-Obrigada pela estadia, de verdade, Áurea.
A noite passou devagar para a pequena Cestiali. Era bem cedo, antes mesmo da ronda do trabalho começar, Klen por si só nem havia acordado ainda. Apesar de ainda estar na cabeça de sua alimentadora.
Cestiali havia guardado suas coisas em sua bolsa de onça, e estava pronta para partir.
-Desculpa, acho que meu barraco não ficou tão confortável pra ti, né?
-N-NÃO, EU ADOREI! – A menina novamente balança seus braços na tentativa de tentar melhorar a situação. – É... é que eu quero andar mesmo, pensar um pouco, já enchi tanto seu saco ontem, não quero te incomodar mais.
-Armaria, tu não me incomoda não. Tais lesa é?
-Eu... eu...
-Tendi já, quer refrescar a cabeça, só falar ora. – Áurea apenas se abaixa um pouco e da mais um beijinho na testa da menina. – Cê é a primeira pessoa que eu dou um cheiro, além dos meus pais, sabia?
-Não! Me sinto privilegiada! – Disse sorrindo.
-Hehe, enfim. – Logo após isso ela faz um cafuné na menina. – Vai com cuidado, tá? Se precisar de ajuda, tu sabes que é só vir falar comigo que eu tô aqui pra tudo!
-Ok! Eu prometo, Áurea! – A mesma da um abraço de despedida na moça, que apenas o retribui com o sorriso. Ao se soltarem, ficaram um tempo se olhando, até a menina suspirar e tomar rumo ao seu caminho. – Até mais!
-Num demore pra me dar uma visita, certo? – Acenava com ânimo, afinal, era a primeira visita que teve ao celeiro, pelo menos daquela forma.
Com o tempo a mocinha foi se afastando até sumir da visão de Áurea, que apenas deu de costas, se sentindo um pouco solitária e apreensiva de certa forma.
-"Desculpa Ces, de verdade, eu adoraria te ajudar, mas... nem eu consegui me ajudar, quanto mais fazer isso com os outros."
(...)
A menina adentrou a floresta densa, e foi caminhando. Não queria voltar para casa, e o silêncio, fazia sua mente trabalhar mais do que deveria.
-"Será que eu causei tudo isso? Se eu não tivesse ido até lá, se eu não tivesse seguido o Persin, se eu tivesse ficado na minha... eles... eles..."
Cestiali começou a lacrimejar de novo, e seu chifre ficava cada vez mais azul. Começou a andar de forma mais capengante, a ponto de quase tropeçar, até que em certo momento, ela tropeça, mas não por causa disso. E sim pois algo entrou em seu caminho.
-A-AAAAH! – Cestiali cai sentada, e ainda segura Klen, que nem com a queda acordou. – D-d-desculpa...
-Cestiali?
-... Dan?
(...)
-Então você fica aqui direto, né?
-Pois é...
Ambos subiram para o topo de uma árvore, e ficaram sentados vendo o despertar do dia com a melhor vista possível, de camarote inclusive.
-Eu gosto dessa árvore...
-Por que?
-Meu faz esquecer que eu não tenho uma casa, ou pais.
-"Meus Deus, até você?" – Pensou a menina. – Como assim, eles te abandonaram?
-Se fosse só isso. – Dan se espreguiça um pouco, e olha fixamente para o amanhecer. – Meu pai e minha mãe eram ladrões de lenha de um fazendeiro local. Na roça é fácil você resolver algo apenas com uma enxada na cabeça de quem te apurrinha.
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Neve Quente (Volume 1)
FantasyQual seu propósito de viver? Ter dinheiro? Ter amigos? Fazer o bem ao próximo? Talvez tudo isso, certo? Mas e se você nascesse com seus objetivos pré-determinados? Se tudo que você fosse fazer, já tivesse sido programado, e não só isso, suas obrigaç...