60% dos jovens de periferia, sem antecedentes criminais já sofreram violência policial.
A cada quatro pessoas mortas pela polícia, três são negras!
Nas universidades brasileiras, apenas 2% dos alunos são negros.
A cada quatro horas, um jovem negro morre violentamente em São Paulo.
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Joana: Jhonatan?! Que merda é essa aqui filho? Você pirou? - Minha veia me cercou na cozinha gritando feito louca.
Pô fiquei sem reação, a veia segurando o choro com minhas drogas e o revolver na mão. Caralho, mó decepção pra ela já vi tudo.
Jason: Qual foi mãe, te falei pra não mexer nas minhas paradas. Porra mano. - Passei a mão na cabeça nervosão, porra rapá.
Joana: Nas suas paradas? Eu não te criei pra isso Jhonatan, pelo amor de Deus. Olha o que você tá fazendo com a tua vida meu menino, senhor me dê forças.. - Colocou os bagulhos em cima da mesa. - O que você tá fazendo? Eu quero sinceridade e verdade.
Caralho. O pior de entrar pro crime é a tua família, ninguém te aceita desse jeitão. Tu só acaba gerando decepção e mágoa, perdendo tudo em seguida.
Jason: Pô mãe.. Tô usando essas merdas. - Respirei fundo tentando achar uma saída, mas não tem não. - Tô traficando e tô roubando porra, é isso aí.
Vi o sofrimento no olho dela, foda foi ver ela chorar, se tem um bagulho que fode com qualquer homem é ver a mãe chorar por um vacilo seu. E aí vem o ódio por si mesmo. Caralho!
Joana: Não.. É mentira, Jhonatan é mentira. Meu Deus! - Levantei e chutei o armário, a primeira coisa que vi na frente. - A vizinha disse, mas eu não quis acreditar meu Deus do céu. Pra que isso? Você não precisa disso filho.
Jason: Foi a vagabunda da vizinha então.. Como não precisa mãe? Olha a nossa situação aí caralho, faltando alimento mano, faltando tudo. - Ela sentou na cadeira de cabeça baixa. - Tô tentando ajudar porra, mas tu só vê o mau nas paradas.
Soquei a pia e um dos copos caiu, virou em pedaços de vidro pô. Logo meu irmão apareceu, o queridinho da casa. O certinho que faz de tudo pela família.. Cansei dessa vida pô, tô fodendo a minha vida pra por comida em casa e nenhum deles tá dando valor.
Vinícius: Oh mãe, tá tudo bem aí? - Perguntou e arregalou os olhos encarando a mesa. - Que isso aí pô? Tá maluco irmão? Tira isso daqui cara, caralho mano.
Jason: Não te interessa não porra, dá licença Vinícius. Isso aqui não é papo pra tu não caralho, vai pra lá caralho.
Nós nunca se demos bem, mas querer me peitar já é demais porra. Não aceito isso aí de jeito nenhum não, hoje eu cato esse merda e quebro ele. Fui de encontro mas a veia se meteu me empurrando.
Joana: Chega! Vinícius vai se arrumar que você tem aula, agora. Com o teu irmão eu me resolvo. - Deu ordem e o pivete saiu com o rabo entre as pernas. - Agora você vai sair disso, você vai largar essa vida ou.. Ou vai pegar essas coisas e vai sair da minha casa. Você é meu filho, eu te amo muito e mais que tudo nessa vida, mas bandido na minha casa não fica! E vou denunciar você, os teus amigos e principalmente o bandidinho do Guina.
Engoli em seco já sentindo o ódio crescer.. Porra mano, tô fechado com o PCC e não posso sair.
Jason: Lealdade, respeito e solidariedade ao Partido. Eu tô fechado com o Primero Comando da Capital mãe, dessa merda eu só saio morto.
Peguei meu revólver em cima da mesa e dei uma última olhada no rosto da minha mãe antes de sair de casa. É foda pô.
• Ao Som do Tráfico •
Em breve história completa.