Treze

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Eu olhava praticamente incrédula para aquele homem que se diz meu patrão, sem acreditar na barbaridade que ele estava fazendo. Minha mente tentava aos poucos processar a situação em que eu me encontrava, encurralada, enjaulada, era esse o tipo de sentimento que sentia diante de sua ordem radical.

Qual era o problema dele?

Quem ele acha que eu sou?

E não demorou para que eu processasse tudo e aquele sentimento incrédulo e paralisante desse lugar a fúria se erguendo de minhas entranhas, fazendo meu sangue correr mais rápido, e dane-se as etiquetas. Ele havia ultrapassado os limites, o meu limite!

- O senhor não tem o direito de fazer isso – e estendi minha mão, meu cenho franzido. – Devolva meu celular.

- Não. – Sua resposta fora cortante, a expressão séria e indecifrável enquanto me fitava os olhos.

- Isso é um abuso! – Minha voz aumentou dois décimos. – Eu conheço os meus direitos, e sei que o senhor está ultrapassando todos os limites que envolve um relacionamento trabalhista.

- É para o seu próprio bem.

Eu olhei incrédula para seu rosto, tentando encontrar algum tipo de cinismo diante de sua frase.

- Meu próprio bem? – A raiva crescia a cada segundo dentro de mim. – Eu não sou a sua filha que o senhor faz bem entender com ela, privando a menina de conhecer as coisas. Eu sou apenas a empregada, e o senhor não tem direito nenhum de me manter presa numa casa contra a minha vontade.

O corpo do senhor Uchiha ergueu-se para frente, seus cotovelos apoiados na mesa, os dedos entrelaçados uns nos outros enquanto apoiava seu queixo em cima deles. Me olhava com uma calma que só atiçava a minha ira.

- A senhorita submeteu-se as regras no momento em que aceitou trabalhar para mim.

- As regras da casa não são referentes a mim – bati em meu peito.

- É a mesma coisa.

- O senhor é um louco. – Ignorei todo o respeito que tinha por ele, eu estava descontrolada. Odiava o fato de alguém querer mandar na minha vida. Eu não havia nascido para ser submissa.

- A senhorita está me ofendendo.

Apontei o dedo na cara dele.

- É o senhor está me mantendo em cárcere privado!

Silêncio.

Todo o meu corpo tremia de ódio. Eu tinha vontade de agarrá-lo pelo pescoço e atirá-lo pela janela. Eu não era obrigada a aturar aquele tipo de abuso, ele estava indo longe demais. A mão que o apontava se abriu.

- Devolva meu celular – minha voz saiu baixa e entredentes.

- Eu já falei que não.

- Ah é? – Abaixei minha mão. – Então eu vou embora desta casa. Eu me demito!

Dei as costas e saí em direção a porta com passos rápidos e pesados, irritada o suficiente para medir às consequências, sem pensar que minha saída afetaria Sarada. Mas uma coisa era me humilhar para poder ficar e cuidar da menina, outra coisa é me obrigar a ficar presa como se eu fosse um pássaro numa gaiola. Eu não era obrigada me submeter a situações que eu não achava correto.

Senti uma mão gélida segurar meu braço antes de alcançar a saída, me virando completamente para trás, sentindo sua outra mão segurando meu ombro, dando de cara com uma muralha de corpo a minha frente.

The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora