Capítulo XXII

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Boa leitura!

Lord Park estava desapontado.

Havia imaginado e alimentado uma forte esperança de que passados os feriados de Natal, não veria Jeon Jungkook com tanta frequência.

Para seu desespero parecia encontar o crioulo toda vez que saía da mansão. Se ia ao mercado com Montro, Jeon aparecia misteriosamente, para provocá-lo, flertar com ele e
irritá-lo. Uma tarde com Seulgi, na corrida de cavalos, deixava de ser agradável porque o crioulo estava lá, no camarote ao lado do seu. Era evidente que ele não fora até lá para assistir as corridas. Ele não prestara a
menor atenção nos malditos cavalos. Passara o tempo todo a observá-lo com os binóculos, enquanto todos os demais presentes fixavam seus olhos na pista. Uma noite de apostas em uma casa de jogos foi arruinada quando a mão branca, de dedos longos, depositou uma ficha preta sobre as de Jimin, na mesa da roleta. Ele reconheceu a mão familiar e ergueu os
olhos.

- Suas apostas lhe dariam maiores lucros na minha casa de jogos, Jiminie.

Ao sentar-se na mesa no Antonies, Jimin perdeu o apetite ao ver o atraente crioulo devorando ostras, em uma das mesas próximas. E agora, até mesmo na ópera, o último lugar onde Jimin imaginaria encontrá-lo, Jeon estava presente. Maravilhoso em um traje noturno impecável, estava cercado pelas senhoras mais influentes de Nova Orleans. A eminente baronesa de Pontalba, a lendária diva da ópera, madame Julia Calve, a formidável Delphine Larie e outras, ouviam cada palavra que ele dizia com toda a atenção, rindo e fitando-o como se ele fosse um deus.

Sentado num camarote próximo ao deles, Jimin ouvia parte da conversa. Jungkook entretinha as damas encantadas com histórias sobre a viagem do último verão, no condenado S.S. Starlight. Jimin prendeu a respiração quando, em resposta a pergunta de uma das senhoras, ele falou com um sorriso e uma piscadela: - Ah, houve apenas uma ocorrência de mau comportamento.

Antes que Jeon podesse continuar, as luzes se apagaram e a música começou. E Jimin soltou o ar preso nos pulmões. Além dessa preocupação, havia também a indesejada atração física que ele não conseguia deixar de sentir. Seu bom senso parecia deixar de existir quando o assunto era Jeon. Não havia como negar que todas as vezes em que via o impertinente crioulo, sentia o coração disparar e as mãos tremeram.

Jimin sabia que estava se comportando como o jovenzinho tolo do passado, mas não era mais aquele jovenzinho, não podia ser. Estava plenamente consciente do perigo que o crioulo representava, e tratou de garantir que ele não tivesse nenhuma oportunidade de apanhá-lo sozinho e vulnerável. Estaria seguro se fosse cuidadoso o tempo todo.

No entanto, ser cuidadoso o tempo todo nunca fora um dos pontos fortes de Jimin. Na verdade, em uma manhã ensolarada de Janeiro, quando o tio pedira que passasse o dia em casa porque levaria Montro consigo em uma visita em uma de suas muitas fazendas, ele se limitara a sorrir docemente, sem dizer nada.

Jimin fizera alguns planos, semanas antes, e pretendia levá-los adiante. Combinara com o Senhor Simon, o mais disputado alfaiate de Nova Orleans, de ir até sua alfaiataria para provar os muitos ternos de sua nova coleção. Se cancelasse o compromisso, demoraria dias, ou talvez semanas, para que pudesse ser atendido pelo senhor. Assim, esperou mais de meia hora depois que o tio e Montro saíram. Quando teve certeza que os dois haviam deixado a cidade, foi procurar Avalina. Encontrou-a limpando a sala de jantar com uma expressão preocupada no rosto.

- Avalina deixe a limpeza para depois, temos meia hora para chegar a alfaiataria do Senhor Simon.

- Está se esquecendo que Montro foi para o campo com seu tio?

Segredos Perigosos [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora