ꕥ Tormenta

174 34 0
                                    



William passou horas no apartamento de Malú e saiu de lá atordoado.

— Não vai acabar assim. Eu é que digo quando acaba.

Entrou em seu carro socando o ar. Esmurrando o volante e xingando descontroladamente, aos berros, chegava a babar de ódio.

— Onde você está? Deve estar com ele, só pode estar com aquele traidor. Eu o conheço, ele não te deixaria sozinha, aquele bunda mole metido a salvador.

Ele começou a dirigir sabendo aonde iria.

Procurou em um aplicativo o endereço de onde pretendia ir e não muito tempo depois estava parado próximo ao prédio que exibia o letreiro Benassi & Associados na fachada.

Tinha certeza de que àquela hora Leonardo já estava em seu escritório fingindo ser o melhor advogado do mundo, mas William decidiu que esperaria o quanto fosse necessário. Uma hora ele teria que sair e voltar para casa, e isto era exatamente o que queria.

Pouco depois do horário de almoço, um Trailblazer parou no estacionamento em frente ao edifício e Leonardo desceu. William quase perdeu aquele instante ao dar uma cochilada minutos antes. Deduziu que se Léo chegara apenas àquela hora provavelmente estava com Malú.

Não demorou pra que Leonardo saísse novamente do prédio. Exatamente o que William precisava. Torceu pra que ele fosse direto para casa então descobriria onde morava e daria um jeito de pegar de volta o que era seu.

Leonardo dirigiu até parar em frente ao Bistrot de Paris. William conhecia aquele lugar, havia ido algumas vezes com amigos e até com Malú.

Viu quando Léo entregou o carro para ser estacionado e ficou parado na entrada por um tempo até que uma mulher muito atraente chegou em um taxi e cumprimentou Leonardo de um jeito exagerado, como se fossem íntimos. William tirou uma foto dos dois com seu celular antes que desaparecessem restaurante adentro e desceu do carro, mas não entrou no lugar.

Apertou o maxilar e cerrou o punho quando uma ideia lhe ocorreu.

Olhou em volta. Não havia muito movimento por ali. Apenas um rapaz bem apessoado andava distraído na calçada. William o parou e cochichou uma quantia em dinheiro em seu ouvido se fizesse o que lhe pedia.

O jovem hesitou. Olhou para William dos pés à cabeça, analisou seu carro. Realmente tinha a aparência de quem possuía aquela quantia toda e disse sim.

Minutos depois o rapaz entrou no bar, procurou até reconhecer o homem a quem William havia descrito, estava sentado ao lado de uma mulher bonita, passou por eles como se procurasse uma mesa, memorizou o número da mesa de Leonardo, saiu do ambiente e dirigiu-se ao manobrista do lado de fora, disse algo que fez com que o manobrista se afastasse, vasculhou a prateleira de chaves, encontrou a que procurava e entrou no estacionamento. Escondido atrás de seu carro, William olhava para a saída de veículos ansioso. Minutos depois o carro de Leonardo surgiu, o rapaz estacionou do outro lado da rua do bistrô, desceu e entregou as chaves para William.

William abriu a carteira e o pagou, levou o dedo indicador aos lábios, com um sorriso satisfeito o rapaz assentiu com a cabeça e então desapareceu.

Antes que alguém notasse a movimentação estranha, William entrou no carro, verificou se havia pertences pessoais, mais especificamente algo que pertencesse a Malú, não havia nada a não ser alguns brinquedos e um casaco masculino. Ele se afastou, abriu a porta do passageiro, jogou uma boa quantidade do líquido que havia dentro de um galão antes guardado em seu porta malas no interior do carro de Leonardo. Deu uma última olhada em volta e na direção do bistrô, ninguém havia notado ainda. Acendeu um isqueiro e jogou no interior.

QUERIDO MEDOOnde histórias criam vida. Descubra agora