LUCCA DEINERT.
Nasci e cresci sem pai. Sempre fomos Sina e eu.
Não, meu pai me assumiu, porém o destino o tirou de mim.
Cresci vendo minha mãe batalhar duro para não morarmos na rua ou não faltar comida. Via dias que ela não dormia, apenas costurava pra que eu tivesse uma roupa pra vestir ou que ela conseguisse vender pra colocar comida na mesa.
Sempre culpei minha mãe pela morte de meu pai. Cheguei a dizer que se ela tivesse mantido as pernas fechadas, eu não teria vido ao mundo e meu pai não teria pego aquele bendito avião.
Via minha mãe chorar escondida no canto, por palavras que eu usei. Por ameaças que eu fazia. Até por roxos que eu deixava em seu braço.
Cresci vendo meus amigos com pais ricos, tendo sempre o que quisessem, tendo pai. E eu, eu vivia apenas com a mulher que parei de chamar de mãe.
Sina saiu de casa quando descobriu sobre mim. Decidiu procurar um emprego pra não depender de meu pai e poder nos sustentar. Ouvi relatos de meu tio sofre o quanto minha mãe sofreu na minha gravidez.
Minha mãe quase sofreu um aborto espontâneo. Mas ela lutou até o último segundo pra que eu sobrevivesse. Meu tio tem mania de falar que eu lutei com ela, que eu estava lá com ela, mas não acredito nisso.
Bom, acreditava.
Presenciei dias que via minha mãe quase desmaiar, talvez cansaço ou fome. Presenciei ela se machucar na rua, quando foi atrás de comida pra mim, só porque eu queria um cachorro quente que só tinha no outro lado da cidade.
Ouvi minha avó me rejeitar e ouvi minha mãe me defender.
Sonhei com meu pai, mas não foi um sonho bom.. ele dizia coisas horríveis pra mim, do tipo você não é o garoto que eu e sua mãe sonhamos.
Foram 17 anos desprezando minha mãe. 17 anos levando tristeza pro céu, pra onde papai está. Foram 17 anos pra eu entender que a morte do meu pai não é culpa dela.
A minha avó me rejeitar, não foi culpa dela.
Meus amigos terem tudo que querem, não é culpa dela.
Eu entendi que ela sempre me colocou em primeiro lugar, entendi que ela não se importava em não dormir desde que eu dormisse, não se importava em passar fome desde que eu comesse.
Hoje, cheguei da escola e vi minha mãe deitada no sofá. Se fosse os dias anteriores, teria gritado com ela e falado pra ela trabalhar mais, antes que falte algo pra mim.
Hoje, eu me agachei a sua frente e acariciei seu rosto pálido e cansado. Depositei um beijo em sua testa e a cobri com minha coberta.
Hoje, preparei o almoço com o que tinha sem reclamar.
Hoje, acordei ela com beijos carinhosos em sua face e um sorriso verdadeiro.
Hoje, eu vi os olhos de minha mãe brilharem de felicidade.
Hoje, eu senti meu coração quentinho.
— Vem mamãe, eu fiz o almoço para nós. — Sorri e a ajudei se levantar, a ajeitei na mesa e coloquei seu prato em sua frente.
Comemos em silêncio, mas um silêncio bom. Um silêncio de felicidade.
Mamãe disse que precisava ir ao quarto, terminar de fazer as roupas mas que se eu precisasse era só chamar.
Decidi que eu a devia perdão. Perdão por ter desprezado a única pessoa que mais me amou aqui na terra. A única pessoa que deu o seu descanso pelo meu, sua fome pela minha, seu sorriso pelo meu.
Beijei a testa de minha mãe e a deixei ir pro quarto. Me sentei no sofá e sorri quando me recordei de uma trend do tik tok.
Corri até meu quarto e peguei meu celular, procurei Ser Humano ou Anjo e fui até o quarto de mamãe.
— Mãe? A senhora teria um minuto? — Vi um sorriso se abrir em seus lábios, talvez pela palavra "mãe".
— Claro pequeno, vamos lá. — Se levantou e caminhou até mim, segurei em sua mão e a guiei até o sofá.
— Quero que preste atenção nessa música e que me perdoe por tudo que fiz. — Antes que ela dissesse algo, comecei a gravar e vi suas reações pelo celular.
Meus olhos se encheram de lagrimas no mesmo momento que minha mãe soltou um soluço.
Quantas vezes tentei
Já caí, levanteiÉ você que me mantém de pé
Não preciso gritarVocê vem me salvar
Você sente quando eu vou chorarParece não ser desse mundo
Porque você sabe de tudo.Minha mãe me abraçou como se não houvesse o amanhã. Beijou minha bochecha e sussurrou.
— Eu te perdôo meu filho, eu te amo demais. Perdoa a mãe por nunca ter conseguido dar tudo o que quis, mamãe sempre tentou dar o melhor pra ti.
Suspirei e segurei suas mãos, colocando em meu coração.
— Eu sempre senti orgulho de você, mamãe. Mesmo que não parecesse, eu não tenho que te perdoar, mãe, apenas você precisa me perdoar.
Senti seus braços em volta do meu corpo e sorri com isso. Eu nunca havia a deixado me abraçar. Nunca havia a deixado dar carinho.
Apertei mais seu corpo ao meu e chorei baixinho, querendo nunca mais sair daqui.
Minha mãe é um Ser Humano em forma de Anjo e meu pai sempre será meu Anjo da guarda.
Encarei o teto, como se fosse o céu, e disse sem som.
— Obrigado pai, por tudo. Eu te amo aqui na Terra e você aí no céu.
uh, fim.
não deve ter ficado boa, mas eu gostei de escrever.
sempre que ouço essa música eu choro :(
espero que vocês tenham gostado pelo menos um pouquinho.
xoxo, gab
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𝗦𝗘𝗥 𝗛𝗨𝗠𝗔𝗡𝗢 𝗢𝗨 𝗔𝗡𝗝𝗢 ━━━━━━ sina deinert. ✓
Fanfiction₊˚✩ 🍭 ━━━━ Ser Humano ou Anjo. ﹙ sina deinert﹚♡ 🍀┆Onde Lucca, filho de Sina, pede perdão a sua mãe com uma música. ━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━ ━━━━ sina deinert story. original version. ━━━━ plot and cover by me. ━━━━ fanfiction conclu...