Capítulo um

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 Existem três regras básicas que a escola escreveu no tecido enorme do universo.

Primeira: É uma merda.

Agora antes que você pense que eu sou um adolescente Emo revoltado, que passa os dias fumando maconha no banheiro masculino e vai para shows de rock com camisetas do Nirvana, ou que sou um grande idiota reclamando de boca cheia, quero que saiba que eu não sou grande. Não mais.

Eu já fui, isso é um fato. Quando tinha oito anos— aquela fase gostosa de brincar com os amigos, andar de bike e se achar o rei do mundo por ter tirando dez na prova de matemática — eu era obeso. Acho que a partir daí podemos concluir que as únicas coisas gostosas na minha infância eram os doces eu comia. O resto era amargo demais para qualquer aguentar.

Bullying era apenas o básico. Desde criança, todos os coleguinhas da escola tiravam sarro de mim pelo meu peso. Por exemplo, — e eu poderia escrever um livro com a grossura da Bíblia só de exemplos onde os alunos da escola me xingavam — estava no refeitório da escola, inocentemente comento meu lanche, quando Han Wonpil, filho do professor de ciências da época, se aproxima segurando a mão de uma menina mais nova.

— Olha, maninha, eu te disse que ele parece uma baleia, não disse? — Pois é. Sem cerimônia alguma ele leva uma criança de cinco anos até a minha mesa no único e simples objetivo de me fazer sentir mal, de me machucar e me humilhar, sem que eu tivesse feito porra nenhuma.

Mesmo assim fiquei calado.

— Sim, Oppa.— ela se esconde atrás dele, mas seus olhos curiosos ainda me analisam de cima a baixo . E acredite, nesse momento não eram só os olhos dela que me encaravam. Eram os de todos.

— Você tem que tomar cuidado com ele, Hyojin. O que você acha que ele comeu para ficar tão enorme assim? Só pode ter sido Snickers e crianças, como você.

Eu sei o que você está pensando: "Pera... o que?. Tipo assim, qual o sentido?"

Eu pensei a mesma coisa no momento. Toda a confusão e vontade de chorar me invadiram naquele instante. Eu paralisei. Enquanto todos riam de mim, enquanto todos analisavam meu corpo , eu não me defendi. Eu apenas piscava e respirava, porém eu sentia como se a minha alma tivesse ido embora. Às vezes eu acho que ela nunca voltou, de qualquer maneira.

— Baleia! Baleia! Shamu!!— A suposta Han Hyojin, de cinco anos na época, exclamou, apontando para mim.

Esse evento nos leva a segunda regra: As pessoas são uma merda.

Shamu foi o apelido carinhoso que ganhei de uma garota do primário. Se você já acha isso maldoso o suficiente, imagina o que crianças da minha idade faziam . Imagine o que adolescentes da minha idade fazem.

Contudo, graças a esse incentivo caloroso dos meus colegas de classe, aos dez anos comecei uma maratona intensa de exercício e emagreci. Emagreci tanto que hoje, aos dezesseis, pareço um bicho-pau.

Mas tem algumas coisas que nunca saem de você. Marcas que andam sempre contigo, não importe o quanto você se esforce para apagá-las. No meu caso foi o "Shamu"—Nome pelo qual sou conhecido na escola até hoje.

Um outro exemplo para você. Em Fevereiro do ano passado, Kim JunHa estava tão animada que achei que fosse explodir. As aulas haviam acabado de começar e era nosso primeiro ano no ensino médio — o que, para alguns, significava um novo período na vida ou qualquer porra parecida com isso. Já para mim, era só mais um ano sendo escravo do inferno.

Nós tínhamos acabado de receber os números dos nossos novos armários e a menina mal via a hora de poder achar o seu próprio, descorar com milhares de adesivos típicos de VSCOs Girls e se gabar por isso depois.

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⏰ Última atualização: Jan 21, 2021 ⏰

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