Capítulo Único

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Preto e loiro, verde e cinza, força e sabedoria, todos juntos; prazeres abstratos e concretos, unidos entre si em um emaranhado de pernas e cabelos. Respirações ofegantes e suor misturando-se no toque dos lábios.

Para cada beijo um movimento cada vez mais profundo e intenso. Para cada estremecida um ofego.

Pequenos e vagos suspiros ecoavam poeticamente no vácuo. O pleonasmo dos corpos chocando-se carinhosamente em um ritmo de prazer mútuo que tomava o cômodo como um aroma doce no ar. Estavam se amando mais uma vez àquela noite. Entregando-se mais uma vez àquele sentimento irreprimível chamado paixão.

Os lábios de Annabeth encontravam-se semiabertos em um convite irrecusável para um beijo. O osculo veio de imediato, junto a uma onda de prazer incoercível que a fez arranhar as costas do namorado com as unhas curtas. Em troca ao ato, Percy mordiscou seu pescoço no instante em que o ritmo de seu corpo sobre o dela tornou-se tão rápido quanto o bater de asas de um beija-flor. Os gemidos escapavam-lhes à garganta em tom rouco e melódico.

Os olhos cinza cerravam-se a fim de observar aquele que lhe proporcionava tamanho deleite: cabelo bagunçado, lábios vermelhos, olhos fechados. Sim, ele estava sentindo aquela onda de prazer tanto quanto ela. E antes que pudesse dizer ou fazer algo, um último movimento fê-la contorcer-se e apertar-lhe os ombros. Chegara ao auge do ato. Estava no paraíso.

Momentos após, braços apertaram-na calorosamente, suas respirações descompassadas miscigenaram quando ambos os rostos foram postos paralelamente; testa com testa, lábios nos lábios em um selinho amoroso e suado. Um sorriso brincou no rosto de Annabeth quando Percy mordeu seu lábio inferior, ela espalmou seu peito de pele clara com algumas cicatrizes e o afastou minimamente, levando a mão até o queixo e subindo na diagonal pela face esquerda, acariciando desde o queixo liso aos fios negros grudados à testa suada.

— Te amo. — Annabeth sussurrou olhando-o nos olhos.

Percy soprou o rosto da namorada e sorriu quando ela reclamou.

— Eu te amo, Sabidinha.

Eles não sabiam, mas naquele momento uma mulher linda e elegante fazia um beicinho extremamente infantil enquanto fingia limpar uma lágrima. Sempre achava emocionantes momentos como aqueles vindos do casal que mais lhe dera trabalho.

Depois sorriu satisfeita. Estava orgulhosa de não ter desistido, afinal de contas ela era a Deusa do Amor e enquanto houvesse nem que fosse uma ínfima possibilidade de um sentimento florescer ela estaria lá, sempre pronta para torná-lo real.

Real, assim como seu casal favorito.

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