O resto dia passamos a trabalhar sem sair escritório de Louis em nenhum momento. Confesso que fiquei trabalhando por um bom tempo em pé. Sem contar que ninguém veio nos atrapalhar ou perguntar alguma coisa, e acho que o motivo disso foi porque Tomlinson deve ter dado essa ordem à todos ali presentes.Minha bunda ainda está dolorida, obviamente. Mas a massagem com o creme de arnica que recebi ajudou bastante, sem contar que relaxou-me como nunca. As mãos de Sr. Tomlinson são incrivelmente talentosas. Já no fim do dia, na hora que acabava meu expediente, ele perguntou-me se eu gostaria de uma carona. Obviamente aceitei, eu que não iria sair mancando até a parada de ônibus no estado em que me encontro. Essa é uma vergonha que prefiro evitar passar.
Quando saímos da sua sala - com uma cara cínica de paisagem, vale ressaltar. - quase ninguém nos olhou. No fundo, eu esperava no mínimo expressões de julgamento ou até mesmo de choque. Afinal, lembro-me muito bem que eu não fui nada silencioso nesta manhã. Ou, só talvez, o enorme corredor até o escritório de Louis fosse mais extenso do que eu esperava, abafando assim todos os sons que fizemos.
Enquanto esperávamos a chegada do elevador, observei que a tal da Sra. Caldor olhava para nos dois com um semblante curioso. Isso piora quando as portas de metais se abrem, e é onde Louis Tomlinson tem a brilhante idéia de resolver colocar sua mão na minha cintura, guiando-me para dentro. Não vou negar que a cara de surpresa que a garota expressou satisfez minha vadia interior.
No momento de agora, eu encontrava-me sentado no banco do passageiro do carro de Louis. Hoje ele estava dirigindo um Jaguar F-Type da cor vermelho que me lembrava muito o tipo de vinho que parecia gostar de beber. Era lindo e chique, e olhando pela janela, quase todas as pessoas na rua nos encaravam ao passar por elas. Desde quando entrei no carro, nenhum de nós dois conversamos. Bem, não é algo que eu faço questão, já que sei que Louis prefere o silêncio do que um diálogo. Ao menos ligou o rádio, onde começou a tocar How de The Neighbourhood num volume relaxante e não muito alto. Gosto dessa música. Apesar de achar sua letra ligeiramente pesada e melancólica. Batuco os dedos na coxa no ritmo do som.
How could you tell me that I'm great,
when they chew me up, spit me out, pissed on me? Why would you tell me that it's fate, when they laughed at me, every day, in my face?
(Como você pode me dizer que sou importante, quando eles me mastigaram, cuspiram, mijaram em mim? Por que você me diria que isso é destino, quando eles riram de mim, todos os dias, na minha cara?)Quando chega nessa parte da música, por algum motivo a primeira coisa que faço é olhar para Louis. Seu maxilar estava marcado com rigidez, deixando-o completamente evidente para quem o olhasse. Seu rosto está insondável, sombrio e inexpressivo, enquanto não desvia o olhar da rua nem ao menos por um segundo. Os seus dedos ao redor do volante se apertavam com força, embranquecendo as pontas por tamanho esforço. Franzo a testa.
If you're gone, then I need you.
If you're gone, then how is any of this real?
(Se você for embora, eu precisarei de você. Se você for embora, então como tudo isso poder ser real?)Noto que sua respiração se acelera, porém mesmo assim ele sequer muda de semblante ou dar indício do que poderia estar sentindo. Está se controlando. Eu só percebo a mudança por estar com a atenção somente e unicamente nele. Num ato não pensado, impulsivo e que com certeza teria tudo para dar errado, decido levar minha mão até a sua. De um jeito lento e cauteloso, coloco-a em cima de seus dedos rígidos. Ele acaba se assustando quando o faço, parecia que estava com a mente em outro lugar e não percebeu o início do meu gesto. Não fala uma só palavra, mas permite que eu tire sua mão do volante com cuidado e a leve para meu colo, posteriormente entrelaçando os meus dedos nos seus com lentidão, até estarmos com a palma coloda uma na outra. Ouço-o respirar fundo bem baixinho, logo em seguida seu polegar faz um leve carinho sobre minha tatuagem de cruz. Parecia agradecer. O que quer tenha acontecido ou o que aquela letra de música o fez lembrar, sinto que consegui puxa-lo de volta para a realidade.
Passamos o resto do caminho de mãos dadas, apesar de continuar sem trocar nenhuma palavra. Quando ele estaciona em frente ao meu apartamento, já são seis da noite. Louis desliga o motor, igual da última vez e sei que ele vai falar algo.
— O que irá fazer nesta quinta-feira, depois do trabalho? — Pergunta, virando-se na minha direção. Pisco os olhos. Como ele saí de um estado de espírito para outro tão depressa? É muito inconstante... meio difícil de acompanhar.
Ou, ele só seja um bom mentiroso.
— Ah, provavelmente só vou voltar para casa como sempre. Por que a pergunta?
— A festa de Jauregui é nessa sexta-feira... — Aceno com a cabeça, concordando e indico que continue. — Por isso, quero levá-lo à um lugar antes. Se me permitir.
— E que lugar seria esse? — Indago. Ele sorri de lado. Um sorriso meio minimalista, eu diria.
— É surpresa, Harry. Mas, eu gostaria de saber se você vai aceitar sair comigo. — Seus olhos azuis encaram-me fixamente, parecendo até um pouco ansiosos.
— Estou começando a achar que você adora essa coisa de ser misterioso. — Ergo a sobrancelha na sua direção, logo depois sorrindo abertamente. — Tudo bem, eu aceito.
— Fico feliz que sim. — Estica seu braço e pega minha mão, como a primeira vez, beija meus dedos com uma certa delicadeza e afeto. Sinto meu estômago dar um salto. — Bem, obrigado por hoje. Foi um bom dia, graças à você. — Os cantos da sua boca curvaram-se num sorriso malicioso. Sinto minhas bochechas se esquentando, igualmente meu corpo. O poder que ele tem sobre mim...
— Sempre que precisar. — Lhe devolvo o mesmo sorriso. Não seria nenhum esforço repetir o que fizemos hoje. Na verdade, seria um prazer.
Ao deixar minha mão de volta em meu colo, segura meu queixo, puxando-me para mais próximo de si. Gesto esse que noto que Louis parecia frequentemente gostar de fazer, e não vou negar que eu também. Encosta seu nariz na minha bochecha, raspando-o suavemente na minha pele corada. Era como um carinho. Fecho os olhos, gostando dos arrepios que acabou por fazer-me sentir. Seu polegar toca em meus lábios, alisando-os de forma lenta, arrancando um suspiro de minha parte.
— Seus lábios são tão lindos, meu doce. — Sussurra contra minha boca, depois beijando-a no canto. — Ficam ainda mais atraentes quando está colado nos meus.
— Não tem como discordar. — Murmuro antes de finalmente beijar sua boca macia, pondo a mão no seu pescoço e o puxando para mim o máximo que era possível no momento.
Percebo-o suspirar contra meu rosto, antes de levar uma de suas mãos até a minha cintura e apertar-la. Sinto seus dentes agarrarem meu lábio inferior, mordendo-o devagar enquanto inclina sua cabeça para trás. Abro os olhos segundos depois e a primeira coisa que vejo é aquela iris azul, faiscando um brilho fúnebre e sinistro que faz meu batimento cardíaco rapidamente se acelerar. Sua boca transformava-se naquele seu sorriso perverso antes de tornar a encostar seus lábios nos meus, dando-me um selinho como despedida. Pisco os olhos, meio desnorteado.
— Até amanhã, meu doce. — Sussurra, com a sua voz de anjo tão de perto. — Irei mandar alguém busca-lo as sete e meia.
— Louis... — Começo a falar mas ele me interrompe.
— Por favor, Harry, eu só quero que chegue ao trabalho com segurança. — Torna a sussurrar, olhando-me com aqueles olhos tão bonitos e hipnotizantes. Suspiro profundamente.
— Ok, Sr. Tomlinson. Até amanhã. — Respondo lhe dando um meio sorriso, ainda sentindo-me ofegante ao sair do carro. Com a dúvida se era por conta do beijo ou daquele olhar diferente e sombrio, rondando minha mente. Talvez seja os dois.
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Fifty Shades Of Blue • Larry
Fiksi PenggemarQuando Harry Styles vai à entrevista para ser o secretário do jovem bilionário e CEO Louis Tomlinson, não imaginaria que iria se atrair tão facilmente por aqueles olhos azuis frios e vazios. Muito menos esperava que seria algo recíproco, apesar da d...