pancakes at dawn - wayhaught oneshot

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Waverly se mexeu desconfortável, abrindo os olhos e piscando até que se fixassem no escuro que seria o teto do quarto. O ronronar de Calamity vindo de perto de seus pés harmonizava com o ronco baixo da mulher deitada ao seu lado.

Olhou ao redor, encontrando o rosto pacífico e adormecido de Nicole. Com um suspiro sôfrego, notou que a ruiva ainda vestia o uniforme, uma onda de culpa atingindo-a com a visão.

Nicole vinha se desdobrando em turnos duplos, preocupada com as finanças que o nascimento dos gêmeos traria, chegando ao ponto em que muitas vezes Waverly adormecia antes que a mais velha chegasse e ainda assim acordava sozinha, só sabendo que a ruiva passara por ali graças ao café pronto na bancada da cozinha.

Os soluços escaparam-lhe antes que pudesse evitar, e logo Nicole estava sentada na cama, atordoada, os olhos sonolentos olhando preocupados para a esposa.

-Waves? O que houve, amor? -Estendeu a mão para alcançar a da mais nova, checando preocupada por algum sinal de sangue na cama. -Está com dor? Precisa de alguma coisa?

-Não, babe. -Choramingou, tentando inutilmente secar o rosto. -Eu só...

-Venha aqui, baby. -Nicole acomodou-se contra a cabeceira da cama, chutando as botas para longe antes de acomodar Waverly entre suas pernas e cobri-la. -O que houve?

-Eu não queria ter te acordado. -Fungou a mulher, encolhendo-se. -Desculpa.

-Ei, ei. Não precisa se desculpar, está tudo bem. Quer me dizer por que está chorando? -A ruiva questionou, apoiando o queixo no ombro da esposa ao acariciar a barriga sobressalente.

-Eu também não sei. Eu só te amo demais.

-Eu também amo você, amor. Vocês três, na verdade. -Sorriu, levantando a camisa larga que a esposa vestia para poder tocar diretamente a pele. -Como eles estão hoje?

-Quietos. Tanto Xavier quanto Charlie, não senti nenhum chute hoje.

-Bom, ainda são... 2:13 da manhã, tem bastante tempo 'pra isso.

-Você deveria voltar a dormir, deve estar cansada.

-Estou bem, Waves. Eu quero ficar aqui com vocês, estou com saudades. -Murmurou, sentindo uma das mãos da esposa subindo até seu pescoço, os dedos traçando padrões constantes em um carinho gentil. -Você quem precisa descansar.

-Eu descanso o dia todo. -Resmungou. -É a única coisa que me deixam fazer.

-Você odeia, eu sei, mas é mais seguro assim, babe.

-Nem mesmo Wynonna me deixa ajudar!

-Eu sei que não.

-Quando o berço chegou, eu tentei começar a montar e ela simplesmente me enxotou até a sala de estar e montou tudo sozinha!

-Você é muito teimosa, senhora Haught. -A ruiva riu baixo, beijando com carinho o ombro coberto. -O médico disse que você tem que repousar, você é a única que não entende isso.

-Eu entendo, mas eu não preciso repousar o tempo todo!

-Precisa sim, é mais seguro. Além do mais, só faltam 2 meses, Waves.

Waverly bufou, concordando com a cabeça apesar de sua insatisfação.

As duas mantiveram-se em silêncio por alguns instantes, apenas trocando carinhos e aproveitando a presença uma da outra.

-Babe?

-Hm?

-Estou com fome.

-Quer um sanduíche?

-Não.

-Torradas?

-Não.

-O que você quer comer então, Waves?

-Suas panquecas de banana. Com geleia de morango e pedaços de melão.

-Jesus. À essa hora?

-Culpe os seus filhos.

Nicole negou com a cabeça, coçando os olhos rapidamente antes de beijar os cabelos da esposa e se levantar.

-Tudo bem, eu vou fazer algumas. Mais alguma coisa em mente?

Waverly se colocou de pé com a ajuda da ruiva, suspirando pesado quando suas costas reclamaram.

-Eu vou com você.

-Não quero que fique subindo e descendo as escadas sem necessidade, Waves. Pode deitar, eu trago aqui.

-Não, eu quero te fazer companhia.

Apesar das reclamações da esposa, Nicole fez questão de descê-la cuidadosamente, brincando sobre a mais nova já ter sido mais leve.

-Certo. -Murmurou a ruiva, parando na porta da cozinha por um instante, parecendo notar quão cansada realmente estava. -Ingredientes?

Ainda que os músculos reclamassem a cada movimento, a policial se dedicou o máximo que pôde, tentando não esquecer nenhum ingrediente e nem pegar no sono enquanto esperava as panquecas dourarem.

Espalhou a geleia, tomando um cuidado especial ao picar o melão, e serviu um copo de suco de laranja.

Colocou tudo em uma bandeja, andando lentamente até a sala e posicionando-a na mesa de centro antes de entregar o prato e os talheres para a esposa.

-Prontinho, babe.

-Deus, você é a melhor esposa do mundo. -Gemeu Waverly, sorridente. -Obrigada, Nic.

Nicole sorriu em resposta, incapaz de prolongar muito a conversa, e se sentou ao lado da mulher, encolhendo-se contra o estofado.

-Olha. -Murmurou a mais nova, tomando a mão da ruiva para encostá-la em sua barriga. -Eles estão agradecendo também.

Sentiu a agitação que vinha de dentro da barriga da esposa, sorrindo largo quando o chute fora tão forte que fizera Waverly resmungar.

-Não machuquem sua mãe, meninos. -Pediu carinhosamente, abaixando para que pudesse encostar a cabeça na saliência na camiseta da esposa.

-Eles amam suas panquecas. -Disse, entre uma garfada e outra. -E amam como você fala com eles!

-Ah, é? E eles te disseram tudo isso? -Brincou Nicole.

-Eu sinto. -Rebateu convencida, se ajeitando para que a esposa pudesse deitar a cabeça em suas coxas enquanto terminava suas panquecas.

-Bom, eu amo vocês e ficarei mais que feliz em fazer panquecas pelo resto da minha vida. -A mais velha disse, olhando com sinceridade para a outra. -Agora termine de comer, babe, eu vou aproveitar e tomar um banho.

Cerca de vinte minutos depois, Nicole saiu do banheiro, encontrando a esposa já adormecida deitada na cama, as mãos repousando protetivas na barriga.

E, mesmo exausta e não conseguindo nem mais manter uma conversa coerente, a ruiva decretou que estaria plenamente satisfeita em acordar todas as madrugadas se isso significasse que sua esposa e seus filhos estavam felizes e bem.