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Se antes eu tinha a impressão de que todos olhavam para mim, agora eu tenho certeza absoluta. Eu gostaria de enfiar minha cabeça em um buraco e nunca mais tirá-la de lá.
Eu já tinha consciência do poder que Vinnie Hacker exerce nessa escola, eu sabia sobre todo o julgamento e inveja que decaem sobre as meninas a quem ele "escolhe", assim como sei que todos os seus passos são vigiados e que nossa conversa não passaria batida.
Mas confesso que eu não esperava todo esse alvoroço, essa afobação desnecessária, em cima de algo que nem aconteceu. Eu disse não e ele simplesmente foi embora, então por que a conversa que tivemos deveria ser pauta para os alunos?
Eu estou relaxada porque sei que eles logo vão encontrar outro furo de reportagem para se importarem e acabarão me jogando para escanteio.
Assim como também sei que Hacker não voltará a me procurar, duvido muito que ele pelo menos se lembre do meu nome, então não tenho nada com que me preocupar.
— Essa comida da cantina é uma porcaria. — Kian afastou a bandeja e fez uma expressão de nojo para o purê de batatas.
— Que bom que você acha isso, aí eu posso pegar o seu prato para mim! — Jack avançou sobre a comida, se deliciando a cada garfada. — Depois preciso parabenizar a dona Louise pelo excelente trabalho.
— Às vezes eu acho que você gosta mais dela do que gosta de mim. — Sienna falou dando uma mordida na suculenta maçã que trouxe de casa.
— Você sabe que não é bem assim meu amor, mesmo que você não saiba cozinhar eu ainda gosto um pouquinho mais de você do que dela.
— Um pouquinho? — ela perguntou pasma e o namorado logo desmentiu dizendo que era brincadeira.
— Tem algo de muito estranho, a s/n tá calada hoje. — Charli demonstrou preocupação e foi acompanhada por todos os outros, que começaram uma série de interrogatórios. — Anda, pode começar a falar.
— Eu só estou com medo de escutarem as coisas que eu falo e publicarem no jornal da escola. — fiz um sinal discreto em direção à mesa ao lado, onde uma menina parecia atenta ao que falávamos.
Não posso negar, eu tenho medo do julgamento infantil e dissimulado dessas cobras peçonhentas e asquerosas que as pessoas chamam de alunos.
Eles conseguem facilmente destruir uma pessoa, se assim quiserem.
— Tá tudo bem amiga, fica calma, não tem nenhuma escuta na mesa.
— E como vamos ter essa certeza? Já olharam em todos os cantinhos? — Jack abandonou a refeição por um minuto a fim de encontrar alguma escuta. — Tudo limpo pessoal, podem continuar.
Sorri para o meu amigo que fez um sinal de positivo para mim. Quando eu estiver triste só preciso chamar o Wright, ele é a pessoa ideal para me animar.
