Capítulo 02

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O penduricalho da caneta balançava de um lado ao outro, causando um ruído um tanto irritante. Mabel já não sabia a quanto tempo ela assistia o romance escondido e secreto do zelador e da tia da cantina pela janela, enquanto chacoalhava sua ferramenta de escrita para lá e para cá. A sua mente vagueava longe e ela sequer ouvia o que acontecia ao seu redor. Já faziam exatos 18 dias desde os lascivos acontecimentos não divulgados entre ela e o seu professor de artes.

Nos três primeiros, ela se esforçou para encarar o Bill como encarava normalmente, mas estava sendo uma tortura e, no quarto dia, ela começou a assistir o romance do Fred e da Joane, isso realmente foi uma surpresa e serviu, ao menos por um tempo, como um tipo de entretenimento para esquecer a bagunça que estava sua a mente. Como também para evitar o docente loiro que tagarelava explicações da matéria.

Mas agora já não achava mais tanta graça em assistir os dois se amarem discretamente nos fundos da Universidade. Ela sentia até mesmo um pouco de… Inveja. Bill Cipher cumpria perfeitamente com a sua parte do acordo, e fazia como se o que aconteceu não passasse de um delírio sórdido unicamente seu. Ela queria que ele descumprisse o acordo, era apenas o que queria.

— Senhorita Pines! 

— Hã?! O que?! O que aconteceu?! — Sobressaltou em sua cadeira, no ímpeto do susto repentino, arrancando boas risadas dos alunos que já ajeitavam as suas coisas para poder irem felizes até o refeitório ou outros locais da instituição.

— Você prestou atenção em alguma coisa da aula, senhorita Pines? — E lá estava ele, bem ao lado de sua mesa, com um olhar rígido e as mãos atrás das costas. Que merda.

— Não senhor. — Engoliu à seco, abaixando o olhar para as mãos que ainda seguravam a caneta rosa com pingente de estrela, pousadas sobre a superfície da mesa. — Desculpe, ando um pouco distraída. 

— Eu pude perceber isso. Peço que fique na sala, nós precisamos ter uma conversa. — O tom banhado em seriedade trouxe arrepios para o seu corpo, mas não eram arrepios bons de como há dezoito dias atrás. 

— Sim senhor. — Evitou à todo custo o olhar dele, e só voltou a erguer a cabeça quando o ouviu se afastar.

Seguiu os seus passos com o olhar, vendo-o sentar-se em sua mesa, naquela mesa, e começar a ler um dos inúmeros livros de sua extensa coleção. Permaneceu assim até os últimos alunos sairem, que foram as suas amigas pois se preocuparam em perguntar antes se ela ficaria bem.

Agora sobravam apenas eles dois e o silêncio ensurdecedor daquele ambiente que pareceu ficar tão minúsculo, assim, de uma hora para outra. Respirou fundo antes de arrastar a cadeira para se levantar e, assim, caminhar até a mesa do homem imponente que a esperava. 

— Sobre o que o senhor quer conversar? — Perguntou ao parar frente à mesa de madeira, a mesma mesa em que eles consumaram um sentimento visto como inexistente. Ou não tão inexistente assim da parte dela.

— Eu prefiro tratar sobre isso em um local mais particular. — Essa frase puxou a atenção da menina, que o olhou com o cenho franzido. — Tome. — Estendeu um pequeno e vazio molho de chaves, continha apenas três e uma delas era óbvio pertencer à um veículo. — O meu carro tem a placa CIP-2912, me espere lá quando as aulas terminarem, chegarei em torno de 10 minutos.

— O que? — Sua confusão era perceptível de longe, e Bill não estava com paciência para tais ladainhas.

— Sem perguntas, Pines, apenas faça o que estou falando. — Balançou as chaves, reforçando a ideia de que ela deveria pega-las.

— Certo, tudo bem. — Respondeu também já impaciente, as vezes odiava esse jeito enigmático e ditador dele de agir. Recolheu as chaves e as enfiou no bolso do seu moletom. Fazia frio neste dia.

My Teacher, My SinOnde histórias criam vida. Descubra agora