Marco
O carro estava em um silêncio constrangedor. Só que hora ou outra eu passava meus olhos por Beatrice. Ela estava concentrada em olhar somente para frente, no entanto suas pernas demonstravam que estava ansiosa com alguma coisa, já que não paravam de se movimentar em momento algum.
Aquele dia estava sendo um martírio para mim, nunca mais pensei que ficaria sozinho com Beatrice no mesmo lugar e estar ali, tão próximo a ela, mexia demais comigo. Eu sentia até um pouco da minha respiração ficar presa a minha garganta.
Só que por sorte, ou por puro destino, para que aquele constrangimento não ficasse no ambiente, o celular de Beatrice tocou. Ela o tirou de dentro da bolsa e eu não pude deixar de perceber que um sorriso leve abriu em seus lábios.
Até podia imaginar quem estava do outro lado e também um sorriso surgiu nos meus.
— Oi, meu amor — ela atendeu.
Ouvi a voz de Beatrice mudar o tom e tive certeza que era quem eu pensava.
— Sim, a mamãe já está trabalhando. — Houve uma pausa, mas ela logo voltou a dizer: — Estou ao lado dele.
Assim terminou de murmurar, eu acabei estacionando, pois havíamos chegado ao restaurante que aconteceria a reunião. Beatrice afastou o telefone e estendeu para mim.
— Adivinha quem quer falar com você?
Peguei o telefone que ela estava me oferecendo e o levei até o ouvido.
— Pode falar, minha princesa.
— Tio, Marco. — A voz doce de Sofia reverberou.
— Minha princesa, como você está?
— Tô bem, tio Marco. Quando você irá me visitar?
Olhei de esguelha para Beatrice e murmurei:
— Hoje quando for deixar sua mãe aí, irei aproveitar para te apertar muito. Tudo bem?
Beatrice me olhou com o cenho franzido e sua boca até se abriu com indignação. Tentei não lhe dar atenção, enquanto conversava com Sofia. Eu amava aquela menina, acompanhei de perto a gestação de Beatrice, mesmo que ela não conversasse comigo direito na época.
Ela havia sido deixada no altar pelo pai daquela garotinha e o infeliz sumiu no mundo e nunca mais apareceu. Por isso, me achei na obrigação de cuidar de Sofia como se eu fosse a figura paterna que ela precisava.
No fundo eu realmente queria que ela fosse minha, pois toda vez que escutava a voz infantil daquela garotinha, eu sentia como se meu coração aquecesse de uma forma inexplicável.
— Vou ficar te esperando, tio Marco.
— Eu prometo que estarei aí com um grande presente.
— Obá! Eu amo presentes.
— Eu sei, minha princesinha.
Depois de continuar conversando com Sofia por mais alguns minutos, ela desligou e eu devolvi o celular para Beatrice, evitando o máximo de encostar na sua mão. Senão aquilo seria a minha ruína.
— Que história é essa de me levar em casa?
— Isso mesmo que você ouviu.
— Não preciso de motorista.
— Mas eu preciso ver Sofia. — Depois disso, ela se calou.
Saí do carro e Beatrice nem esperou que eu abrisse sua porta. Nós dois podíamos não nos suportar, mas eu nunca deixaria de ser um cavalheiro com qualquer mulher, mesmo que Beatrice fosse asquerosa.
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CEO APAIXONADO - DEGUSTAÇÃO
RomancePARA MAIORES DE 18 ANOS Amei muito uma mulher no meu passado, mas que consegui esquecer quando nos afastamos ainda jovens... Mentira! Eu nunca consegui esquecer Beatrice Valente, irmã do meu melhor amigo e a mulher que permitiu que eu fosse o prime...