos no instituto mas que talvez acabassem o matando agora.

Estava correndo muito rápido e a floresta ao seu redor era apenas um borrão, só sabia distinguir árvores altas e cheias de neve, com o sol passando por entre os poucos espaços entre as folhas, e dando ao lindo lugar, um aspecto sombrio. Suas observações não eram de nenhuma ajuda e se bateu mentalmente por não prestar mais atenção nas aulas de sua mentora, talvez isso ajudasse, mas pensar nisso só faria com se sentisse mais burro. Mais irresponsável.

Um movimento a sua direita chamou sua atenção e ele pulou desviando de... o que quer que aquilo fosse, mas quando olhou para trás se viu sozinho.

-Finalmente – Murmurou diminuindo a velocidade, com a respiração ofegante e apertando a faca em sua mão um pouco mais forte. Estava apavorado, era apenas uma criança afinal; mas também era um caçador que estava sendo treinado para situações como essa, precisava tentar se manter calmo.- Acho que o despistei.

Precisava pensar em uma maneira de voltar ao colégio, o mais rápido possível, para avisar os outros.

- Eu acho que não, caçadorzinho. – Uma figura alta e imponente falou ao aparecer de repente e pega-lo pelo pescoço; poderia se passar por um homem normal se não fosse os olhos vermelhos como sangue e as enormes garras.

- Me larga – Tentou acertar o monstro para se soltar, mas o aperto em seu pescoço ficou mais forte e, horrorizado, o garoto se viu perdendo a consciência.

- Ninguém pode salva-lo agora – Ele o ouviu cantarolar alegremente, os olhos vermelhos brilhando em malícia.

O último pensamento do garoto foi que Katy iria matá-lo por ter sido pego tão facilmente.

Sangue de guerraOnde histórias criam vida. Descubra agora