Era madrugada quando meu celular começou a tocar,virei a tela para mim estranhando o fato de ver o contato de minha sogra. Deslizei meu dedo atendendo-a.
- Cíntia? - perguntei, com um fio de voz.
- Olivia, minha querida. O Peter.
Meu mundo parou. Foi como um mar de água fria me atingindo em cheio. Congelando-me. Era madrugada, que boas notícias podem vir desse jeito?
E realmente, não era notícias nada boas.
Não sei como agi, como e de onde tirei forças para levantar-me da cama, vestir roupa e chegar ao hospital que nem sei como havia chegado.
Somente me permiti desabar quando senti o conforto do abraço de Cíntia e Derek, meus sogros. Ali, deixei que todas as lágrimas saíssem. Toda angústia. Desespero. E principalmente, medo.
Medo, muito medo. Eu não sabia como ele estava e muito menos se estava vivo. Ele tinha que estar vivo. É horrível essa sensação, saber que alguém que você tanto ama está sendo aberto em uma mesa gelada de cirurgia entre a vida e morte. Decidindo se vai até a luz no final do túnel ou se fica, lutando para sobreviver.
- Calma, querida - Cíntia me afastou limpando as minhas próprias lágrimas.
- Como ele está? Onde ele está? O que aconteceu? - perguntei, revezando em olhar entre os dois.
- Sente-se - Derek pediu, obrigando-me a sentar em uma daquelas cadeiras nada confortáveis.
Cada um se sentou em um lado, me deixando no meio e ambos pegando minha mão. Eles eram como meus pais, meus segundos pais e os amava imensamente.
- Oli - virei-me para meu sogro - Um carro, desgovernado bateu na moto. O que sabemos é que o motorista teve um convulsão, não foi culpa dele - assenti - Peter teve ferimentos graves, é tudo o que sabemos.
Uma nova onda de preocupação me invadiu. Tanto é, que tive que me encostar totalmente na parede buscando ar para respirar e tomar água que Cíntia trouxe para mim.
- Peter é forte, vai sair dessa - consolou-me - Ele não vai perder a chance de morar com você.
Um sorriso triste surgiu em meus lábios.
- Ele te contou? - ela assentiu.
- Nunca o vi tão feliz, não chore. Ele está em boas mãos. Vai sair dessa - garantiu, fazendo a esperança brotar em meu peito.
Uma, duas, três horas e nada de notícias a não ser "O doutor está fazendo o possível". Somente depois de cinco horas o cirurgião veio até nós e cumprimentando-nos.
- Sou o Dr. Hunt, o neurologista, responsável pela cirurgia de Peter. Fomos informados que com o capacete não estava corretamente fechado, fazendo-o com que ele saísse com a batida.
- Aí meu Deus! - Cíntia sentou se ao meu lado.
- Peter teve um traumatismos Crânianio e duas costelas quebradas. Realizamos a craniectomia e fizemos o realocação das costelas. Apesar de ter tido uma parada cardíaca, conseguimos trazê-lo de volta.
- Então ele está bem? - perguntei, respirando fundo.
- Sim, mas..
- Mas? Tem que ter esse "mas"? O sofrimento não acaba - Derek passou a mão por seus cabelos rasos.
- Foi um cirurgia delicada, onde precisa de um repouso sem esforço algum. Tivemos que coloca-lo no coma induzido para diminuir as atividades cerebrais.
- Ele ira ter sequelas? - perguntei, já que meus sogros já não tinham mais condições.
- Só saberemos depois que ele acordar, pode acontecer de tudo mas o importante é que ele está vivo - assenti - O coma induzido será retirado daqui três semanas mas, ele não acordará de imediato. Quem irá decidir a hora de acordar, vai ser ele.
- E se ele não acordar? - o médico se sentou a minha frente.
- Não quero ser insensível mas, damos três meses para ele acordar depois do fim do sedativo. Se isso não acontecer, consideramos que ele entrou em estado vegetativo e propomos o desligamento das máquinas - concordei, sentindo meu coração se apertar.
- Podemos ver ele? - Minha sogra perguntou, aflita.
- Não podem entrar no quarto mas, um de cada vez pode ir até a janela de acesso e o observa-lo de lá - explicou.
Meu sogros foram primeiro que eu e pela maneira de como voltaram eu sabia que ia ser a coisa mais triste que eu iria presenciar. Estavam abalados e não consigo imaginar a dor que devem estar sentindo em ver o filho naquele estado.
Quando chegou minha vez, minhas pernas foram no automático para a ala onde Peter se encontravam já que eu não conseguia raciocinar nada do que estava fazendo.
A realidade só me atingiu de vez quando eu o vi.
Levei a mão até a boca impedindo do soluço sair. As lágrimas sairam rasgando minha pele, meu coração sentia uma dor tão grande que eu incapaz de descreve-la. E meus olhos não acreditavam que via até então, um homem jovem e aventureiro deitado em uma cama de hospital. Imóvel.
Coloquei a mão trêmula sobre o vidro acreditando que talvez eu o pudesse sentir, que eu pudesse o tocar e falar o quanto eu o amava.
A enfermeira que estava no quarto saiu parando em minha frente, talvez com pena.
- Ele está bem? - perguntei.
A mulher que era negra com os olhos pretos como jabuticaba sorriu colocando a mão sobre meu ombro, oferecendo um sorriso simpático.
- Vai ficar.
Balancei a cabeça enquanto ela se afastava andando pelo corredor. Meus olhos se fixaram em Peter novamente. A única certeza que eu tinha que ele estava vivo era por conta da máquina que apitava na medida que o coração batia. Mas eu não sabia até quando ela apitaria.
- Não me deixa, seja forte. Por nós - supliquei, pedindo aos céus que de alguma forma ele me escutasse.
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Até você se lembrar. {Completa}
Romance"Quem é você?" Foram as três palavras que saíram da boca dele. As três palavras que ela não esperava ouvir depois de dois meses. Eles estavam prontos para iniciarem uma nova fase. Um novo passo em suas vidas. Um novo parágrafo na história de amor qu...