A Minha História

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Vocês já pensaram em sair de casa para um certo lugar e nunca mais chegar? - Provavelmente não, então deixem-me contar-vos como foi o meu dia de visita à casa dos meus pais, que nunca consegui chegar. Prazer, meu nome é Alice Silva, jovem moçambicana e natural da cidade de lichinga, tenho 21 anos ou melhor tinha 21 até ao meu desaparecimento físico.
_Aceitam conhecer a minha história? - Então vamos!

Alice Silva
Bom, meu dia começou normal ou melhor, não notei nada de diferente, a não ser o motivo da viagem à minha terra natal, eu estudava na cidade de Nampula, uma cidade do norte de Moçambique. Minha viagem estava marcada para às 08h da manhã, eu viajaria de comboio, e seria uma longa viagem, com uma pequena parada, num dos distritos da cidade de lichinga, e só depois dessa paragem é que chegaria a cidade de Lichinga, província de Niassa, a minha terra natal. Finalmente, passaria as comemorações do natal e final de ano com meus pais e irmãos, depois de ter ficado dois anos fora da minha casa, fazendo faculdade.

Eu saí de casa vestindo uma calças jeans pretas, uma blusa branca, umas sapatilhas all star brancas e trago uma mochila de costas, com algumas roupas básicas e na cabeça tenho uns cabelos artificiais ondulados. E a viagem estava correr muito bem até então!

Tinha combinado de encontrar-me com o meu namorado em Lichinga, pois ele tinha sido o primeiro a viajar e de voo, nos falamos quase todo o caminho, só pararmos de nos falar quando eram pontualmente 21h30m, quando eu estava a entrar na cidade de Cuamba, que era um dos distritos da província de Niassa.
Depois da minha chegada à Cuamba, liguei para minha tia, para que me aguardasse pois eu iria dormir em sua casa.

_Boa noite tia, tudo bem? Acabo de descer do comboio, irei apanhar um moto-taxi ate sua casa, espero que me esperem acordados! - Terminei.

_Olá Alice, teus primos ainda estão a ver TV, eles estarão aqui a sua espera, pois eu estou meio cansada, vou a cama. - Frisou a minha tia!

_Está bem, obrigada tia. - Agradeci e desliguei o celular!

Desci do comboio, com algumas pessoas que até sugeriam que eu dormisse na mesma pensão que eles, mas eu lhe disse que tinha uma tia na cidade, e por isso não era necessário dormir na pensão!
Liguei para meu namorado, avisando que estava indo para casa da minha tia, liguei igualmente aos meus pais, para que eles também soubessem! A cidade estava agitada, de principio não sabia qual era o motivo, mas alguém acabou dizendo que era por causa do festival que estava para acontecer naquela mesma noite, muitos músicos, de quase toda parte do país e por isso a cidade estava muito movimentada.
Fui logo, à paragem dos taxistas, onde só encontrei um moto-taxista, e questionei se podia levar-me, e ele disse que sim, mas por causa de ser noite o valor seria mais elevado e aceitei, pois não via a hora de ir a casa da minha tia, tomar um banho quente e dormir direitinho.
Então fomos, e depois disso eu não entendi muito bem em que caminho estávamos a ir, só sei que do nada entramos numa zona sem iluminação, e tentei perguntar pra onde estávamos a ir e não recebi nenhuma resposta,pensei em me lançar, mas a mota estava andar rapidamente e tive medo de me machucar!

_Me deixa descer, pra onde estamos a ir? Esse caminho é errado, moço, moço, moço, por favor moço, me deixa descer. - Implorei, chorei, exclamei e não tive nenhum retorno, entreguei minha vida nas mãos de Deus.

Chegamos numa cabana, eu acho que era uma cabana, ele disse que pra eu sair daí viva, tinha que me envolver sexualmente com ele, tentei ser forte, mas não consegui eu só pedi que ele usasse camisinha, mas o idiota não o fez... Chorei, gritei, Implorei por clemência e não tive, será que Deus me tinha abandonado? - Não sei, mas cheguei a pensar isso.
Meu celular tocou, pude ver que era minha tia, as chamadas não paravam, meu pai, meus primos, minha mãe, meu namorado e nenhum retorno meu. - Chorei, chorei chorei e chorei.

_Cala boca vadia, você é uma puta gostosa. - continuou me insultando. Você é uma puta, você é demais gata.

_Me deixa ir, por favor, só me deixa ir, você já fez o queria. - Implorei, Implorei!

A dada altura, ele levou meu celular e desligou. Já estava a amanhecer, vi mais homens chegando, acho que eram 6... Chorei quando ouvi, ele dizendo: arranjei uma boa puta pra nós, é ainda bem pura, acho que não se deita com muitos homens!

_Por favor, me deixem ir, não conto nada! Por favor. - Pedi incansavelmente para que me deixassem ir, e não resultou!

_Cala boca vaca! - Disse um outro, cuja a voz desconheço.

Então, começaram a me apalpar, tiraram toda minha roupa, e fizeram tudo o que quiseram comigo, e chegou um momento que tive um apagão, não me lembro de mais nada!

_Será que morri? - Talvez, é que não sinto mais o meu corpo, não sinto mais o meu coração! Deus, eu morri? Me deixaste morrer? Deus, por quê? _
Não entendo muito bem as vontades de Deus, mas eu sei que ele ama seus filhos e pune também, os filhos maus. Eu sei que ele irá fazer algo por mim e por outras mulheres que já sofreram abuso sexual e resultou consequentemente na morte delas!

Dois dias depois

Girava por todas as redes sociais minhas fotos, minha família estava preocupada comigo, ninguém sabia de mim. Eu queria poder contar a todos eu estava morta e jogada em um rio, sem meus órgãos genitais e agredida sexualmente. Pois é gente, e acreditem em mim, eu não fui achada por cerca de 14 dias, querem imaginar o meu corpo todo deteriorado? É melhor não!
Tive minha foto espalhada por todo o país e o mundo.. Todas as pessoas que me conheciam, saíram pra Cuamba à minha procura, mas sem sucesso, triste nem? - Demais.

Minha família estava a sofrer tanto, meu namorado estava se culpando por não me ter esperado para juntos viajarmos, minha tia estava se culpando pelo facto de não ter ido me levar a paragem, enfim muita gente estava se culpando, outros que nem sequer falavam comigo, também fingiam preocupação, mas uma coisa é certa: eu já estava morta e num alto nível de decomposição!
Quem diria que eu não chegaria a minha cidade natal, e que seria morta da forma mais cruel e desumana.

Fui encontrada!

_Foi numa manhã do dia 14 de Janeiro, do ano seguinte fui achada por pescadores nativos daquele distrito de Cuamba, e foi logo chamada a polícia e algumas pessoas para reconhecer o corpo e a única que faria isso era minha amiga, que me viu saindo da cidade de Nampula naquele dia, e sim ela confirmou que era eu, por causa da blusa e cabelos, pois eu já não tinha calças e muito menos calcinha. Fui enterrada naquele mesmo local, pois o meu corpo estava muito deteriorado e não era possível transladar. Fiquei famosa, estando morta, do que quando era viva, é isso mesmo gente, quando você morre vira famoso.

O Meu último dia
História baseada em factos reais, mas com algumas cenas adaptativas!
Por um mundo, sem agressão à mulher, chega de mortes das mulheres por causa de sexo.

Mulheres, denunciem, não tenham medo, no primeiro olhar indecente, no primeiro assédio, denunciem!

Mulheres, denunciem, não tenham medo, no primeiro olhar indecente, no primeiro assédio, denunciem!

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Violência contra mulher é crime, denunciem.!

O Meu último dia (Revisão) Onde histórias criam vida. Descubra agora