Ingênua [COMPLETO]

Capítulo 37: Daniel

Há um auditório no hotel, na qual somos convocados para participar da coletiva de imprensa antes do treino. Apenas quatro jogadores e o técnico dão entrevistas, e eu estou entre eles, o resto se junta aos repórteres e convidados nas cadeiras do auditório.

Encontro Agnes entre eles, ela está sentada ao lado do Lúcio, e por incrível que parece, conversando com ele. O que esses dois tem para conversar? Estranho!

A maioria das perguntas realizadas pelos repórteres, são fáceis de responder, clichês do mundo esportivo. Lúcio geralmente me passa um roteiro de coisas positivas para falar, e que me deixem em destaque. Tudo dura cerca de quarenta minutos, então ganhamos duas horas de descanso antes de ir para o primeiro treino, que durará a tarde toda.

Antes mesmo que eu consiga dar uma desculpa qualquer, sou arrastado para o almoço em grupo. Deixando assim, a Agnes a sós com o Lúcio mais uma vez. Fico pensando o que esse velho está falando para ela, já que não a quer por perto, e nem mesmo se esforça para disfarçar isso. Não quero que ela se sinta mal, a trouxe na viagem para além de ficarmos à sós, ela se divertir um pouco.

Por falar em diversão, recebo a mensagem do piloto de helicóptero, informando que está tudo certo para amanhã. Nunca me esforcei para agradar alguém, sendo sincero, sempre foi muito fácil ficar com qualquer garota que eu estivesse afim, mas não com a Agnes.

Fico pensando nas palavras da Paola, sobre o meu interesse pela Agnes ser apenas porque ela é "difícil", diferentemente das outras. Acho que meu interesse por ela tem outros mil motivos, e nenhum deles tem a ver com isso. Remoendo este ponto, fico ansioso pelos futuros desdobramentos do que preparei para amanhã, após o jogo. Se as coisas se excederem... será a hora de contestar o que a Paola disse.

No treino, durante a tarde, trabalhamos duro, treinamos novas jogadas e saímos da zona de conforto, iremos enfrentar um time que está com uma alta pontuação no campeonato, não é hora de moleza. Quando tudo acaba, percebo que o Renato desce mancando para o vestiário do campo que nos foi cedido para o treino. Por mais que eu não vá com a cara dele, sei o quanto é horrível sofrer uma lesão, e que isso pode prejudicar o nosso rendimento como um grupo.

— Você tá bem, cara? – Pergunto à ele, enquanto descemos a rampa.

— Sim, só uma câimbra mesmo. – Responde ele, de cabeça baixa. — Amanhã já vou estar melhor.

— Bom, qualquer coisa avisa o Rafinha antes, ele te substitui antes da partida, para não agravar mais o problema. – Aconselho, pelo bem dele, e ainda porque, será ótimo não jogar com esse mala.

Tomo um banho rápido no vestiário, prefiro me demorar mais quando estiver no quarto reservado para mim, com o conforto do banheiro de lá. Quando todos estão prontos, voltamos no ônibus oficial para o hotel, e estou dispensado para fazer o que quiser até amanhã cedo, desde que eu não faça nada que prejudique minha saúde.