Você é hetero?

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Eu fui andando para casa. Eu tinha deixado meu carro na escola porque fui com Any até a casa dela e não estava com vontade de voltar para a escola para pegá-lo. Além disso, eu precisava de uma boa caminhada para acalmar meus nervos, porque não tinha certeza de como estava me sentindo. Obviamente, eu estava com raiva, isso vinha com qualquer interação com Josh. Mas eu também estava tão, tão confuso. Desde que o vi pela primeira vez, algo em meu corpo me repeliu, como se fôssemos dois ímãs com seus pólos norte voltados um para o outro. Mas quando ele esteve tão perto, foi como se um dos ímãs se movesse revelando seu pólo sul. Eu estava terrivelmente atraído por ele de uma forma que não conseguia explicar. Ou, bem, pelo menos com seu sangue. Nunca senti um desejo tão forte de morder. Eu estava tão perdido em pensamentos que quase passei pela minha casa. Isso era difícil de fazer, visto que era absolutamente enorme. Não era realmente minha casa. Eu morava lá, chamava de casa, mas era de muita gente para eu chamá-la de minha.

A mansão ficava mais ou menos no meio do nada. Era basicamente no centro de uma floresta; não havia outras casas ou edifícios por pelo menos um quilômetro. A própria casa era envolta por um véu de árvores tão altas e grossas que sempre ficava escuro quando olhava pela janela. Quando entrei, a sala estava surpreendentemente vazia. Normalmente, havia algum tipo de comoção acontecendo - uma casa com cinquenta habitantes raramente estava vazia. Agora, porém, a sala principal estava estranhamente silenciosa. Não demorou muito para perceber o porquê. Afinal, a sala não estava completamente silenciosa. Mais longe, mais perto da cozinha, eu podia ouvir as vozes briguentas de meu pai e meu irmão. Ninguém nunca quis estar por perto quando aqueles dois começavam. Atravessei a enorme sala de estar até que suas vozes viessem ao virar da esquina e pressionei minhas costas contra a parede para não ser pego.

- Precisamos atacar! Você não vê? Não podemos viver tão perto deles e esperar paz! Se não fizermos um movimento, eles farão - ouvi meu irmão dizer.

- Até agora, o único que parece ter uma guerra em mente é você - argumentou meu pai. Sua voz sempre me intimidou, mas nunca pareceu perturbar Krystian. - Você está sendo cego!

- Você está sendo tolo! Como você pode simplesmente ficar sentado aí sabendo que, a alguns quilômetros de distância, um bando de licantropos pode estar conspirando contra nós? Eles são lobisomens, pai! Eles são tortuosos e maliciosos e...

- Chega! - Eu ouvi meu pai berrar. - Eu não tenho certeza de onde vem sua obsessão com os lobos, mas ela acaba agora! Eles são nossos inimigos, mas enquanto eles ficarem parados, nós não iremos interferir com eles. Você entendeu?

Eu sabia que nem mesmo Krystian era ousado o suficiente para dizer mais naquele ponto, mas eu também sabia que ele não iria desistir tão facilmente. Ele desistiria por enquanto, mas surgiria novamente. O ódio de Krystian por licantropos não era segredo. Sempre que podia, ele expressava seu desprezo. É verdade que todos nós os odiamos - era parte de nosso ser - mas nenhum de nós era tão extremo quanto ele. Se ele pudesse, ele eliminaria toda a raça. Eu não sabia que um bando se mudou para a cidade. A ideia de lobos vagando por perto não era uma que me agradava, mas eu só podia imaginar o quão furioso Krystian deve estar se sentindo. Pulei da parede quando Krystian apareceu na esquina, furioso. Ele estreitou os olhos com desconfiança ao me notar.

- Você estava ouvindo? - Ele sibilou.

Escolhi minhas palavras com cuidado; um Krystian zangado não era alguém para se mexer.

- Não, não realmente, eu acabei de chegar. Eu ouvi lobisomens, no entanto. O que é isso? - Fiz a egípcia, fingindo não saber.

- Um maldito bando de licantropos se mudou não muito longe - ele rosnou, e eu sabia que tinha escolhido bem as minhas palavras.

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