Capítulo 22

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"Tu me amavas... que direito tinhas então de me deixar?"

O Morro dos Ventos Uivantes -
Emily Brontë.

O Morro dos Ventos Uivantes - Emily Brontë

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A mudança não foi total. Não vendi minha casa, já que Kabir e eu a compramos juntos, e não achei justo que a decisão de vender viesse apenas de mim. Era uma casa grande, arejada, situada em uma rua movimentada onde tínhamos tudo apenas a alguns minutos de distância. Era a casa onde Niyati cresceu, todas as nossas memórias estavam enraizadas naqueles corredores e cômodos. Mas, mesmo assim, mudar de cidade foi a melhor decisão que tomei.

A vila onde Abigail e Conrad moravam era calma e tranquila, com muitas famílias de classe média, mas também tinham as casas maiores e ornamentadas com gesso e mármore, onde moravam os grandes empresários e comerciantes daquele local.

Achei melhor alugar uma casa temporária, pois queria manter a minha liberdade e a de Niyati. Morar com os pais de Bennet estava totalmente fora de questão, mesmo eles estando em uma casa cheia de quartos vazios e tendo nos convidado para isso.

Em uma semana já tínhamos tudo resolvido. Eu estava morando em uma cidade onde ninguém me conhecia, nem sabia do meu passado marcado de desonra, e isso me trouxe uma sensação de paz.

Niyati já fez novas amizades com as crianças da vizinhança, e todos pensavam que eu e Bennet éramos casados, pois ele aceitou o meu convite e ficou morando conosco. Dormíamos em quartos separados, é claro, mas durante o dia nosso convívio era realmente de um casal apaixonado.

Olho pela janela e vejo os dois brincando no quintal. Niyati grita, eufórica, de tanta felicidade ao ser empurrada no pneu preso por cordas em uma árvore.

ㅡ Mais alto, Ben! Mais alto!

ㅡ Voa, minha pequena! ㅡ a gargalhada de Bennet não fica para trás.

Me pego sorrindo abertamente e sinto um aperto no peito. Decidimos que hoje será o dia em que contaremos a ela quem Bennet é. Adiei o quanto pude, mas ele e sua família tem o direito de conviver com minha filha sem ficar pisando em ovos, sempre com medo de falar demais.

Mexo um pouco mais o caldo de vegetais na panela e acrescento o curry para finalizar. Que cheiro divino!

ㅡ O almoço está pronto! ㅡ grito da janela da cozinha e o olhar de Bennet encontra o meu.

ㅡ Já vamos! ㅡ ele grita de volta.

A força do balanço de pneu diminui vagarosamente, até que Niyati consegue descer sozinha, com as pernas ainda bambas, e corre em direção a nossa casa com um sorriso enorme em seu pequeno rosto.

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