Mais uma guimba de cigarro era apagada em seu antebraço, a dor que a garota sentia era a mesma todos os dias. Todos os dias quando aquele homem asqueroso se irritava, quando ele perdia em uma mesa de jogos.
Sim, era sempre a mesma coisa. Um gole de whisky barato, um maço de cigarro mais barato ainda e a maioria deles eram apagados nos antebraços da garota de olhos azuis como o céu e cabelo cor de rosa.
- Como eu pude perder para aquele desgraçado?! - resmungava ele, trajando vestes meio sujas e com um ar irritado.
Seu bafo de whisky empestiava a sala e algumas gotículas de sua saliva voavam no rosto da garota que permanecia imóvel.
- Ele deve ter roubado, é isso! Ele roubou! Desgraçado, não tinha como ele ter uma mão tão boa quanto aquela. Não é?
A passos curtos, ele se aproxima da garota de estatura mediana a segurando pelo cabelo, rangindo seus dentes amarelados.
- Não concorda sua escrava idiota? Hein? Fala alguma coisa, porra!
O magrelo lança a garota pálida para trás a fazendo cair de bunda no chão. Se levantando devagar, ela apenas volta a postura inicial e isso só irrita mais o magrelo de cabelo grisalho.
- Você é uma merda oca, eu não sei onde estava com a cabeça quando aceitei você como pagamento. Não serve para nada! Nada!
Uma cadeira voa até um canto da sala pelo chute forte que levou. O homem se vira para a garota e pega o cigarro que estava aceso, ele sorria enquanto a olhava.
- Isso deve doer, mas você é uma vadia que deve gostar disso. Não é?
O cigarro se aproximava de seu antebraço, em milésimos de segundos seus olhos azuis analisaram toda a sala e pararam em um abridor de cartas que havia próximo ao cinzeiro velho em forma de baralho.
O sorriso amarelo se mantinha no rosto do homem, mas seu olhar demonstrava outra coisa, medo. Sim, ele levou sua mão livre até o pescoço onde saía um jato de sangue que ele não conseguia conter.
Cambaleando para trás, ele tenta se segurar em algo, mas cai em cima de sua mesinha de madeira quebrando-a na hora. Ainda agonizava, de olhos arregalados sentindo sua vida se esvair por entre seus dedos. Sem mais jogos, bebidas, torturas e ataques de ódio excessivo...
Seus olhos trêmulos presenciaram a aproximação da garota, os olhos frios e firmes o fitavam no fim de sua vida.
- Yuliya... Alekseeva...
As palavras que saíram pelos lábios da jovem de pele pálida, foram sussurradas como palavras da morte, ao ver daquele homem. Sua visão embaçava a cada segundo.
- É o meu nome...
E por fim, ele morreu. Morreu sabendo que aquela "boneca oca" que ele torturava todo santo dia, tinha um nome e acima de tudo... Tinha reações.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Doll
FanfictionA pessoa criada para ser a mais fria, consegue ter um pico de reação. Ou seria, sentimento?