"Havia um brilho inocente em seus olhos"

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É outono em Seul, nas noite passadas choveram bastante, mas esta noite parecia que ela havia voltado mais agressiva. O doutor Park não se incomodava, passou a preferir a chuva de um tempo para cá, era como sua própria terapia, as paredes extremamente brancas de seu escritório o incomodavam mais que o frio que acompanhava aquela época do ano, mais que qualquer coisa, mas o som da chuva batendo em sua única janela, atrás de sua cadeira, era bastante confortante para ele. Estava silêncio, se ouvia apenas seus dedos deslizando nas folhas de algumas papeladas. Park lia tranquilamente cada palavra, não tinha nenhuma intenção de ir para casa, mesmo sendo tão tarde da noite. Todos os pacientes já haviam sido recolhidos e, certamente, muitos de seus parceiros de trabalho já estivessem em casa aquela hora. Já imerso aquele absoluto silêncio Park só ouvira o segundo grito que vinha de fora de sua sala. Deixando suas papeladas de lado se retirou de seus escritório, haviam sentados nas cadeiras de plásticos, coladas na parede branca da sala onde ficava a entrada, estavam dois garotos. Eles estavam extremamente calmos, haviam dois médicos do lado dos dois.
Os gritos que Jimin ouvira eram dos outros pacientes, que deviam estar dormindo, mas por algum motivo estavam gritando muito, o que não era normal de se acontecer.

— O que está acontecendo? Por que estavam todos gritando?

— Não é nada. Talvez eles tenham se assustado com o barulho do carro ou com as trovoadas  — respondeu Hyun, um dos médicos.

— De onde eles vinheram? — Jimin se referia aos recém chegados. Um deles olhava fixamente para Jimin, era mais baixo e aparentava ser mais novo que o outro. Jimin tentou ignora-lo.

— De Busan

— Busan? Por que estão aqui? — Jimin ficou confuso, por que transportariam dois pacientes de outra cidade para Seul? Não havia sentido.

— Ah, sim. Eu ia conversar com você ontem — Hyun deitou sua mão no ombro de Jimin — Você progrediu muito em relação ao tratamento da paciente 14, e, você sabe, estou ocupado com o 22 —  o 22 era o paciente Jhon, é um dos piores pacientes da clínica, ele é muio agressivo e muitas vezes é difícil de se lidar — Eu recebi a papelada daqueles dois há mais ou menos um mês, li ela ontem, e não acho que eles sejam do tipo 22.

— Você quer que eu fique encarregado do tratamento deles? — Jimin perguntou, mas estava claro que era isso

— Eles são calmos, certeza que não lhe darão trabalho. Fará isso, certo?

Jimin respirou fundo e concordou balançando a cabeça. Não estava cansado pelo fato de começar um tratamento novo, e sim por estar exausto mentalmente. Os meses passados foram realmente difíceis para o doutor, o término do antigo relacionamento ainda mexia muito com ele, apesar de já fazerem quase 2 anos.
Com novos documentos, ele sairá ainda mais tarde do hospital psiquiátrico, mas voltou antes que o sol se pusera na manhã seguinte.

Às 6h em ponto foi encontrar com os dois novos pacientes. O formulário deles não dizia muito, apesar de ter muito escrito ali. Jeon Jung Kook, de 24 anos havia assassinado seus pais em Busan, mas por ele sofrer de esquizofrenia, bipolaridade, transtorno de personalidade histriônica e antissocial veio para o hospital psiquiátrico de Seul. Já Kim Tae Hyung sofre de  transtorno de personalidade paranóide e esquizóide, e tem 26 anos. Seus avós tomavam conta dele desde criança, mas infelizmente vinheram a falecer logo depois de Taehyung começar o tratamento. Ele é um garoto de cabelos pretos ondulados, alto e magro, mas muito bonito, era até anormal ver um rosto tão bonito num lugar como este. As roupas brancas lhe caíram bem, em ambos, a negritude do cabelo dos dois pacientes harmonizavam aquela sala totalmente branca, que para quem não estivesse acostumado poderia até incomodar um pouco.

Park Ji Min nunca havia trabalhado com pacientes como Jeon Jung Kook, pacientes que já cometeram delitos, mas tentou ser o mais profissional possível quando teve que se aproximar do paciente para fazer alguns exames naquela manhã.

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