cápitulo único

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Emma acordou assustada pelo barulho forte que o trovão havia feito, sentando-se na cama, ela levou uma das mãos até seu braço, se beslicando, em sua mente tinha morrido de ataque cardíaco pelo barulho da tempestade.

Já tinha medo de raios e trovões desde muito nova, um trauma devido seus pais, que morreram em um acidente de carro quando a garota ainda tinha nove anos, sua família estava viajando para a casa de campo no interior da cidade que moravam, ela ainda tinha lembranças daquele dia..na verdade, se lembrava de tudo, dos gritos desesperados da mãe, do pai nervoso por não estar enxergando a estrada devido a neblina e por fim..dos trovões. Já se faziam 10 anos do ocorrido, tinha sido adotada por um homem simpático chamado Yuugo, ele era incrível com Emma, ela o ama como um pai, mas como queria sua indepêndencia logo cedo, decidiu morar com seu melhor amigo em um pequeno apartamento no centro da cidade.

Ray, o melhor amigo, também era um tanto problemático, saiu de casa por conta das frequentes brigas com sua mãe, Isabella sempre fazia questão de destrui-lo mentalmente, o diminuindo e o comparando com os demais garotos da família, Ray cansado daquilo, juntou seus problemas com os da melhor amiga e decidiram dividir o aluguel de um apartamento, agora faz dois anos que moram juntos.

Emma permaneceu sentada ali, encarando a porta branca de madeira a sua frente, em uma espécie de transe, que logo foi despertado pelo clarão que invadiu o quarto, seguido do barulho que para a ruiva era um tanto assustador.

A garota deu um salto da cama, calçando suas maravilhosas pantufas de coelhinho e saindo em direção ao quarto de Ray. Ela se envergonhava de já ter vinte e um anos e ainda ter esse medo idiota de trovões, mas Ray não acha aquilo um medo bobo e idiota. Aquilo era um trauma, e ele sabe disso, e está 100% disposto a ajudar a amiga no que ela precisar.

Emma deu três batidas na porta, que não renderam resultado algum. Bateu novamente e nada, de novo e nada. Outro trovão ensurdeceu seus ouvidos e agora desesperada e arrepiada, a ruiva abriu a porta e adentrou o quarto, vendo um Ray deitado abraçado ao travesseiro.

Ela suspirou fundo e se aproximou da cama, cutucando o amigo, que abriu os olhos na mesma hora.

- Hm..Emma? - o garoto resmungou, se sentando na cama.

- Gomen..não queria ter te acordado..é só que..a tempestade está forte e os t-trovões também..será que posso dormir com você? eu prometo não roncar e nem me mexer muito, é só que.. - é interrompida.

- Oe, Emma, não tem problema, já deveria saber disso - o moreno diz percebendo o nervosismo da amiga - deite-se aqui - bateu a mão algumas vezes no espaço vago da cama de casal.

Emma sorriu fraco e ainda nervosa, tirou as pantufas e se deitou na cama, se cobrindo com o cobertor cinza da cama do amigo.

- Agora relaxa..vem - a puxou com sutileza para apoiar a cabeça em seu peito, acariciando os bélissimos cabelos curtos ruivos da garota - você não precisa ter medo agora, antena, eu estou aqui, ok?.

Emma fechou os olhos, aproveitando o carinho.

- Isso é bom.. - a ruiva sussurrou.

Ray abriu um sorriso fraco.

- Durma..antena.

A mais nova bufou, levantando a cabeça.

- Não consi- - o barulho forte do trovão ecoou, e a garota soltou um grito alto, se encolhendo no peito do amigo.

- Calma..eles estão longe, não é como se um raio fosse cair na sua cabeça..tudo bem que você tem um para raios no cabelo - brincou.

Ela o deu um tapa de leve no braço, que o fez rir.

- Emo idiota - resmungou.

- Já que você não consegue dormir..vamos conversar. Diga-me..como foi seu dia? - ele a olhou.

- Hm...Foi bom, o dia no petshop hoje foi tranquilo, foram apenas animais dóceis e muito calmos, e depois do trabalho fui a uma lanchonete com Ayshe.

Emma trabalha desde dos dezessete anos em um petshop bem no centro da cidade, foi sua melhor amiga Gilda que a arrumou aquele trabalho e ela tem um enorme carinho por lá e pelas amizades que fez lá, sendo elas as principais Norman e Ayshe.

- E o seu dia, como foi? - a ruiva prosseguiu.

O moreno abriu um sorriso levando uma mão até o rosto da garota, afastando alguns fios ruivos que caiam em seus olhos.

- Não tão interessante quanto o seu..é tudo bem monótono, mas foi...tranquilo - afastou a mão do rosto de Emma.

Ao contrário da melhor amiga, Ray nunca tinha pensado em trabalhar, ou fazer uma faculdade, mas fazia alguns bicos de fotografia, era fotógrafo, clandestino, mas era. Recebendo 700 reais por sessão, o que já ajudava a casa.

- Talvez devesse procurar uma faculdade, não vamos morar juntos para sempre..não acho que setecentos reais te ajudem para a vida toda, Ray - a ruiva murmurou.

O sorriso suave do rosto de Ray desapareceu.

- Como assim, não vamos morar juntos para sempre? Já está cansada de mim, antena?

Seu rosto corou, e ela desviou o olhar.

- Na verdade..achei que você iria enjoar de mim um dia..

Ray revirou os olhos.

- De novo essa porra desse assunto chato - a encarou, em seguida levou ambas as mãos até o rosto da amiga, a virando para o mesmo - Emma, olha para mim, eu nunca vou enjoar de você, você é insubstituivel, e não importa quantas garotas fúteis e idiotas eu encontre, nenhuma delas vai ter essa linda anteninha no cabelo e nem esse sorriso lindo que me motiva levantar da cama todos os dias - ela sorriu alegremente e enrubecida, o que fez Ray também sorrir - viu? Esse mesmo. Eu te amo, antena, e não vou te deixar, NUNCA. Ainda vai ter que me aguentar por muitoo tempo.

Emma abraçou o moreno, se aconchegando no peito do mesmo, e aquilo era bom, para ambos. Eles se sentiam confortáveis com a companhia um do outro, e era isso que importava.

- Eu também te amo, Emo - ela diz sorrindo, com a voz levemente abafada.

Naquele momento, Ray não sabia ao certo, se aqueles sentimentos que ele sentia pela amiga, eram apenas de irmandade.

E talvez Emma se sentisse da mesma forma.

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Notas da autora

Espero que tenham gostado <3 votos e comentários motivam a lindona aqui a continuar postando.

afraid - Rayemma AU ONESHOTOnde histórias criam vida. Descubra agora