Millie
Estava na hora: Caminhei até o enorme portão, criando coragem pra entrar e enfrentar tudo aquilo, ambiente novo, pessoas novas, eu não gostava de nada disso.
Noah, como o esperado, não quis me acompanhar. Viemos no mesmo carro, porém ele desceu e andou até a faculdade mais que apressado, quase como se eu fosse uma doença.
"Tudo bem, Millie, você pode fazer isso, você pode fazer qualquer coisa."
Isso era o que minha mãe costumava me dizer sempre que eu duvidava de mim mesma, sempre que eu não queria fazer algo por medo, ela me prometeu, prometeu que sempre estaria comigo, mas não cumpriu, eu estava sozinha lá, e estou sozinha aqui.
Logo que entrei, recebi olhares inconvenientes, eles me analisavam dos pés à cabeça, como se estivessem julgando a minha presença, estava quase pra perguntar se tinham perdido algo em mim, mas ao invés disso, preferi me manter de cabeça baixa enquanto caminhava até meu armário, as pessoas continuaram a sussurrar como se não fosse de mim que elas estivessem falando, muita atenção me deixa nervosa, e estar nervosa me deixa vulnerável.
De repente, à atenção se voltou para o portão, onde um trio adentrava, Noah estava nele, junto de uma garota com os cabelos no tom mais ruivo que já vi, a mesma estava de mãos dadas com outro cara, bem mais alto que ela e Noah, eles certamente eram namorados, pela forma como o garoto abraçava sua cintura de um jeito protetor, ele exalava proteção, e muita beleza, eu não sei se ele era sortudo pôr poder colocar suas mãos nela, ou se ela era sortuda por ter as mãos dele rodeando sua cintura, provavelmente os dois.
Eles passaram por mim, a garota ruiva e o provável namorado me olharam, e diferente do que eu esperava, eles sorriram para mim, de um jeito amigável, e eu me assustei comigo mesma quando quase senti vontade de abraça-los, por um sorriso, mas quer saber? no meio de tantos olhares duvidosos e inconvenientes - inclusive do meu própio primo-, quase sentir vontade de abraçar as duas únicas pessoas que não me olharam como se eu fosse um alien, não era tão estranho assim.
Segui até a sala, hora do segundo passo.
Eu estava apavorada, mas eu posso fazer isso, eu posso fazer qualquer coisa.
Subi até o segundo andar do prédio, onde seria o andar que eu iria ficar. No segundo andar ficava o pessoal de direito, no terceiro, o pessoal de música, no quarto, o pessoal do cinema e no último, o pessoal de química. Entrei na sala, eu tinha me apressado, e com exceção do professor, eu era a única pessoa ali.
Mas isso não durou, de repente, eu senti um arrepio em todo o meu corpo, e me virei até a porta, onde os olhos mais escuros que já vi me encaravam, com uma intensidade que eu não estava acostumada, meu sensor de perigo apitava a cada passo daquele garoto, o garoto mais lindo que eu já vi na vida, e ele sorriu, um sorriso perfeito, e meu sensor apitou ainda mais: ele é perigoso, era como se algo me avisasse que ele é um risco. E esse é o tipo de coisa que eu não quero.
Comece apagando o fato de ele ser lindo, ah, não pode, você já fez uma análise completa.
Meu subconsciente é tão irritante.
Ele não parece ser o tipo de cara que faz mal à uma mosca, pelo contrário, mas esse sorriso, é o sorriso de caras que podem maltratar corações.
Ele chegou até mim, e só então reparei que ele estava acompanhando a garota ruiva do corredor.
Puta que pariu, ele literalmente chegou até mim, porquê está oferecendo sua mão, agora.
- Oi, garota nova, sou Finn. - Ele disse, gentil e divertidamente, me estendo a mão, com o mesmo sorriso no rosto.
O ignorei. Ele virou a cadeira e sentou -se de forma contrária, daquele jeito "bad boy" que eu costumo ver em filmes.
- Sei que está me ouvindo. Você está bem, garota nova? - Como alguém consegue ser gentil e irritante ao mesmo tempo?
-Eu tenho a porra de um nome.- Queria ter dito, mas me contive.
- Uou, tudo bem, então diga o seu nome, ué - É, parece que o lance de se conter não tinha rolado.
- É Millie, agora por favor, eu estou ocupada. Vire-se e me deixe. - Falei, focando em fazer desenhos aleatórios no meu caderno.
- Você é sempre mal-educada assim, ou eu estou recebendo tratamento especial? - Disse divertido, porra, ele não deveria ser legal.
- E-eu não sou mal-educada, ok? - Disse um tanto constrangida, eu não o tipo de pessoa que distribui ódio gratuito.
"As pessoas lidam todos os dias com seus próprios problemas, não seja mais um, se tiver a chance de ser gentil com alguém, só seja." Sim, minha mãe era a melhor pessoa do mundo.
- Jura? você não pareceu muito educada quando te abordei - Ele tinha razão. Não querer se aproximar, é escolha, o tratar com uma ignorância que ele não provocou, é ser idiota e mal-educada.
- É, foi mal - Disse dando um sorrisinho, pra amenizar as coisas. - Pare com isso.
- Com o quê? - Perguntou, meio perdido
- Você está me encarando. - Ele realmente estava. E eu não estava gostando da sensação, era como se meu estômago estivesse em uma fodida festa, juro que tem algo de errado.
- Minhas humildes desculpas, Mills. - Falou com uma entonação engraçada.
Mills?
Deixei escapar uma risada, o que fez o mesmo me encarar de novo, antes de se levantar, ir em direção à ruiva, e em seguida, sair da sala. Não deixando de me lançar um dos seus sorrisos estúpidamente lindos.
Peguei os meus livros e caderno de exercícios quando o professor começou a escrever algumas coisas no quadro. De repente ele parou e olhou para a classe.
- Bom classe, irei passar um trabalho para vocês me entregarem na próxima semana - o professor começou a explicar.
Mas já? Meu primeiro dia começa assim?
(...)
Seis anos atrás
- Papai, eu posso eu ir na casa do Jack? - perguntei como qualquer criança empolgada.
Ele se levanta do sofá com a pior cara do mundo.
- Por que você quer ir na casa daquele moleque, hein? - ele se levanta e se aproxima de mim - Você não vai pra porra de lugar nenhum - ele segura firme em meu pulso - Você vai ficar bem aqui com o seu papai - ele aperta forte o meu pulso - Você entendeu?
Meus olhos já estavam completamente cheios de lágrimas.
- Eu perguntei se você me entendeu, Millie - ele me aperta mais forte ainda - RESPONDA!
- S-sim p-papai.
(...)
Assim que o sino bateu, corri pra fora daquela sala. Estava a caminho do refeitório quando sinto alguém puxando o meu braço me fazendo virar para o lado contrário que eu estava indo.
- Acho que precisamos conversar, Millie.
Notas Finais;
oii...boa noitee♡
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Stand Out - Fillie
RomanceCidade nova, pessoas novas, ambiente escolar novo. Isso para muitas pessoas pode parecer a pior coisa do mundo, mas para Millie não, bom, pelo menos não tanto. Após os piores acontecimentos de sua vida, tudo o que ela precisa é de um recomeço. Um re...