Capítulo LXXVI ● Youngjae

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— Eu juro solenemente... — Começo a falar quando chega minha vez de prometer minha amizade eterna, assim como todos fizeram antes de mim, de forma amigável e pacífica e com Ketchup no lugar de sangue, mas sou interrompido no meio da frase por uma certa rapariga tailandesa.

— NÃO FAZER NADA DE BOM! — Olho para Bambam com minha melhor cara de ódio, pra mostrar como eu estou me divertindo com a interrupção dele, então estico minha mão, aquela que não está suja de sangue de Ketchup e dou um soco no braço dele, que estava sentado do meu lado sendo insuportável.

— Malfeito feito, porra. — Sorrio ironicamente e então me arrumo no lugar de novo e retorno com meu semblante pacífico. — Como eu dizia, eu ju...

— Puta merda irmão,  quase quebra meu braço agora, namoral mesmo.

— Juro que se você não calar a boca, vou quebrar não só seu braço, mas sua cara também. — Ameaço, porque não sou uma pessoa paciente e nós já estamos nessa merda a tanto tempo e eu tive que ouvir as asneiras que esses meninos disseram na hora do juramento deles, que são tão idiotas que nem preciso repetir, e eu estou tão cansado que realmente sinto que estou aqui apenas com a força do meu ódio.

— Tudo bem, não vou mais interromper. — Bambam resmunga e eu bufo, para mostrar que ele não está fazendo mais que a obrigação dele. — Mas é só porque a vela que a gente colocou no meio do círculo está quase acabando e não porque fiquei com medo de apanhar.

— Tanto faz, só cala a boca pelo amor de Deus. — Suspiro e Bambam solta uma risadinha, ficando calado finalmente. Respiro fundo e penso em todas as palavras do discurso que inventei em minha mente enquanto esperava, então falo. — Eu juro solenemente, em nome de Britney Spears, a rainha de todos os gays, que sempre vou agraciar a vida dessas seis pessoas com toda minha beleza e charme e que sempre vou fazer o esforço de permitir que eles apreciem e desfrutem da minha presença ilustre e minha amizade verdadeira e completamente sem interesses materiais, afinal são todos desprovidos de riquezas, assim como de inteligência, e tudo bem, porque o que falta na conta bancária de cada um deles, eles tem de sobra na idiotice, o que sempre acaba me fazendo rir muito.

— De alguma forma eu me sinto meio insultado ouvindo esse discurso. — Jinyoung comenta.

— Ele acabou de dizer que somos pobres e burros. — Mark fala também e eu apenas dou de ombros como se isso não fosse algo ruim, e na minha cabeça não é mesmo.

— E também idiotas. — Jaebeom acrescenta e eu balanço a cabeça afirmativamente.

— Foi o pior discurso até agora. — Yugyeom resmunga, mas eu apenas reviro os olhos, ultrajado com essa afirmação.

— No seu discurso você prometeu que seria nosso amigo só porque no nosso grupo precisava ter pelo menos uma pessoa que ensinasse para os outros como é ser um cidadão brasileiro. — Ergo uma sobrancelha, mas Yugyeom apenas solta uma risadinha idiota, esse idiota.

— E eu não menti.

— Yugyeom, você é coreano. —  Respiro fundo, tentando trazer para dentro não apenas ar, mas também paciência, mas não funciona muito bem e eu continuo muito frustrado.

— Mas minha alma é brasileira.

— Isso nem... Ah, quer saber? Tanto faz, eu não terminei meu discurso ainda, então calem a boca. — Peço, o que também pode ser descrito como orderno, e todos fazem silêncio.

— Lá vai ele falar mal da gente mais ainda. — Ou quase todos, porque Jackson aparentemente não é todo mundo, porém prefiro ignorar ele e retomar o fio da meada.

— Eu também prometo estar aqui para eles sempre que eles precisarem, mesmo que as vezes eles não mereçam, porque são uns ingratos. Prometo oferecer minha ajuda da melhor forma que eu puder, sempre estar aqui apoiando cada um deles, até mesmo nas vezes em que a coisa em que eles precisam de apoio seja questionável. E eu juro que se um dia qualquer um deles me ligar no meio da madrugada porque precisa de alguém para ir na delegacia ajuda-lo a ser solto depois de ser pego fazendo qualquer merda, eu vou acordar o mais cedo que eu conseguir no dia seguinte e vou lá ajudar, porque pedir pra ir na mesma hora é querer demais e se ele foi preso é porque por algum motivo ele mereceu, então passar uma noite lá não vai matar ninguém. Por fim, em nome da Deusa, do Papa e daquele mendigo que fica na rua aqui de perto da escola que diz ser a reencarnação de buda, eu prometo ser leal, fiel e sempre estar aqui por eles e com eles, para sempre ou até que o para sempre acabe.

— Bicha, chega eu fiquei toda arrepiada. — Bambam fala alguns segundos depois de eu ter terminado meu juramento, o que me faz sorrir.

— E é assim que se faz um discurso de amizade sincero e verdadeiro, completamente diferente daqueles dos filmes, que são todos fofos e cheios de mimimi. — Jackson comenta e eu sorrio mais ainda, me sentindo adorável.

— É assim que pactos de amizade devem ser, nós achamos a verdadeira essência da coisa. — Digo, todo convencido, porque nós realmente não poderiamos ter feito algo melhor.

Foi tudo no improviso, com uma vela suja e gasta no meio de um círculo torto, Ketchup no lugar de sangue e um grupo de amigos idiotas fazendo discursos idiotas, mas com toda a sinceridade do mundo e o completo desejo de estar dispostos a dar as mãos uns aos outros e prometer fazer de tudo para continuar assim por muito tempo. De fato, não hoveram frases fofas, músicas melancólicas ao fundo ou um clima absurdamente fantasioso como nos filmes, mas tinha o principal, que é o amor, então mesmo se nós quiséssemos que tivesse sido como nos filmes, no fim nada seria melhor do que isso, porque o que importa não é o pacto, o que importa somos nós sete e a promessa de que vai ser sempre os sete.

— Estamos ligados agora, para sempre.

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⏰ Última atualização: Jul 01, 2021 ⏰

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