Chapter One

31 4 4
                                    

"I don't know what to do with these feelings
Staying strong, all I do is pretending 'cause
I feel so helpless
I'm losing my senses
Smiling face wearing off, I'm so sorry
But I tried, yeah, I tried, oh I've had enough
Something inside me
Is killing me slowly"

Tired - NIve

Chittaphon olhava para o teto de seu quarto enquanto ouvia música em seus fones de ouvido em um volume muito maior que o recomendado. Como o de costume, escutava músicas das quais se identificava com as letras para poder refletir sobre elas e afunilar-se ainda mais em seu luto reprimido e sua tristeza constante.

Ele havia prometido a si mesmo que aquele dia seria diferente; que ele aceitaria o convite de seus amigos preocupados e sairia de sua bolha. Ao menos por um dia... Mas o mesmo já não havia começado muito favorável para sua felicidade. Enquanto arrumava seu quarto, decidido que não deixaria a tristeza lhe consumir a juventude, achou uma caixa de cartas. Cartas estas que trocara com sua noiva enquanto namoravam à distância.

Observando os papéis, agora tudo aquilo parecia falso. Todas as juras de amor; todos os "eu te amo." Aquilo era de se acabar com o dia de qualquer sujeito.

Lembrou-se da playlist com incontáveis músicas que dedicara à moça. Escutou cada uma com apreço. Analisou a letra de todas com calmaria e foco. E o que ganhou com isso? Nada. Agora, jamais poderia escutar tais melodias sem sentir o gosto amargo de traição em sua boca.

Acabou largando a caixa de lado e, bem, estava naquele estado: ouvindo música e pensando. Por mais inofensivo que pareça, aquele era um de seus piores estados. Sua própria mente era sua maior inimiga.

Nos primeiros dois meses ele tentou trabalhar no estúdio de dança. Insistiram para que ele tirasse um tempo de folga, que tirasse um tempo para si, mas para ele, em sua mentalidade da época, o melhor seria ocupar sua cabeça ao máximo; se distrair. Assim, não teria tempo para sentir tristeza alguma, e seguiria a vida. Mas não foi bem assim.

Você pode correr, mas não pode se esconder.

Em todas as madrugadas melancólicas do tailandês, a única distração que tinha eram suas garrafas cheias de álcool. "Por que não dormia, então?" Seus pesadelos não deixavam... A tristeza o pegaria. Acordado ou não.

Ao perceber que ocupar a mente não adiantava, pediu demissão. Finalmente tiraria o tempo que merecia, não? Errado. Procurou outro tipo de distração: alucinógenos. Ele não se orgulha dessa fase, de forma alguma, mas quando viu, estava em bares, boates e sabe-se lá aonde, enchendo a cara de bebidas desconhecidas e fumando coisas duvidosas.

Todas as noites (até mesmo manhãs), era acudido por um de seus amigos. No começo, tinha muitos, mas aos poucos estes se cansaram, restando apenas os dois chineses ao seu lado. Esses que ele acreditava que era questão de tempo até o abandonarem também.

Veja bem, estava sem pais, sem cônjuge e sem a maioria de seus amigos que lhe prometeram amizade eterna. O que ele deveria esperar dos outros? Mas, felizmente, foi um pensamento que mudou ao longo do tempo.

Parou de encher a cara em três meses, mas ainda tinha péssimas recaídas e acordava em alguns bares, ou no sofá de Kun, recebendo um olhar decepcionado. Odiava aquele olhar. Poderia até mesmo dizer que era pior que o olhar de pena. Mas nada era pior que este.

Sua terceira e atual fase se resume a ficar em sua cama, não responder mensagens e... nem ele sabia  certo o que estava fazendo, mas tinha uma certeza: aquilo não era viver.

Teve a sorte de receber uma boa herança para viver neste "conforto", mas era outra coisa que odiava. Odiava gastar o dinheiro de seus pais com tantas besteiras. Odiava não trabalhar para ter seu próprio sustento. Odiava depender deles até mesmo depois de mortos.

Colors𓄼 || Johnten FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora