Tudo começou naquela terça feira chuvosa, quando o caminhão de mudanças parou na frente do prédio. O barulho dos homens arrastando móveis e furando paredes pareceu animar aquela estrutura antiga, sempre era um bom sinal uma pessoa nova. Pelo menos parecia, para mim.
Eu moro nesse prédio já tem uns dois anos, foi desde que me mudei para trabalhar no escritório com a minha irmã. Eu cuido das contas e ela faz as roupas para revender. No meu apartamento, que não é lá essas coisas, tem tudo de que eu preciso: meu sofá pequeno, um notebook para encaminhar a papelada do estúdio, minha cama, uma mesa de quatro cadeiras, o fogão e a minha geladeira. Nada demais para um trabalhador nova yorkino.
Infelizmente eu tinha que ir trabalhar naquele dia, se não teria ficado mais um tempo escutando o som da furadeira. Esse vizinho novo deve ter uma coleção de alguma coisa, porque nunca na minha vida uma furadeira trabalhou por tanto tempo como naquela manhã.
Evitando o elevador, eu esbarrei na mocinha que mora no quinto andar, que sempre sai passear com o cachorro, Cooper, pelas seis e retorna às sete. A mãe dela fuma muita maconha quando ela está na escola, mas quando essa garotinha chega ela vira a mulher de família que sempre foi, com seus cookies quentinhos, um sorriso aconchegante e aventais floridos por cima da saia rodada. Parece que estamos na década de cinquenta.
Ao descer para o térreo cumprimento o porteiro, Josh, que sempre troca de turno perto do meio dia, para pegar de novo o horário à meia noite. Ele é bem novo para esse cargo, devia aproveitar mais enquanto tem chances, depois que se envelhece é impossível curtir do mesmo jeito que se pode fazer agora. Meu carro está na vaga de sempre no estacionamento, e tem um Tesla vermelho ao lado do meu pequeno Volkswagen Golf preto. Pelo jeito o vizinho novo é bem de vida.
A caminho do estúdio escuto mais sobre as tragédias do trânsito dessa cidade maravilhosa chamada Nova York, que a cada dia se torna mais e mais perigosa. O dia vai ser uma merda, como sempre.
– Temos alguém atrasado. De novo. – Gemma me abre um sorrisinho, sem me mostrar os dentes.
– Desculpe, é o trânsito. Está tudo um caos lá fora, me dá um desconto dessa vez. – me sento a mesa branca, em frente ao computador. A tela já estava ligada, como sempre, e alguns arquivos estavam em aberto naquele dia. – O que é isso tudo?
– Nossas continhas do mês. E tem mais os tecidos para comprar.
– Mas por que usaram tanta energia mês passado? Vocês nunca gastaram tanto assim, Gemma. E olhe isso aqui, como o aluguel subiu tanto?
– Porque estamos quebrando, maninho. E é isso. – Gemma soltou um suspiro e me entregou um contrato. – Era tudo mais fácil quando a gente fazia isso na garagem da mamãe.
– Vamos dar um jeito nisso aqui, okay? – pego o contrato e as primeiras linhas já formam um nó no meu cérebro. – Dividir a peça? E quem é Lottie Tomlinson?
– Ela também é designer, Harry. Pode nos ajudar. E dividindo as despesas vai ficar tudo mais fácil, okay? Agora vamos ao trabalho, essas contas não vão se pagar sozinhas e os meus vestidos não vão se fazer num passe de mágica, infelizmente.
A manhã passa como um tiro, assim como o meu almoço, que eu pulei. Próximo às cinco horas desligo tudo e volto para meu carro. No caminho pego um Mc Donalds, e devoro antes de chegar em meu apartamento, perdido no meio dos engarrafamentos. Algum cantor está nos outdoors, provavelmente uma música nova foi lançada.
O prédio está em paz agora. Não há o som de furadeiras, nem outro barulho. Cooper e sua dona acabam de chegar do seu passeio da tarde, ela com seu guarda chuva rosa e ele com sua capa de chuva roxa. Eles tomam o elevador, e eu vou pela escadaria. Chegando próximo ao terceiro andar, conversas me atraem. São pelo menos três pessoas conversando, são todos homens. Na ponta da escadaria tem um deles, alto e musculoso, com um topete bem alinhado e um sorriso de dentes retinhos. Encostado na porta do apartamento trezentos e um está o ser mais bonito que eu já vi em minha vida, usando um moletom largo, de franja escorrida e uma barba rala. Ele está fumando, e sua voz fina tem contraste com a dos outros. Eles param a conversa quando eu me aproximo e eu os cumprimento com a cabeça, indo em direção ao apartamento.
Abro a porta e logo a encosto, a segurando em seguida, como se a qualquer momento alguém pudesse vir e arromba-la. Coloco uma das mãos sobre o peito, sentindo meu coração bater muito forte. O que aconteceu?
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Meet Me In The Hallway (Book)
FanfictionHarry nunca acreditou que se apaixonar doesse, mas sua concepção mudou totalmente quando ele conheceu seu novo vizinho de apartamento. Mesmo sem nunca terem se falado, o coração de Harry ficava quente e as borboletas em seu estomago criavam vida qua...