1. O Primeiro Adeus

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Italia

Medo.

O que eu mais temia sentir era o que eu mais estava sentindo agora. Medo de partir, medo do que poderia encontrar fora daqui, medo de deixar as pessoas que amo, de deixar mamãe e papai, Judy e Mike (meus melhores amigos), vou sentir falta de todos eles, até mesmo desta cidade de merda que finalmente eu vou me mudar, e é exatamente isso que me da forças pra sair daqui.

Nunca suportei dizer adeus às pessoas, todas as vezes em que eu precisava me despedir delas sempre arranjava uma desculpa para não aparecer e depois ligava ou mandava um SMS para me desculpar, porque é como se quando disséssemos adeus às pessoas nao voltaremos a vê-las. Mas dessa vez era diferente, era eu quem estava indo embora e querendo ou não, era eu quem deveria dizer adeus, pois não sei nem se voltarei a este lugar.

Foi aqui que eu passei os melhores momentos da minha vida, até porque eu nunca saí daqui, foi onde aconteceu meu primeiro beijo, onde eu conheci meus melhores amigos, onde eu me apaixonei pela primeira vez e, é claro, onde eu tive o meu primeiro coração partido. O que era pra ser maravilhoso, se tornou algo do qual eu não quero mais me lembrar, algo que aconteceu há muito tempo, algo que eu quero deixar enterrado no vão mais profundo de minha mente. Aquelas lembranças já esquecidas voltaram, até que ouvi mamãe me chamar:

- Italia querida, já terminou de colocar as malas no carro?

- Sim mãe! Acabei de colocar a última mala!

Então eu olho pra mamãe que está ao lado de papai, os dois com os olhos marejados, Marry e Harry, o casal mais lindo da história até o final dos tempos estava chorando por minha causa.

Ver mamãe chorando não era algo incomum, bastava ver um passarinho com a asa quebrada que se derramava em lágrimas, já papai era algo inusitado, ele sempre fora tão durão, ver o quanto aquilo estava sendo difícil para eles dilacerou meu coração, então nao me contive e caí em lagrimas abraçando os meus pais. E assim ficamos, durante os 5 minutos mais longos da minha vida, então eu precisei tomar uma iniciativa:

- Okay mãe, pai, chega de drama! Prometo que telefonarei todos os domingos, então não tornem as coisas mais difíceis para mim,- dei um beijo na bochecha de cada um e por fim falei- Adeus! Eu amo vocês, vocês são tudo pra mim, vou sentir falta dos dois. Hora de ir.

Os dois assentiram respondendo com um abraço duplo e em uníssono:

- Nós também te amamos querida, vamos sentir ainda mais falta.

Dei mais um abraço em cada um, entrei no meu conversível Chevrolet vermelho que eu havia ganhado no meu último aniversário de 18 anos e acelerei sem olhar para trás. Agora a minha vida iria começar de verdade.

Eternos EstranhosOnde histórias criam vida. Descubra agora