Sobre você e eu | Verkwan

Nós

— Porque nós éramos apenas crianças quando nos apaixonamos
Não sabíamos o que era
  🌙

Eu odiava Hansol Vernon com todas as minhas forças, parecia que ele tinha nascido com o propósito de me irritar. 

Nós nos conhecemos desde que éramos crianças, quando ele se mudou pra casa do lado da minha. Tinha mais ou menos oito anos quando o vi pela primeira vez, de vista ele parecia legal, até jogar um saco de farinha na minha cabeça na frente de todas as crianças da rua em uma coisa que ele chamou de brincadeira. Foi aí que passamos a nos odiar e a nos provocar diariamente, hoje nós temos dezenove anos e isso ainda não parou.

Por conta de uma das nossas brigas e pegadinhas que acabou com o diretor com cola no cabelo estamos de detenção, obrigados a ficar na escola até mais tarde e limpa-la de canto a canto. E como sempre, ele estava me tirando a paciência.

— Está vendo, por culpa sua nós estamos aqui Seungkwan.

— Minha? a culpa é sua por ser um grande babaca e não cansar de me provocar. Só devolvi na mesma moeda. 

— Idiota.

— Babaca.  

Ignorei o olhar de Vernon e o dei as costas quando senti algo extremamente gelando cair sobre minha cabeça, o desgraçado tinha jogado um balde de água gelada em mim. Virei e o encarei com fogo nos olhos, cínico, era isso que ele era, com aquele sorriso debochado e o olhar de superioridade. Assim que eu peguei o balde que estava no chão e o olhei ele correu pelo pátio, o chão estava liso e ele escorregou parando no lugar e me dando vantagem para chegar perto o suficiente para jogar a água, isso se eu não tivesse deslizado, e se não fosse pelo ato ágil de Vernon eu teria tomado um tombo feio. Seus braços estavam ao redor de minha cintura e nós nos olhávamos com intensidade, os barulhos em nossa volta tinham parado e eu só conseguia ouvir meu coração descompassado e o som das nossas respirações juntas. Vernon se aproximou tanto que eu podia sentir o ar quente sair de sua boca em meu rosto, e ele me olhou uma única vez antes de unir nossos lábios em um selar simples e casto, e antes que ele pudesse aprofundar aquele ato me desvinculei de seus braços e sai correndo. 

O que estava acontecendo? de repente o cara que eu odiei desde que era uma criança me beijou. Estava confuso e sai do colegio desorientado, tão imerso em pensamentos que não percebi a chuva caindo sob minhas costas, a roupa grudando em minha pele e os pingos de chuva escorregando por meus cabelos até atingir meu rosto, também não percebi passos rápidos atrás de mim até ser virado bruscamente por Vernon. Ele estava debaixo de um guarda-chuva que agora também me cobria, me protegendo da chuva mesmo eu já estando todo molhado.  

— Por que me beijou? — Disse alto, esperando por uma resposta que eu sabia que iria me abalar mais ainda.

— Pare de fingir que não enxerga o que acontece entre nós a anos. Pare de negar, pare de fugir, enxergue isso, olhe pra mim.

— Como? Você me provoca desde que éramos apenas crianças.

— Eu só queria chamar sua atenção. Quando cheguei na cidade e te vi eu gostei de você, queria ser seu amigo, mas você não me dava a mínima. Então arrumei um jeito de chamar sua atenção, de fazer você me olhar. — Vernon falava ofegante, me olhando de forma desesperada, algo como uma súplica. — Eu gosto de você a anos, Seungkwan. Sempre te admirando, te amando de longe, quando tudo que eu queria era te tocar, sentir você, sentir a sua boca, poder estar com você sem que estejamos brigando.

Quando eu ouvia as pessoas falarem de borboletas no estômago nunca sabia o que queriam dizer com isso. O que eu não lembrava, é que eu já havia sentido. Dez anos atrás, quando eu vi Hansol Vernon pela primeira vez, os cabelos negros abaixo da orelha, os olhos em forma de lua minguante e o sorriso em formato de coração pelo qual eu me apaixonei assim que vi. E agora, dez anos depois estou sentindo as mesmas borboletas no estômago pela mesma pessoa. 

— Eu sempre fui apaixonado por você. —  Minha fala saiu em um sussurro quase inaudível, mas eu sei que ele escutou. Porque ele sorriu, um sorriso gigantesco que fizeram seus olhos diminuirem. Como uma cena de filme, os seus dedos deixaram de segurar o guarda chuva para segurar minha cintura. a chuva forte agora molhava nós dois, e de surpresa ele me beijou. Um selinho longo que depois seguiu para o encontrar de nossas línguas, que conectaram-se e começaram a dançar como em uma valsa. Naquele momento nada mais importava a não ser nós dois, debaixo da chuva nos nós beijamos pela primeira vez, com o céu desabando a nossa volta eu beijei Hansol Vernon. E beijar ele me deixou êxtase, o mundo ficou em silêncio e só era possível escutar os trovões no céu e eu só podia sentia a língua dele dançando com a minha. Nossos corpos estavam colados e as nossas bocas também e eu nunca havia sentido sensação melhor do que aquela, ele me levava ao mais profundo abismo e me trazia de volta.

naquele dia, com uma tempestade caindo, um guarda-chuva caído ao nosso lado e nós dois juntos eu descobri que eu sempre o amei, até quando odiei eu o amei, sem ao menos perceber eu o amei, mesmo não enxergando, eu o amei, e eu o amo.

Eu amo Hansol Vernon com todas as minhas forças, e eu tenho certeza que ele tinha nascido propositalmente pra mim.