Flames | Yoondessa Oneshot

Flames - Capítulo Único

Min Yoongi já esteve ali antes.

Já havia sentido seu corpo paralisar por completo daquele mesmo jeito, aquele aperto inconveniente no peito, como se seu coração fosse capaz de explodir a qualquer momento, tudo por um único motivo.

Um motivo tão bobo que poderia ser considerado uma brincadeira de mal gosto por parte do garoto de cabelos escuros, mas mesmo assim era impossível conter as reações que tomavam seu corpo por completo sempre que avistava as mechas avermelhadas que se destacavam em meio à multidão.

E eram naquelas mechas de um vermelho tão inconfundível que ele sentia seu sangue da mesma cor correr simultaneamente até seu coração, fazendo-o acelerar de maneira exorbitante.

A garota dançava em meio a tantos corpos espremidos na pista de dança daquela festa tão distinta das outras. A destra segurava um copo colorido, cheio pela metade com qualquer bebida de teor alcoólico que era servida no local enquanto a canhota se movia em contraste com o próprio corpo, este que ondulava no mesmo ritmo da música genérica e estranhamente envolvente de modo cativante.

A batida tão comumente encontrada em bares ou caixinhas de música adolescentes em um som ridiculamente alto encobria as batidas errantes do órgão pequeno que bombeava sangue freneticamente por suas veias finas a cada vez que seu olhar felino caia sobre o rosto daquela que lhe chamava a atenção. Os olhos fechados e o sorriso mínimo se destacavam dentre tantos outros, a testa era coberta por poucas gotas de suor e os fios de cabelo balançavam conforme a melodia. Seria estranho dizer que Min estava hipnotizado? Porque era exatamente assim que ele se encontrava naquele momento. Lembrou de que prometera a si mesmo nunca mais deixar-se levar pela figura angelical da garota, mas o que acontecia era definitivamente o contrário.

Estava mais perdido a cada segundo que deixava-se olhar para o modo da qual a moça de madeixas tão escuras quanto o céu noturno parecia se entregar totalmente ao momento da qual vivia, sem parecer se importar com os olhares que recebia a cada novo mexer que fazia. Gostava desse jeito dela, dessa visão que passava aos outros como se verdadeiramente não se importasse ou deixasse levar pelos olhares e comentários negativos que recebia ao ser ela mesma, mas acima de tudo sabia que guardava todos aqueles fatores internamente, deixando-os acumular até seu limite, quando jorrava suas angústias fora em uma festa qualquer, dançando e cantando loucamente como naquele momento.

Como em todas as outras festas em que se encontraram.

Observar a mais baixa lhe dava certa nostalgia. Recordava-se do momento em que se conheceram, dos olhares furtivos e do choque instantâneo que seu corpo pareceu levar na primeira vez que a mão delicada e com o esmalte descascando em cada uma das unhas recostou sobre seu braço. Lembrava-se do primeiro abraço, dos corações acelerados, das guerras de travesseiro, do primeiro beijo, da primeira briga. Conseguia sentir o nervosismo da primeira vez, a timidez que exalava do corpo menor que o seu, dos sorrisos trocados em momentos inoportunos. Ainda sentia sua pele ansiar pelos toques delicados, a respiração falhar sempre que passava pela colina que costumava ser seu ponto de encontro para qualquer que fosse a aventura que tivessem em mente. E tão avassaladoramente como todas as outras lembranças, em sua memória era tão vivido quanto o céu azul o último sorriso, o último beijo, a última briga e o momento em que seus olhos capturaram seu quarto vazio, assim como todo o dormitório que costumavam dividir. O guarda-roupa, a pouco mais de 1 ano, não abrigava mais as peças diversas que um dia ocuparam quase todo o espaço do móvel, sobre a pia não se era mais visível a escova de dentes personalizada com algum personagem de desenho animado tão característica, sobre o chão não mais se encontravam os lápis, pincéis, canetas e tantos outros materiais de desenho que passavam grande parte do dia nas mãos pequenas da garota manchando folhas e mais folhas de papel em testes incansáveis de novas obras.