Era Novembro de 1986, eu, minha mãe e meu pai estávamos indo para a casa dos meus avós no Interior de São Paulo. Uma cidade bem legal, bonita e cheia de coisas do passado. Apenas um sentimento de vazio como sempre me perseguir, mas eu pressentia que algo de diferente ia acontecer. Eu olhei para meu pai que estava dirigindo e comecei a puxar conversa.
-O senhor não está cansado? Se quiser eu posso ir levando...- Meu pai apenas me olhou e deu um sorriso de canto e pediu para eu me sentar direito. Sentei, coloquei o sinto e me aquietei.
Me lembro que chegamos por volta das dezoito horas da tarde, eu já não aguentava mais ficar dentro daquele carro com meus pais que só sabiam brigar a viagem inteira. Eu parecia o único com a sanidade mental em dia, pensei que ia ter de me jogar para fora daquele carro. Quando finalmente estacionamos minha avó que foi nos receber, meu avô ficou lá dentro de cara emburrada por motivos desconhecidos, até eu queria saber o motivo daquele velho ficar o dia inteiro de cara fechada. Talvez esse seria um mal de família que ia passando de geração em geração.
Minha avó me olhou da cabeça aos pés e sorriu dizendo que eu estava muito alto, eu mau tinha um e setenta e cinco de altura, meu pai comparado comigo era uma parede chata e sem graça que raramente sorria. Já minha mãe sorria o tempo inteiro, eu a admirava muito por ter tanta paciência comigo e com meu pai.
-Oi vó, como vai a senhora?- Falei um tanto baixo pois já estava cansado daquela viagem.
-Oi meu amor, estou ótima. Melhor agora que vocês chegaram bem- disse ela com um sorriso de orelha-a-orelha.
-Mãe já falei que sou um ótimo motorista! Não precisa se preocupar conosco tanto assim...- Exclamou meu pai à minha avó que só estava preocupada conosco.
-Você ainda continua o mesmo ingrato de sempre não é Rômulo?!- minha avo falou dando um sorriso de canto. -Vamos entrar logo para vocês conhecerem seus novos quartos...- disse ela com um tom de sarcasmo.
Fomos logo entrando naquela casa enorme, parecia uma mansão de tão grande que era aquela casa. Minha barriga roncava muito para um menino de dezessete anos que tinha comido um salgado não fazia uma hora. Logo depois de subir aquelas escadas que não parecia ter fim descobri depois de um tempinho investigando que a casa enorme da minha avó era uma pensão, isso explicava o tanto de quartos que haviam naquele lugar que mais parecia um hotel sem fim de três andares. Pelo menos eu sabia que ia ficar em um quarto separado daqueles chatos, na minha cabeça já milhões de ideias de decoração para ele, apesar de eu não ter muitas condições financeiras para isso.
-Aqui é seu quarto Rômulo, o único quarto de casal disponível era esse, entre e desfaça suas malas- Minha avó sorriu para meu pai com uma cara de deboche. -Allec, seu quarto fica lá em cima no terceiro andar!- ela apenas sorriu e piscou sem que meus pais vissem e seguiu andando.
-Já falei que te amo vó?!- Falei sorrindo e dando um beijo nas bochechas dela e a seguindo.
Depois de subir novamente as eternas escadas da tortura eterna, finalmente chegamos ao terceiro andar, pelo que eu via tinham pessoas de mais ou menos da minha idade naquele andar, possivelmente pelo fato de que minha avó era a única pessoa mais velha que conseguia andar tanto. Pelo menos eu manteria distância das discussões sem motivo dos meus pais e possivelmente arrumaria um amigo naquele local caótico.
-Chagamos, quarto trinta, essa é sua chave. Divirta-se meu amor!- Ela me entregou a chave e saiu andando para ir para o primeiro andar onde ficava sua mega suíte de dona.
-Está bem vó, até amanhã no café da manhã!- Eu via que ela me deu apenas um sinal com a mão.
Percebi que daqui pra frente é só ignorar o resto mundo e viver aqui nesse quarto e esperar apenas pra comer e dormir e ir no banheiro. Mas antes de entrar no meu quarto o meu vizinho da frente abre a porta, era um homem que aparentava ter vinte e três anos, cabelos escuros, uma roupa bem folgada e de olhos verdes como o oceano do caribe. Percebi que ele olhou para mim e que estava vindo em minha direção, meu corpo apenas ficou sem se mexer e nervosismo tomou de conta de mim, pela primeira vez isso havia lhe acontecido, talvez seja porque ele seria um homem muito bonito e estaria intimidado pela formosura dele.
-Oi, você que é meu novo vizinho?- ele olhou para mim sorrindo e isso me isso me deixou mais nervoso ainda.
-Oo... Oi, me... me chamo Allec! Sou seu novo vizinho...-Eu olhava para o chão com a esperança de não ter de encará-lo, mas tomei coragem e resolvi olhar para ele.
-Certo, me chamo Yuri, muito prazer! Fico feliz por ter um vizinho...-Ele disse estendendo a mão para mim para eu aperta-la.
-Muito prazer também! Fico feliz por sermos vizinhos...-Estendi a mão e apertei a dele e foi ai que eu olhei no fundo dos seus olhos rapidamente. Senti como se estivesse caindo dentro de um rio e me afogando.
-Falou!-Disse ele dando com a mão para mim.
A única coisa que eu conseguia pensar era em como aquele garoto mexeu com minha cabeça. Depois fui entrando naquele quarto e via que estava bem arrumado bem como eu gostava, não se trava menos que minha avó para arrumar o quarto daquela forma, talvez eu tenha um pequeno toc... mas nada muito grave que possa se preocupar. Me deitei na cama e ainda não havia esquecido aqueles olhos de oceano. Talvez você me chame de bobo, mas eu não tenho culpa de isso ter acontecido...
-Minhas roupas! deixei minhas malas lá fora do quarto...
Nesse momento escutei alguém bater em minha porta, quem poderia ser essa hora, no terceiro andar desse lugar. Me levantei, fui até a porta e a abri. Minha cara quase ficou no chão quando percebi quem estava batendo em minha porta... aquele garoto, ele estava com minhas duas malas nas mãos.
-Você esqueceu isso aqui fora...- falava ele dando um sorriso de canto para mim.
-Ah... foi mesmo?- falei pegando as malas da mão dele dele bem rápido.- valeu, falou!- falei fechando a porta rápido.
Percebi que fui um idiota em bater a porta na cara dele, apenas me encostei na parede e fiquei de cabeça baixa pensando em como fui idiota de ter tratado garoto daquele jeito. Na minha cabeça era melhor não olhar nos olhos dele novamente, parece até uma serpente hipnotizante, me prendendo e me deixando sem ar. Apenas joguei minhas coisas em um canto do quarto e fui me deitar para tentar esquecer aquela cena patética que acabei de presenciar e fazer parte.
-Talvez ele me odeie depois disso...- falava comigo mesmo achando que alguma voz na minha cabeça fosse responder.
Fechava meus olhos e começava a rir enquanto pegava no sono lentamente até apagar por completo, apenas com a culpa de ter feito o que fiz...
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Beijos, até semana que vem..
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As Estrelas Possuem Seu Nome
Romance"Será se vale a pena vestir aquela velha roupa que se chama amor? A distância entre dois corpos tão diferente mas tão parecidos é tão difícil de aguentar. as vezes venho me perguntando como ainda consigo andar depois do tanto que apanhei... Não quer...