Capítulo 23

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Natasha Bastos

Observo o jogo enquanto bebo minha bebida super rápido, queria pegar mais porque já estava quente mas não queria desperdiçar.

— Na, vou tentar dormir, tudo bem? -João comunica mais baixo, a voz dele estava atrasada e seus olhos quase se fechando-

— Nossa. -reajo as feições preocupantes que seu rosto trazia. Ele precisava de ajuda?- precisa de ajuda?

— Não. -nega com a cabeça sem parar- vou tentar ficar bom pra amanhã.

— Hum, ok. -sorrio com o beijo rápido que ele deposita em meus lábios e depois some no grande pátio da chácara-

— Vão ficar com essa porra ou vão jogar? -Gustavo me chama a atenção com a sua ignorância-

— Perdão. -olho pra todos menos pra ele- vamos começar.

Joaquim inicia o jogo com algumas perguntas perguntas bobas de jovens e eu confesso não prestar muita atenção, estava ligada na brisa das árvores e no céu estrelado.

— Natasha! -Valentina me cutuca com o braço e eu olho para eles-

— Sim? -sorrio devagar, já estava meio bêbada, o que não era tão bom-

— Verdade ou desafio? -Elisa pergunta com um sorriso perverso em seu rosto- já sabemos o que ela vai querer, mas mesmo assim vou perder meu tempo. -completa rindo, por que ela está agindo assim? Algo está errado-

— Verdade mesmo. -dou de ombros- não me importo com a opinião de vocês.

— É verdade que você já ficou com alguém dessa roda?

— Ãhn? -engasgo com a bebida já no meu estômago. Que diacho de pergunta foi essa?- por que essa pergunta?

— Relaxa, ela quer saber da vida de todo mundo hoje. -Joaquim responde- já perguntou isso mil vezes.

— Ah. -sorrio aliviada e respondo- não, nunca. -coloco uma mexa do meu cabelo atrás da orelha e abaixo a cabeça sem graça-

— Poxa, mas e eu? -Joaquim pergunta rindo e vem em minha direção com os braços abertos-

— Você eu não conto como ficada, ué. -começo a rir e dou lugar pra ele se sentar do meu lado-

— Hum. -ele responde-

Olho para Gustavo que está sério, sem expressões, e para a minha gostosa sensação, me encarando de volta.
Ninguém percebeu, porque primeiro, estão muito bêbados e segundo, ele está no meio da muvuca da brincadeira, com as pernas abertas e seu braço sobre elas, sua coluna um pouco arqueada, seus olhos nem descansavam dos meus, me vigiando sem parada.

— Lais, desafio você a beijar a Sarinha. -escuto no fundo enquanto encaro de volta o Gus, ele provavelmente deve ter desligado e eu achando algo-

Elisa se levanta e vai até ele, cortando nossas trocas de olhares, disperso rápido e volto a atenção ao jogo.

— Na, verdade ou desafio? -Valentina pergunta ajeitando a garrafa no chão-

— Desafio. -termino de beber minha cerveja e respiro fundo-

— Desafio você a correr envolta da casa cinco vezes. -ela sorri vitoriosa-

— Nem fudendo. -Joaquim corta a Valentina, ficando na minha frente- desafio você a encarar cara a cara a pessoa que cair a garrafa.

— Não, não precisa disso. -me levanto ajeitando meu cabelo- eu corro pela casa.

— Para de ser tão cagona. -Elisa comenta no ar e me lança um sorriso falso-

— Hum. -sorrio no mesmo estilo a ela e me abaixo pra girar a garrafa-

— Uii. -Ouço alguma voz no fundo comentando sobre a resposta da garrafa, eu esperava qualquer um, menos ele: Gustavo Pontes. Parecia que minha noite só iria piorar-

Me levanto ao observar que ele já estava na minha frente.
Observo seus olhos e seus lábios sem expressões ou sentimentos, como sempre, ele aparentava estar vazio, sem nada a oferecer ou entregar.
Sinto minha respiração acelerar ao sentir suas mãos na minha cintura me puxando pra ele. "Eu disse cara a cara" ouço Joaquim botando fogo na fogueira.
Gustavo se abaixa um pouco ficando a centímetros do meu rosto, não consigo controlar a direção dos meus olhos, nem a aceleração do meu coração em relação a essa situação.
Sinto seu indicador sem calor depositar minhas mechas de cabelo atrás das minhas orelhas.

— Ninguém vai mais jogar? -Elisa me puxa pelo braço e eu a encaro sem saber muito o que responder-

— Era o desafio deles, a gente só estava esperando. -Joaquim responde calmo e ajeita a garrafa no chão-

Fico sem graça e volto a me sentar no meu lugar, Valentina me recebe com um copo de vodka e licor de maçã verde com dois tapinhas na perna.

— O que caralhos aconteceu ali? -Valentina sussurra no meu ouvido- não sabia que você ficava com ele também.

— Não amiga, sai fora. -nego com a cabeça- foi só meu desafio mesmo.

   — Ah, claro. -Ela sorri sem aceitar muito minhas mentiras-

O jogo continua mas já estava com um pouco de sono, Gustavo se levanta com Elisa e somem até o caminho pra casa. Aproveito e subo pra dormir um pouco, aliás já estava amanhecendo.

✨✨✨

𝐎 𝐬𝐢𝐧𝐜𝐫𝐨𝐧𝐢𝐬𝐦𝐨 𝐝𝐨 𝐧𝐨𝐬𝐬𝐨 𝐨𝐥𝐡𝐚𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora