Lucy não ficou nem um pouco feliz quando eu falei que a gente iria contar histórias de terror. Ela reclamou bastante até se convencer de que não teria opção a não ser participar, então ela se juntou à nós novamente na sala com cara de poucos amigos.
A gente não pegou - muito - pesado com ela, mas mesmo assim ela se recusou a dormir sozinha no quarto, então insistiu que todo mundo ficasse na sala logo de uma vez a madrugada toda. E acabou que a gente ficou tão entretido na conversa que sequer percebemos a hora passar. Quando me dei conta, mamãe já estava chegando em casa do trabalho.
Me levantei para preparar um café para ela enquanto Lucy e Seth se entreolhavam, sem saber exatamente o que fazer.
- Relaxa – falei baixinho, enquanto ouvia a porta sendo destrancada e ela entrava.
- Bom dia, Sam – ela disse ao me ver. – Ainda não dormiu?
- Bom dia, mãe. Não. A gente estava na sala conversando. Acabou que a gente nem percebeu a hora – respondi. - Quer café ou prefere chá?
- Chá, por favor – falou enquanto se sentava à mesa. – Venham tomar café também – falou um pouco mais alto, para que Seth e Lucy a ouvissem.
Lucy veio e se sentou ao seu lado, a abraçando levemente e desejando bom dia, já Seth parecia bastante desconfortável, ainda sem saber o que fazer.
-Bom dia, Dona Elbe – falou, sem jeito, se sentando à mesa. Depois de servir o café de todos e o chá da minha mãe, sentei na única cadeira livre, que era ao lado de Seth, que pareceu um pouco mais aliviado.
- Como foi o trabalho hoje? – perguntei.
- A mesma coisa de sempre – suspirou pesadamente, se recostando à cadeira, cansada. – Desculpa, Sam – se levantou. – Vou deixar vocês aí e vou me retirar – lavou a xícara na pia e foi embora para seu quarto para poder tomar banho e dormir.
- Viu? – falei. – Eu disse que ela não se importa – sorri e ele soltou uma risadinha aliviada.
- Eu vou subir – Lucy anunciou, se espreguiçando enquanto levantava. – Vou dormir um pouco.
- Eu acho que eu já vou então – Seth também se levantou, enquanto coçava o olho, tentando espantar o sono.
Lucy se despediu e foi para o meu quarto.
- Você está bem pra dirigir? – perguntei, enquanto a gente saía de casa. – Você parece que vai apagar a qualquer momento – comentei.
- O que tinha naquele café? Sonífero? – bocejou. – Eu estou com mais sono agora do que estava antes de tomar aquilo. Ainda bem que eu moro perto. Não corro tanto risco.
Ri.
- Vamos andando. Se você bater com o carro eu vou me sentir culpada. Ou eu dirijo – dei de ombros.
- E depois você volta andando pra casa? Sozinha?
- Sim, ué. Não é como se fosse uma caminhada de duas horas. Vou gastar no máximo dez minutos, Seth.
Ele parecia debater se aceitava ou se insistia e ia de carro mesmo. Suspirei e voltei pra dentro de casa, pegando a chave do carro da minha mãe.
- Entra – falei, destrancando o carro. – Segunda-feira eu te busco com o seu carro e a gente troca. A não ser que você tenha planos de sair e precise dele... – arqueei uma sobrancelha, parada ao lado da porta do motorista.
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Transições
RomanceSam é uma garota com um passado complicado e marcado por traumas familiares e pessoais, que foi obrigada a virar as costas para toda uma vida e começar tudo de novo ao precisar se mudar para um lugar completamente novo. Movida pela paixão por esport...