Poder

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A quinta-feira passou como um jato e não teve absolutamente nada relevante. Fugi de Nour o dia inteiro, Sabina quase não falou comigo e Any fez as mesmas piadas, como todos os dias. Tentei ao máximo não me lembrar do caso da número 16, mas foi impossível. Aquilo ficou importunando a minha cabeça o dia inteiro. Eu até perguntei para o guarda que me tirou da sala aquele dia se ele sabia de algo, mas ele se enrolou todo e acabou sem responder nada. E, quando vi, já era sexta-feira novamente. Comecei o dia já agradecendo, pois ia sair desse lugar hoje. A semana passou tão rápido que eu nem tinha o que dizer sobre isso. Daqui a pouco estaríamos em julho, mês do meu aniversário. Fiz tudo o que tinha de fazer na parte da manhã: tomei banho, coloquei a roupas, escovei os dentes, tomei café, fugi de Nour, peguei o café de Sabina e vim até ao corredor do medo. Abri a porta, vendo Sabina fazendo flexões no chão. Quis babar ao ver aquilo. A garota estava de calça moletom e top, cabelos presos em um coque e o corpo suado, indo para cima e para baixo em um ritmo rápido. Seus músculos do braço estavam á mostra, mesmo tendo um braço bem fino. Fechei a porta e ela parou, sentando-se no chão e olhando para mim.

- Bom dia.- Falei.- Resolveu ser fitness?- Perguntei, entregando o seu café. Ela deu de ombros, bebendo um pouco de água.

- Não. Tenho que fazer uma sequencia de exercícios diariamente.- Falou, comendo uma torrada.- Normalmente faço quando você não está aqui.

- Tem vergonha de mim?- perguntei e ela negou com a cabeça.

- Não me sinto confortável.- Dei de ombros.

- Só finja que não estou aqui. Eu nem olho para você.- Falei e ela olhou para mim como se soubesse que eu estava mentindo.

- Não, obrigada.- Mordeu a goiaba que tinha em mãos.- Prefiro quando estou sozinha mesmo.

- Ok. você que sabe.- Falei inocente.

Depois de um tempo, Sabina terminou o café da manhã, indo ao banheiro, jogando o pote no lixo e começando a tomar banho em seguida. Enquanto isso eu tinha meus fones de ouvido, que dessa vez eu lembrei de trazer- Tocando Artic Monkeys para mim. Sorri fechando os olhos e batucando os dedos no chão, de acordo com a melodia da música. Pela primeira vez naqueles dias eu tinha esquecido qualquer tipo de problema, mesmo que por um curto período de tempo. Senti um frio na barriga gostoso e abri os olhos, vendo Sabina me olhando, dessa vez com um sorrisinho no rosto. Tirei um dos fones, ainda olhando para a menina, e perguntei:

- O que?- Ela logo tirou o sorriso do rosto, dando de ombros.

- Nunca mais escutei alguém cantar. É interessante.- Falou e eu levantei as sobrancelhas.

- Sério?- Ela assentiu.

- Sim. Desde que entrei aqui, tudo o que ouço sãos os barulhos das paredes. E agora sua voz. Pelos menos cantando ela não é tão irritante quanto falando.- Cerrei os olhos e a garota sentou-se em minha frente.

- E porque você não canta?- Perguntei ignorando a sua alfinetada.

- Não me lembro de quase nenhuma música. A maioria das coisas que lembro são melodias. Letras mesmo são poucos. Alem de eu nunca praticar. Não tenho uma voz muito boa.- Falou tudo com pausas. Eu sorri.

- Você poderia tentar, não importa sua voz, o que importa é o sentimento.

- Isso é ridículo.- Falou e eu ri.

- Eu sei.- Ela se levantou, indo até sua cama e deitando-se na mesma.- Não vai mesmo tentar?

- Não.- Sabina ficou olhando para o teto por um tempo, até voltar a falar novamente.- Falou com a sua amiga?- Perguntou sem olhar para mim.

Monster - JoalinaOnde histórias criam vida. Descubra agora