Capítulo onze - Decaindo

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FELIX

Eu não sei mais o que fazer. Meu pai está muito doente, a beira da morte para ser mais exato. Conseguimos espulsar os elfos, mas por quanto tempo? A família de boa parte dos meus soldados sofreu perdas, incluindo a família de Bernard, o coração de sua mãe não aguentou mais uma batalha de seu amado e único filho. Sua noiva não sabe mais o que fazer para ajudá-lo e veio me pedir ajuda, sei que devo isso a ele, pois Bernard me ajudou quando perdi Laura, mas sou um ser egoísta, admito, não tenho cabeça para esse tipo de coisa.

E Laura? O que vou fazer sem ela? Ela era uma das pouca certezas que eu tinha na vida, mas ela se foi. Nunca mais escutarei aquelas respostas espertas, nunca mais verei seu sorriso ou escutarei sua gargalhada, não sentirei seu sabor ou escutarei seus suspiros ao meu toque. Jamais descobrirei como seriamos como casal. será que ela realmente me mudaria por completo? Quantos filhos teríamos? Como seria nosso reinado? Nossas brigas? Reconciliações? Nos reconciliaríamos? Ela realmente me amava, ou estávamos ligados apenas pelo desejo?

Eu tinha medo de sentir. Tinha medo de me apegar como meu pai se apegou, e depois perder, assim como ele perdeu. Mas mesmo evitando ao máximo, segui os passos de meu pai em relação ao amor. Queria eu ter tanta bondade no caraçãoquanto esse ser de luz que é meu pai. Sei que não sou um exemplo a ser seguido, talvez por isso precisasse de Laura do meu lado. Ela sim era um examplo a ser seguido. Uma mulher forte, decidida, pura e linda. Uma mulher que tinha o dom do perdão.

 Ela havia me perdoado e eu, ruim como sou, me aproeitei disso para seduzi-la. Sou mesmo um ser imundo. Se ela não houvesse fugido, apenas a Deusa sabe o que eu poderia ter feito.

 Seu cheiro me embriagava. Seu gosto me tirava de mim. Sua voz me desafiava a tentar. Sua presença me enlouquecia. Não sabia o que fazer para não sucumbir a esse desejo louco que eu sentia por ela.

 Estou sentado ao lado do leito de meu pai. O grande rei Lucan precisa de decanso. Talvez ele encontre minha mãe. O amor que eles sentiam um pelo outro era quase palpáve, me permiti imaginar ter um amor assim um dia. Mas então minha mãe se foi e, o único sentimento que me permiti sentir, que eu mermiti que me possuísse por inteiro foi a raiva. Me tornei uma vergonha, uma sombra do que um homem digno deve ser. 

 Meus pensamentos são interrompidos quando ouço um chamado fraco de meu pai. Ele chama por Laura.

 - Filha... Filho...

 Posso ver que se esforça muito para proferir tai palavras. Vou ate ele e seguro sua mão direita. Ele está frio. Sua mão treme. Pobre pai, nem mesmo em seu leito de morte tem paz.

 - Shh, estou aqui pai. Estou aqui. - Sussurro em vã tentativa de acalma-lo.

 ele abre os olhos e olha diretemente para mim. Vejo cansaço em seu olhar, mas também vejo esperança.

 - Felix, proteja Laura. Ela ainda vive, meu filho. Eu a vi. - Na última frase sorri fracamente, como que se lembrando de algo bom e feliz. - Está com os trols, não deixe que Frodotoque nela. Ele quer seu coração. - Ele fala tudo tão rapidamente que me assusta.

 - Pai... - Digo novamente ao tenta-lo acalmar. Pobre pai, estás a ter um delírio.

 - Prometa meu filho! - Ele diz suplicante. - Prometa.

 - Eu prometo pai. Eu prometo fazer tudo possível para protege-la. Juro pela minha vida.  - Digo, pois se esse não for apenas um delírio de um pobre homem a beira da morte, pretendo cumprir essa promessa ferreamente.

 Ele então sorri fracamente olhando para o teto, como visse algo muito gratificante lá.

 - Meu amor.... - Ele diz em um suspiro.

 A mão que segurava de repente para de me segurar de volta.  Seus olhos ficaram foscos, sem vida. Há um leve sorriso em estampado em seus lábios, como estivesse aliviado. Meu pai se foi...

Não percebo que estou chorando até ser fortemente sacudido por um soluço. Meu rosto encharcado enterrado no peito sem vida de meu amado pai. A dor de perder todos que amo é lasciva. Me corrói por inteiro. Não posso enterrar mais alguém, não suportaria.

 - Pai! - Grito em desespero.. - Não, não, não, não! Preciso de seus conselhos pai. Preciso de suas broncas. Paaaai! Não vou saber fazer isso! Voltaaa! - Sinto braços me puxarem. Escuto vozes me pedindo que fique calmo.

 - O que eu faço agora? Hum? Devo ser forte não é? É isso que todos querem, não é? Que justiça é essa, em Deusa? Que tira tudo o que me mantém de pé? Que me tortura? Fez o mesmo com Bernard não foi? O que fazemos agora? Hum? Espero que esteja se divertindo ao ver nossa dor. - GRito toda minha indignação.

 - Ei, olha para mim. - Essa é voz de Bernard. O que ele está fazendo aqui?

É possível amar?Onde histórias criam vida. Descubra agora